Erudito pobre

"- Não é necessário tanta erudição."

Ora, condenar a erudição é correto num certo sentido, da tal busca das evidências, por outro lado, parece uma piada. Há limites para a busca da tal clareza. Talvez seja o caso de se definir antes o que se busca: se a verdade ou mais, permissão da erudição, poesia, obra do autor que, mesmo tediosa, é um devir de manifestações, como as flores que podem ser contempladas e recusadas. Devemos pensar se o limite da primeira que zela pela evidência pode limitar o ser nas suas múltiplas formas de se existir e se comunicar.

Condenar a erudição não é o caso de condenar o ser? Uma coisa é entender que talvez não seja útil no sistema que se deu pré-definido dos conceitos e sistemas argumentativos, por outro lado, que tipo de mundo único é esse? Como ver para além das possibilidades sem o ritual cantante do ser? Sem a própria composição das coisas que abastece essa confusa forma humana? A confusão é santa e abastece a busca da clareza.

Esta frase do título acima foi dita recentemente por um radialista da radio educadora com o aval de um dos chefes do IFBA (Instituto Federal na Bahia). Aparentemente parece uma frase qualquer, mas quando analisamos com cuidado, vejamos.

Diz uma professora: "Falar bonito todo mundo sabe, ...."

O que pensar sobre isso? Penso que Erudito pobre é criminoso!

E agora? Podemos até estudar mas, só não podemos falar, pois, a verdade já está dada: - Amém!

O que sabemos é que conhecimento sempre foi conhecimento de algo e erudição parece ter um caráter negativo dado que não busca os princípios e evidências verdadeiras sobre fatos ou coisas. Porém, a erudição é uma tentativa racional de dar conta de si, do ego, do próprio ser e por isso, pode ainda ser mais aberta. Trata-se de um cantar crente do mundo. Por isso penso que, quando negros ou vulneráveis políticos alcançam ou alcançaram essa erudição em alguma medida, deve ser descartado em detrimento das urgências técnicas do país. Será que isso se mantém e se justifica?

Esses são os novos tempos que não parecem muito diferentes dos de outrora na querela entre a vida técnica e vida "Erudita" como preferiram dizer na oportunidade formal (Entrevista com o mandatário do IFBA na rádio pública). É como se dissessem: Já que tiveram oportunidade de aprender o básico (letras, conta e um pouco de ciência), utilizem-no para produzir para o país. Mas se o caso é esse - pelo país - pergunguntarse-á que produção é melhor que o afeto com os seus.

E se digo afeto, digo cuidado com o sofrimento do povo que quer caminhar e até ser um técnico que inclusive pode respeitar outros que buscam paralelamente entender a complexidade da vida humana, não como exclusiva mas, como fruto do exercício contínuo da reflexão, os quais, não podem mais serem culpados por estudar ou como dizem, pela inevitável erudição que vos chega com muitas leituras.