O fenômeno da transgenicofobia

O termo transgênico refere-se a um organismo vivo que tenha recebido genes (fragmentos funcionais de DNA) de outras espécies. Deste modo, plantas transgênicas são espécies e variedades que tiveram um ou mais genes exógenos inseridos no seu genoma através de técnicas de manipulação genética. A obtenção de plantas trangênicas ocorreu no início da década de 80 possibilitando a obtenção de novas variedades de interesse agronômico. Desde então os trangenicos se propagaram no Brasil e no mundo gerando produtividade e polêmicas. É fato que toda tecnologia tem seus prós e contras, e portanto com os transgênicos não vai ser diferente. Questiona-se muito a segurança alimentar e ambiental dos trangênicos quando de fato os maiores problemas residem no mau uso e nos interesses financeiros e políticos, e não na técnica em si. Em março de 2005 foi aprovada a lei 11.105, também conhecida como Lei da Biossegurança, que estabelece normas e meios de fiscalização dos OGMs (Organismos Geneticamente Modificados). Na prática, a lei não é seguida a risca e ativistas conspiracionistas atacam os transgênicos com grande falta de evidências, ideologias e achismos que levam ao consumidor leigo apresentar ideias precipitadas e equivocadas em relação aos cultivares modificados. Os argumentos (não comprovados) vão desde morte em massa das abelhas nos EUA até milho transgênico que faz com que crianças africanas tornem-se homossexuais (pasmem!). O ceticismo em relação aos trangênicos é de fato algo bem vindo e deve ser motivado para que pesquisas sérias apontem caminhos para a produção e uso adequado de trangênicos, e não utilizado para fomentar ativismos tendenciosos e preconceituosos. Difundir o conhecimento científico é um caminho bem mais promissor do que difundir o medo e fazer ataques furiosos ao avanço científico. Qualquer análise unilateral é tendenciosa por natureza. Venho percebendo que a transgenicofobia se alastra de forma viral no país. Como todo preconceito, a transgenicofobia tem origem e ganha força da ignorância da população e dos discursos pseudo-científicos. O pior, é ver este sensacionalismo e discriminação dentro da própria academia. Não se deve criticar (nem defender) o que não se conhece. Afinal, como ressalta um colega biotecnólogo "Para aceitar transgênicos você precisa ter conhecimento de genética (técnicas, transgenia, migração gênica horizontal e biossegurança) e para não aceitar você só precisa ter MEDO".

Rafalove
Enviado por Rafalove em 20/02/2020
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