Nada disso é você.

Filho.

Eu sei que é difícil acreditar, mas você não é seus pensamentos nem suas emoções.

Você não é seus hábitos, nem a sua memória.

Você não é suas sensações, nem suas reações,

nem os amigos com quem andas,

nem o corpo que você veste, nem os corpos em que você toca,

nem os livros que você lê,

muito menos o dinheiro que você ganha.

Também não é seus instintos, nem seus preconceitos,

nem suas vangloriosas crenças tingidas por um temperamento colérico ou melancólico.

Sabe esse seu "eu" construído para ser socialmente elogiável!? também não é você.

Sim. Muitas dessas coisas nasceram contigo, filho. Outras você escolheu. Algumas eu mesmo induzi.

Outras simplesmente colaram em você no meio do caminho.

Mas não importa, filho. Nada disso é você.

Façamos um teste.

Feche os olhos, respire fundo e olhe para tudo isso. Olhe para toda essa parafernália grudada em você até o dia de hoje.

Está olhando?

Olhe sem julgar.

Apenas olhe.

Agora responda:

Quem é esse que olhar tudo isso?

Quem é esse que olha antes de julgar? Quem é esse capaz de olhar todo esse movimento em seu interior?

Quem é esse que observa antes de acessar qualquer base de dados para emitir opiniões?

Quem é esse que está desidentificado com seu pensamento?

Esse é você, filho. O observador silencioso.

O observador ora suplantado por toda essa parafernália.

A partir desse observador silencioso, filho, tudo pode ser superado e recomeçado.

Vejamos o que o filósofo Plotino diz sobre a origem divina desse “observador impassível”.

Quando Aquele que tudo transcende, O Deus Uno e indefinível, transbordou em superabundância,

Nasceu o “Ser”, “Alma do Todo”, a Mente divina, o Cosmo repleto de beleza e bondade.

Quando, ao contemplar o Uno, esse cosmo transbordou ...

Nasceu você, a Alma individualizada, a Afrodite Celeste. Alma essencial pura e sem mescla.

Quando essa Alma essencial olhou para baixo,

Nasceu o Personagem. O homem encarnado (mescla da Alma pura com alma animal). Aqui toda a parafernália apareceu, não para o seu mal, mas para o seu amadurecimento.

Quando o personagem se purificar pela Virtude e voltar os olhos para o alto, haverá a separação do animal "comum".

E mesmo encarnado, tu, Alma essencial, observador silencioso, assentara no trono sagrado e se assemelhará a Deus. Então te tornarás o Homem Autêntico.