METONÍMIA E DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA

“Foi eleito no Brasil um neofascista que tem por objetivo destruir a destruição da soberania do país”.
A assertiva acima não traduz a realidade, tampouco faz o menor sentido. Não obstante, para os analfabetos funcionais e alienados, esse período composto por subordinação está impregnado de "sabedoria", pois essa "pérola" foi pronunciada por uma pessoa com influência no meio político, mas com sérios problemas cognitivos.
A metonímia é uma figura de linguagem muito utilizada na literatura, todavia pode ser usada para finalidades menos nobres, tais como criar um exército de zumbis lobotomizados com fidelidade canina (com todo o respeito aos cães) a determinadas ideologias político-partidárias.
Nesses discursos, verifica-se a substituição de um termo por outro, com uma relação de semelhança e proximidade entre os termos, trocando-se o concreto pelo abstrato (“o homem nasce bom e a sociedade o corrompe” - é o ser humano que corrompe outro ser humano, e não a sociedade); trocar a causa pelo seu efeito (“a corrupção está destruindo o Brasil” - a corrupção é apenas o efeito, e não a causa, pois a verdadeira causa da corrupção é a falta de ética e de educação) ou então trocar o agente pelo seu instrumento (“as armas matam” - são as pessoas que apertam o gatilho e matam).
Importante observar que atribuir qualidades humanas a entes abstratos é uma outra figura de linguagem conhecida como personificação (ou prosopopeia), mas também é uma das características indeléveis do discurso metonímico, que se revelou, notadamente nos últimos cem anos, como uma retórica falaciosa, extremamente eficaz e insidiosa, haja vista que, na vida em sociedade, as ações efetivas são praticadas por seres humanos, não por entes abstratos.

 
Osmar Ruiz Júnior
Enviado por Osmar Ruiz Júnior em 08/03/2020
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