"Ódio”
Roma, 02/09/2018
Ódio,
sentimento carregado de sombras,
contido dentro de todos nós.
Em alguns casos,
é o amor doente ou a falta dele.
Em todos os outros,
pura ignorância.
Não quero ofender,
contrariar,
muito mesmo diminuir alguém
com a palavra ignorância,
tanto quanto com as palavras a seguir.
Resolvi colocar em palavras,
um sentimento,
uma observação,
de tudo que tenho visto,
lido,
assistido,
nestes últimos tempos,
tanto no Brasil,
como agora aqui na Itália.
Mais uma vez,
como em meus últimos textos,
quero deixar claro,
que não sou o dono da verdade,
e nada do que digo ou escrevo
vem com a intenção
de me colocar na posição de melhor
ou pior que alguém,
nem maior e mais sábio.
É somente uma vontade grande
de mudar e melhorar o mundo,
começando por mim.
Usei a palavra ignorância,
porque é ela a mãe
de todos os nossos males e erros.
Por sermos ainda ignorantes
em alguns aspectos,
cada um em seu grau de evolução,
fazemos mal aos nossos iguais,
com egoísmo,
falsidade,
indiferença,
mentiras,
enganos,
maledicência,
julgamentos e todas as outras
ferramentas das sombras.
E é sobre essas duas últimas que quero falar.
A todo momento vejo,
usando agora
o cenário brasileiro de exemplo,
amigos,
conhecidos,
parentes
ou quem quer que seja,
com julgamentos e mal dizeres
de diversos tipos
sobre outras pessoas,
principalmente políticos,
como Lula e Bolsonaro,
entre outros.
Eu não sou diferente.
Quantas vezes me peguei,
falando,
pensando ou escrevendo,
críticas fortes e ofensivas
a algum político.
Quem me conhece sabe,
que nunca aprovei os governos,
partido,
ideologia
e principalmente a pessoa
Luiz Inácio Lula da Silva.
Já escrevi e compartilhei
diversas ofensas e ataques
ou até zombarias
sobre o mesmo.
E isso vem de muitos anos,
desde de sua primeira posse,
pois o mesmo sempre atacou pessoas
como,
Fernando Henrique Cardoso,
Itamar Franco,
que ao meu ver (minha opinião),
com o plano real e toda a política econômica,
foram grandes pilares e a
chave do sucesso dos governos Lula,
colhendo o que eles plantaram
e jamais reconhecendo isso.
Mas principalmente,
por algo dentro de mim que me dizia
que as ferramentas que ele usava
para conquistar a multidão
não eram oriundas da verdade.
Os mesmos que me conhecem sabem,
que em primeiro momento
fui simpático a algumas ideias
e posicionamentos do Deputado Jair Bolsonaro,
mesmo nunca me sentindo representado
pelo mesmo.
Pouco tempo depois,
deixando de apoiá-lo.
Dito isso,
quero enfim chegar ao sentido desse texto.
Em um certo momento,
fui surpreendido com um sentimento estranho,
ao ver milhões de pessoas comemorando
e zombando da prisão do ex-presidente Lula.
Digo surpreso pois eu também devia estar feliz
e compartilhando piadas e coisas do gênero.
Mas foi ali,
nesse mesmo momento,
que eu vi,
como eu já fui mais ignorante
do que ainda sou.
Como posso,
comemorar e zombar
da desgraça de alguém,
quem quer que seja.
Não importa o que a pessoa fez,
em grau e gênero.
Não importa se enganou,
roubou,
mentiu ou até mesmo matou.
Tudo que o outro faz
só diz respeito,
no final,
a ele.
Por mais difícil que possa parecer
aceitar isso,
no final é assim.
Desacreditar disso
é duvidar da minha própria fé,
e dos desígnios de Deus.
Quem é que pode garantir
que eu,
ou nós,
no lugar de quem julgamos
não faríamos o mesmo
ou até pior ?
Quem sou eu para julgar alguém,
que teve pais,
experiências,
lutas,
vivências,
ou seja,
uma vida
completamente diferente
da minha ?
Como posso ficar feliz,
ao saber que um homem,
que ao ter a chance
de ser um grande líder de uma nação
(e talvez tivesse mesmo essa ânsia e sentimento),
tenha se perdido ao entregar sua alma
a um sistema podre e corruptivo,
e principalmente também
as suas fraquezas e tentações.
Jogando essa chance pelo ralo.
E hoje,
quase no fim da vida,
está preso,
sem sua liberdade,
e tendo que enfrentar sua consciência
em uma cela de prisão.
A justiça deve sim ser feita,
é para isso que ela existe ainda,
para corrigir e punir os homens
até que em um determinado momento
da evolução,
ela não seja mais necessária.
O que esse
ou qualquer outro homem
fez de errado,
é entre eles e a justiça,
e principalmente entre eles e Deus.
É assunto entre homem e consciência.
É difícil mas ao mesmo tempo fácil
de aceitar e entender o que estou dizendo.
É só olharmos para o espelho
e resgatarmos nossos passados.
Quem de nós nunca errou
e erra a todo momento?
Quem de nós não tem algo de que se arrependa
ou tenha vergonha de ter feito ou dito,
ou deixado de fazer?
Não interessa o tamanho e a proporção do erro,
não interessa se o que ele fez
atingiu milhões de pessoas
e o que eu fiz atingiu uma só.
Erros são erros,
falhas são falhas.
O tamanho da sua
não diminui nem isenta a minha.
E estamos todos aqui,
no planeta Terra,
justamente para
ajustar e corrigir
nossos erros e fraquezas.
Se eu vejo alguém
matando,
roubando,
enganando,
sendo corrupto,
e penso que eu posso criticar,
atacar ou julgar,
porque não faço isso,
estou completamente errado,
pois se não erro nisso
é sinal que evolui,
mas meus tantos outros erros
me mostram que sou tão fraco
e ainda suscetível aos erros
como eles.
Se o Criador de tudo,
nosso Pai,
que está em tudo e em todos,
poderia nos julgar,
e não o faz,
quem somos nós.
É por isso irmãos que faço o convite
a uma profunda reflexão.
Nada é por acaso.
Não estamos vivendo esse momento
por mera coincidência ou acidente.
Antes de chamar um pessoa,
como o Bolsonaro
e seus eleitores por exemplo,
de acéfala,
lixo,
bosta,
ou qualquer que seja o adjetivo pejorativo,
lembre-se;
Primeiro,
é um ser humano como todos nós.
Segundo,
nós não fazemos a mínima ideia
do que ele viveu,
de como foi criado,
do pai que teve ou da mãe que o criou,
e do que a vida fez com ele.
Terceiro,
todos nós erramos
em todos os momentos da vida
( gostaria de usar alguns momentos,
mas não dá,
erramos sempre).
Se eu não erro hoje,
erro amanhã,
se não erro com o outro,
erro comigo mesmo.
Quarto,
se o que o outro faz é errado
e me incomoda,
está exatamente aí o exemplo
do que eu não devo fazer,
e se já não faço,
que venha o próximo erro a ser corrigido.
Quinto,
não é porque eu li,
ouvi,
ou vi,
que é verdadeiro,
porque eu vou espalhar?
E mesmo que seja,
que sejamos divulgadores de coisas boas,
e não de coisas ruins,
olhem a internet no que se tornou,
e está em nossas mãos mudar isso.
Sexto e último,
tomemos cuidado com a arrogância
e ilusão de nos acharmos melhores
do que os outros.
Tenho visto pessoas boas e inteligentes,
que têm excelentes ideias e vontades,
surgindo na política,
mas logo se perdendo
ao entrar em um jogo de quem ataca mais,
quem zomba mais,
descendo o nível do debate político,
perdendo a chance de ser diferentes
e realmente representantes
de uma verdadeira mudança.
Enfim,
para encerrar,
deixo mais uma vez
as palavras e exemplos
que nosso Mestre e Irmão Jesus
nos deixou...
“Ama seu irmão como a ti mesmo”
“Perdoe para ser perdoado”
“Que atire a primeira pedra aquele que nunca errou”
É isso.
A única revolução verdadeira é o amor...
Grato.