Um dia aprendemos a nos bastar
É... Um dia aprendemos a nos bastar.
Aprendemos a nos envolvermos com nossos próprios braços para amenizar o frio ou a dor.
Descobrimos que nada é para sempre. Que chegadas são calorosas e adeuses excruciantes.
Entendemos que estar só não é ser só. E que solidão é possível pra quem está na multidão.
Com o tempo é impossível insistir na crença de "para sempre".
Com o tempo todos vão e você fica só.
E a medida que os relógios correm, deixamos de esperar os buquês de flores e os pedidos ousados.
Preferimos cultivar as rosas num jardim e caminhar por entre elas a cada manhã na companhia de uma xícara de café.
Com o tempo, o que era doce amarga e o que era quente esfria.
Com o tempo passamos a observar as minúcias da vida e os seus algozes. E nos momentos de reflexão sentimos a solidão colocar embaixo do braço esperanças razas e sonhos fúteis e nos devolver num embrulho execrável a frieza da vida adulta.
E é ali, exatamente ali que começamos a nos bastar.