A colisão fundamental
O que podem os sentidos ? Qual a capacidade humana de controle das vias de fato?
A dinâmica processual do mundo comporta uma série de mecanismos que vão da tentativa de permitir o gozo pleno ao cumprimento dos legitimados impedimentos do gozar desmedido . Nesse jogo dicotomico, o sujeito vai investindo e se filiando ao possível ou entregando-se ao desvario pulsional do objeto que é antitético: possibilitador da descarga que alivia a tensão e promovedor da culpa. O Eu é, pois, esse palco em que os imperativos se fazem vivos em um confronto , às vezes catastrófico. Mas o que pode fazer o Eu senão se colocar nesse lugar apaziguador , que de forma sintomática está como canalizador dos ecos mais estruturantes de um sujeito de linguagem? O atravessamento do corpo pela fala, em seu mundo significante, fez do sujeito esse ser habitado pelas lacunas , lacunas que o impulsionam em direcionamentos ,cujas leis se põem em sentido contrário; Mas é esse choque de opostos que singulariza o lugar do humano na escala da vida e faz com que diante do universal, o indivíduo assuma uma posição única, subjetiva. O movimento com tropeço, que resulta nos mais variados sintomas, incluindo o da resistência em se chegar ao núcleo do desejo quando se aproxima dele pela fala , é o que dá a base do que há de humano, pois é esta a dimensão de um sujeito habitado por significantes: a de viver em aproximações e afastamentos resultantes das possíveis articulações e rupturas nas cadeias de representações que evocam significações.