DISCURSO DE POSSE NA AABL (ACADEMIA ÁGUAS BELENSE DE LETRAS)
Boa noite a todos, primeiramente gostaria de externar minha alegria em poder fazer parte deste momento sublime para a cidade de Águas Belas, agradecer a presença de amigos, familiares, colegas de trabalho, e todos que se fazem presentes. Me sinto honrado e tenho convicção do tamanho desafio que virá pela frente, com a certeza dos bons frutos que a academia produzirá em diversos âmbitos da nossa sociedade. Começarei com a biografia do patrono da cadeira de número 2 da academia águas Belense de letras, Milton Santos. O Prof. Dr. Milton Santos, nasceu em Brotas de Macaúbas, no interior da Bahia, no dia 03 de Maio de 1926. Geógrafo e livre pensador brasileiro, homem amoroso, afável, fino, discreto e combativo, dizia que a maior coragem, nos dias atuais, é pensar, coragem que sempre teve. Doutor honoris causa em vários países, ganhador do prêmio Vautrin Lud, em 1994 ( o prêmio Nobel da geografia), professor em diversos países (em função do exílio político causado pela ditadura de 1964), autor de cerca de 40 livros e membro da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, entre outros.
O Prof. Milton Santos formou-se em Direito no ano de 1948, pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), foi professor em Ilhéus e Salvador, autor de livros, que surpreenderam os geógrafos brasileiros e de todo o mundo, pela originalidade e audácia: "O Povoamento da Bahia" (48), "O Futuro da Geografia" (53), "Zona do Cacau" (55) entre muitos outros. Em 1958, já voltava da Universidade de Estrasburgo, da França, com o doutorado em Geografia, trabalhou no jornal "A Tarde" e na CPE (Comissão de Planejamento Econômico-BA), precursora da Sudene, foi preso em 1964 e exilado. Passou o período entre 1964 a 1977 ensinando na França, Estados Unidos, Canadá, Peru, Venezuela, Tânzania; escrevendo e lutando por suas idéias. Outras de suas magistrais obras são: "Por Uma Outra Globalização" e "Território e Sociedade no Século XXI" (editora Record) .
Milton Santos, este grande brasileiro, morreu em São Paulo-SP, no dia 24 de Junho de 2001, aos 75 anos, vítima de câncer.
Milton Santos foi escolhido para esta cadeira pela sua história motivadora, homem negro, nascido na região nordeste do Brasil, nunca abriu mão de persistir nos estudos, e de ser uma mente pensante e crítica. Percorreu diversos países expressando seus pensamentos, e elevando o nível da geografia brasileira, exemplo e inspiração para este que vos fala. A academia que hoje se apresenta formalmente a comunidade águas Belense vem para somar no incentivo a cultura e aos escritores da nossa localidade, afinal, quantos talentos não são desperdiçados em nosso meio, por falta de uma orientação? por falta de um incentivo? não quero aqui culpar o poder público, visto que existem deficiências históricas que vêm sendo melhoradas paulatinamente ao longo dos anos, me refiro especificamente ao nosso papel enquanto cidadãos, será que educador são apenas aquelas pessoas que cursam uma licenciatura e estão em sala de aula? Creio que existe um significado bem mais profundo neste termo, pois todos nós, de alguma forma somos educadores, não só através de aulas, ou de palestras, mas na nossa vivência em sociedade, em nossas práticas cotidianas, enquanto pais, enquanto mães, enquanto irmãos, enquanto empresários, enquanto colaboradores, enquanto políticos, enquanto trabalhadores urbanos, enquanto trabalhadores rurais, membros de uma sociedade viva e atuante, podemos refletir? Que educadores estamos sendo? Que educadores queremos ser?
Em suma, a academia vêm para unir esforços junto as instituições já atuantes em nosso meio, em prol desta missão. Tenho certeza que nenhum dos membros hoje empossados estão aqui pela imortalidade dos seus nomes, ou pelo status de ser um acadêmico, o que nos une neste momento é algo maior, o ato do serviço, o ato de poder servir dentro das nossas possiblidades, e contribuir para a transformação positiva através de cada vez mais incentivo a educação e a cultura da nossa realidade, do nosso lugar. Pois parafraseando Paulo Freire, um homem Brasileiro, Nordestino, pernambucano, um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, patrono da educação brasileira: “Educação não transforma o mundo. Educação transforma pessoas. Pessoas transformam o mundo.