Mude o discurso

Há pouco vi na timeline de um (amigo), um fusca velho caindo aos pedaços, carregado até o teto e a frase, “Indo ver os netinhos no nordeste”. Evidentemente está claro a alusão ao preconceito racial, ao pobre, ao nordestino, ao menos favorecido pela sorte e o pior ao ódio político. Sim o que vemos limpidamente é o ódio e sua cara horrenda. Destilando o seu veneno com aquele que pensa diferente, que age de outra maneira, que vota com pensamento distinto do dele. Como se a política, a democracia não fosse à convivência com o diferente, não fosse à aceitação do outro independente da classe, raça, religião, cor, sexo, nacionalidade, opinião distinta, etc. Age como o outro não tivesse direito de pensar, de escolher o seu modo de viver de acordo com seu ganho, com sua condição social, com a sua maneira de ser, com sua cultura, ou até falta dela. Parecem querer banir o nordeste do mapa, eliminar aquele povo (inho)... Que pena que tenhamos chegado a esse ponto, a esse patamar retrógrado.

Lamentavelmente só tenho a dizer que estas pessoas (inhas) não conseguem enxergar o favelado, não consegue ver o pobre, o menor, a prostituta, o gay, o excluído social ou os colocados na sua lista de intolerância, por que não consegue ver além do umbigo, é desprovido de sentimento, de espírito, de compaixão, de patriotismo, de amor ao próximo. Seguindo esta linha de conduta, voltamos no tempo, retrocedemos a centena de anos atrás, que triste! Vamos reviver o bulling, o racismo, a intolerância de tudo e de todos; é deprimente observar que tanta luta foi travada, tanto sangue foi derramado, tanto discursos, textos, embates, conflitos, tragédias para nada.

Estou desacreditado na brasilidade, somos um povo hospitaleiro, pacato, simples, alegres, contentes, o melhor do mundo, o mais miscigenado, raças diferentes misturadas e convivendo muito bem, será? Somos gente que aceita o mundo, mas não aceita o brasileiro pobre, ignorante, negro, sem cultura formal. Estamos à beira de um precipício, com arame farpado entre as pernas, de um jeito ou de outro vamos nos ferir. Será que só eu estou enxergando isto?