Discurso de um Acorrentado
“Eles já foram muitos! Ainda são! Mas somos muito mais!
Desde que o as coisas se sucederam e se tornaram o que têm sido, Eles existem e fazem com que encadeada à existência Deles existam coisas que melhor seriam se não fossem... Eles são as causas!
E mesmo que os vejamos e saibamos que Eles sempre estiveram por aqui, disfarçados por diversos nomes, deixamos que continuem sendo quem são, não nos importamos com Eles porque achamos que são fortes, intocáveis, Eles detêm o que nos falta! Se tornaram fortes por isso! Nunca vimos que sempre fomos capazes! Estamos acorrentados, só não sabemos. Nos acostumamos às correntes!
E como são sutis essas correntes... Leves. Elas se encaixam em nossos pulsos como um perfeito adereço, combinam com a posição que nos foi repassada. Nós apenas assistimos. Só podemos olhar. E não vemos. Não nos foi permitido. Mas por quê? Eles podem nos solicitar, os Grandes, precisam de nossa força. Dão um leve puxão na corrente e prontamente devemos lembrar de que somos menores. A corrente nos foi deixada por tantos que sequer podemos imaginar! Outros, como nós, em suas épocas fizeram o mesmo que todos os dias temos visto, incessantemente perecendo e renascendo, esperando que as correntes fossem quebradas por quem os salvasse. Passado? O que são hoje? É o que seremos! E Eles não se importam com isso. Na verdade, não podemos acreditar que Eles saibam o que é verdadeiro por trás de seus muros altos. Eles são falsos. E nos falsificam a vida. Nos sugam, nos usam. O que podemos é só agradecer, porque quando imaginamos o quão grande é a probabilidade de que falhemos se os enfrentarmos, nos amedrontamos. ‘Obrigado’, nós os dizemos, nossas costas desfiguradas pelo açoite! E nada Eles respondem. Sequer nos ouvem. Não somos nada pra Eles! Nos ignoram. Sempre souberam a medida ideal para a corrente, a medida segura. Eles não se aproximam. Eles sabem que as correntes ainda que frágeis são perfeitamente convenientes e convincentes. Além do mais, Eles sabem que estamos desarmados, enquanto Eles nos apontam e decidem a quem os carrascos devem esquartejar. Eles não sentem o que sentimos. Jamais seremos Eles, e Eles nunca serão como nós. Porém somos iguais! Teremos o mesmo fim. Só mudam-se os meios... Eles só pensam Neles, enquanto Nós não nos enxergamos...
Quem são Eles? Quebre as correntes e veja... Eles não sabem que podemos!
Talvez você ainda não saiba que pode! ”