Maria Firmina dos Reis, no prólogo do seu romance “Úrsula”, século XIX, diz: “Sei que pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher e, mulher brasileira, de educação acanhada e sem trato (...)”. Por meio desta fala de Maria Firmina, percebe-se claramente a dominação histórica do homem, tanto na literatura quanto na arte em geral, ficando quase sempre à margem expressões artísticas feitas por negros, mulheres e outras minorias marginalizadas por uma sociedade baseada no elitismo, branquismo e no gênero masculino.
Com relação à mulher, até hoje ainda há a tradição de que esta deva, primeiro, desempenhar seus papéis de dona de casa, mãe, esposa, e com o tempo que sobrar fazer literatura. Esta realidade é um reflexo da cultura da nossa sociedade, que aos poucos vem sendo transformada. Lindevania Martins ao entrevistar Virgínia Woolf (em 2018, por meio da leitura de sua produção), a questiona sobre um certo fantasma chamado “Anjo do lar” e ela diz o seguinte:
“Anjo do Lar” é aquele ideal de mulher que deve sempre se sacrificar, ser simpática e encantadora, sem opinião ou vontade. (....) Eu escrevia a resenha do livro de um homem famoso e esse fantasma me dizia que, como eu era uma moça, deveria ser meiga e afável, usar as artes e manhas de meu sexo, ser pura e não deixar ninguém perceber que eu tinha opiniões próprias.
Isto ainda continua sendo um empecilho para a autonomia da mulher, mas assim como Virginia é necessário que tenhamos coragem de “matar este anjo” em legítima defesa para que ele não nos arranque o coração da nossa escrita. Nós, mulheres, podemos nos expressar em todas as artes e profissões abertas às capacidades humanas!
É óbvio que foi preciso e ainda é preciso percorrer um longo trajeto de lutas pela afirmação da identidade feminina. Mas, apesar das reações de estranhamento, há tempo, a mulher deixou a posição de objeto para se tornar efetivamente sujeito, revertendo uma tradição milenar de silenciamento e reclusão nos limites da casa.
Apesar de ainda haver resquícios de um pensamento opressor que insiste em barrar o processo de construção identitária da mulher, as conquistas das lutas femininas estão fortemente presentes em nossa sociedade. A desconstrução dos paradigmas universais das mulheres vem acontecendo em favor de uma imagem que garanta o surgimento de um sujeito histórico e consciente de seus deveres e direitos.
Nesta perspectiva, entende-se que Feminismo é um movimento social e político que tem como objetivo conquistar o acesso a direitos iguais entre homens e mulheres e que existe desde o século XIX. É preciso esclarecer que feminismo não é o contrário de machismo. Enquanto o feminismo busca construir condições de igualdade entre os gêneros, o machismo é o comportamento que coloca o homem em posição de superioridade com relação à mulher. A mulher não quer tomar o lugar dos homens, mas estar ao seu lado, contribuindo para o desenvolvimento de nossa nação. Depois de anos de opressão e submissão ao controle masculino, que se fundamentam desde os primórdios, as mulheres, à custa de muita luta - interna e externa - se lançaram de corpo e alma pela busca da sua igualdade social.
Com relação à produção literária, é necessário é haja uma reinterpretação da literatura, principalmente no que se refere aos textos produzidos por homens, cuja visão em maior ou menor escala externam mitos que não tem outro papel senão justificar a submissão feminina. A mulher luta pelo poder interpretativo, vem construindo noções centrais de poder hegemônico e defendendo, com firmeza, o direito de falar e representar-se nos mais diversos domínios políticos e intelectuais.
A partir da década de 1970, a “marcha” que fez aflorar vontades e desejos acumulados no imaginário feminino acelerou. O século XX despediu-se com muitas mudanças de comportamento de gênero, devido às transformações decorrentes da trajetória da mulher. É por isso que os homens precisam se ajustar na nova paisagem social redesenhada pela mão feminina. Espera-se que o olhar masculino seja menos egocêntrico e menos autorreferente. Afinal, parafraseando Clarice Lispector, digo que “mesmo por caminhos tortos, a literatura caiu no destino da mulher, com a surpresa de nele caber, como se a própria mulher a tivesse inventado”
Com relação à mulher, até hoje ainda há a tradição de que esta deva, primeiro, desempenhar seus papéis de dona de casa, mãe, esposa, e com o tempo que sobrar fazer literatura. Esta realidade é um reflexo da cultura da nossa sociedade, que aos poucos vem sendo transformada. Lindevania Martins ao entrevistar Virgínia Woolf (em 2018, por meio da leitura de sua produção), a questiona sobre um certo fantasma chamado “Anjo do lar” e ela diz o seguinte:
“Anjo do Lar” é aquele ideal de mulher que deve sempre se sacrificar, ser simpática e encantadora, sem opinião ou vontade. (....) Eu escrevia a resenha do livro de um homem famoso e esse fantasma me dizia que, como eu era uma moça, deveria ser meiga e afável, usar as artes e manhas de meu sexo, ser pura e não deixar ninguém perceber que eu tinha opiniões próprias.
Isto ainda continua sendo um empecilho para a autonomia da mulher, mas assim como Virginia é necessário que tenhamos coragem de “matar este anjo” em legítima defesa para que ele não nos arranque o coração da nossa escrita. Nós, mulheres, podemos nos expressar em todas as artes e profissões abertas às capacidades humanas!
É óbvio que foi preciso e ainda é preciso percorrer um longo trajeto de lutas pela afirmação da identidade feminina. Mas, apesar das reações de estranhamento, há tempo, a mulher deixou a posição de objeto para se tornar efetivamente sujeito, revertendo uma tradição milenar de silenciamento e reclusão nos limites da casa.
Apesar de ainda haver resquícios de um pensamento opressor que insiste em barrar o processo de construção identitária da mulher, as conquistas das lutas femininas estão fortemente presentes em nossa sociedade. A desconstrução dos paradigmas universais das mulheres vem acontecendo em favor de uma imagem que garanta o surgimento de um sujeito histórico e consciente de seus deveres e direitos.
Nesta perspectiva, entende-se que Feminismo é um movimento social e político que tem como objetivo conquistar o acesso a direitos iguais entre homens e mulheres e que existe desde o século XIX. É preciso esclarecer que feminismo não é o contrário de machismo. Enquanto o feminismo busca construir condições de igualdade entre os gêneros, o machismo é o comportamento que coloca o homem em posição de superioridade com relação à mulher. A mulher não quer tomar o lugar dos homens, mas estar ao seu lado, contribuindo para o desenvolvimento de nossa nação. Depois de anos de opressão e submissão ao controle masculino, que se fundamentam desde os primórdios, as mulheres, à custa de muita luta - interna e externa - se lançaram de corpo e alma pela busca da sua igualdade social.
Com relação à produção literária, é necessário é haja uma reinterpretação da literatura, principalmente no que se refere aos textos produzidos por homens, cuja visão em maior ou menor escala externam mitos que não tem outro papel senão justificar a submissão feminina. A mulher luta pelo poder interpretativo, vem construindo noções centrais de poder hegemônico e defendendo, com firmeza, o direito de falar e representar-se nos mais diversos domínios políticos e intelectuais.
A partir da década de 1970, a “marcha” que fez aflorar vontades e desejos acumulados no imaginário feminino acelerou. O século XX despediu-se com muitas mudanças de comportamento de gênero, devido às transformações decorrentes da trajetória da mulher. É por isso que os homens precisam se ajustar na nova paisagem social redesenhada pela mão feminina. Espera-se que o olhar masculino seja menos egocêntrico e menos autorreferente. Afinal, parafraseando Clarice Lispector, digo que “mesmo por caminhos tortos, a literatura caiu no destino da mulher, com a surpresa de nele caber, como se a própria mulher a tivesse inventado”