Paródia

1 Quando a mim, não tenhais vergonha da injúria!

2 Meu mal é ainda meu bem somente.

3 Se gritardes 'Violência!' e chamardes por ajuda, não clamaríeis justiça.

4 Se quereis, por fim, contra mim levantar vossa altivez, e visais-me pelo meu opróbrio, — ora, que seja!

5 Sabei cá que eu próprio me transformo, e com meu mal eu me alegro.

6 Até os pequeninos me desprezam, e, levantando-me eu, zombavam de mim.

7 Somente os homens que me abominam e se tornam contra mim eu amo.

8 Um dia também me fora túmulo a alma, mas que eu a prendi bem aos dentes.

9 Por que não me perseguis, e da minha carne, por que não vos fartais?

10 Que me sejam famintos os abutres e que me bebam todo!

11 Ah! Quisera toda minha voz marcada no eterno coração do homem, para que quando toda pedra quebrar e toda a pele apodrecer, estivesse lá ressoando meu canto e minhas boas-vindas!

H Reis
Enviado por H Reis em 07/01/2020
Código do texto: T6836106
Classificação de conteúdo: seguro