Sobre o romântico II
Ver o romântico ser encarado de forma negativa é algo que me incomoda profundamente. Nos tacham de ‘‘tóxicos’’, ‘‘abusivos’’, ‘‘possesivos’’. Assim somos chamados por aqueles que tentam alcançar uma condição cirúrgica de vida, uma atitude que busca o mínimo possível de trauma, de dor, e de conflito para com as pessoas e situações. Eles se esquecem que uma relação entre duas pessoas pode ser tudo, menos cirúrgica. Em algum momento, mais cedo ou mais tarde, alguém irá se machucar.
Por este motivo, são muitos os que buscam um relacionamento mais racional possível, menos emocional possível, ou evitam-nos todos por medo de decepcionarem-se. É aí que reside a principal diferença dos românticos. Não temos medo de nos machucar, de nos decepcionar, de nos iludir. Sofrer por alguém é nossa especialidade.
O modo romântico de ser não é melhor nem pior do que os outros. Não é o modo ‘‘errado’’, mas sim um modo possível e digno de respeito. Em suma, o que quero dizer é: tenho o direito de ser exagerado, de romantizar e idealizar as coisas, de ser intenso e ardoroso. Isto é ser um romântico.