Discurso de posse na Academia Cordisburguense de Letras – Guimarães Rosa – ACLGR
* Acadêmico Prof. Arnaldo de Souza Ribeiro
“E, quanto mais leio e vivo e medito, mais perplexo a vida, a leitura e a meditação me põem. Tudo é mistério. A vida é só mistério”.
João Guimarães Rosa. Nasceu em Cordisburgo - MG, no dia 27 de junho de 1908 e faleceu no Rio de Janeiro - RJ, no dia 19 de novembro de 1967. Foi médico, humanista, escritor e diplomata.
Digníssimo Senhor Presidente da Academia Cordisburguense de Letras “Guimarães Rosa” ACLGR, Acadêmico Dr. Raimundo Alves de Jesus;
Magnífico Reitor da Universidade de Itaúna – Acadêmico Professor Doutor Faiçal David Freire Chequer;
Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais – Acadêmico Pedro Bernardes de Oliveira;
Excelentíssimo Senhor Doutor Alex Matoso Silva, Juiz da Segunda Vara Cível da Comarca de Itaúna – MG;
Digníssimo Senhor Doutor Walter Cândido dos Santos, Professor do Curso de Direito da Universidade de Itaúna - UIT, Itaúna - MG;
Ilustres Acadêmicos, Acadêmicas;
Caros senhores, senhoras e autoridades;
Boa noite.
Confesso-lhes que, para mim, é uma dádiva de Deus, permeada de mistério e coincidências, viver hoje, nesta casa e na cidade de João Guimarães Rosa, este jubiloso momento, iniciado há quarenta e cinco anos.
Lembro-me, era setembro de 1973, naquele ano a Faculdade de Ciências e Letras da Universidade de Itaúna – UIT, em parceria com a Prefeitura Municipal de Itaúna, promoveram a Semana de Estudos João Guimarães Rosa, para comemorar o aniversário da cidade e homenagear o ilustre médico, escritor e diplomata. O evento contou com a honrosa presença de sua filha Vilma Guimarães Rosa, ocasião em que reencontrara com dois amigos de seu pai Antônio Augusto de Lima Coutinho, médico, e Ary de Lima Coutinho, farmacêutico.
Naquela segunda-feira, dia 10 de setembro de 1973, próximo às dezenove horas, enquanto caminhava em direção ao Colégio Santana, deparei-me com o cortejo de abertura, que descia a Rua Silva Jardim, em direção à Escola Normal, onde seriam realizadas as homenagens e palestras.
Era visível a alegria e o entusiasmo das pessoas que integravam o cortejo. Visível também se tornou minha curiosidade em saber quem era aquele homem, cujo nome encontrava-se escrito na faixa que abria o cortejo: “Semana João Guimarães Rosa”.
Nunca ouvira nele falar, minutos depois descobri, por informação da Professora Clarice da Silva Penido Rolla, que se tratava de um grande escritor, médico e diplomata, que vivera em Itaguara e que era itaunense de coração. Dissera ainda que tivera grandes amigos em Itaúna.
Quis saber quem foram seus amigos e em que época estivera em Itaúna e, de imediato, não logrei êxito. O tempo não ajudava, pois já se fazia quarenta e um anos que mudara de Itaguara e seis anos que partira para o Oriente Eterno. Ademais, àquele tempo, os registros e as comunicações eram parcos e não tínhamos os recursos que temos hoje.
Soube também que aquela Semana, organizada pelo Professor Marco Elísio Chaves Coutinho e pelo escritor David de Carvalho, buscava avivar e materializar a passagem de João Guimarães Rosa por Itaúna e Itaguara. E ainda, conceder-lhe post mortem a láurea de “Amigo de Itaúna”.
Embora não tenha participado daquela Semana, soube, por ouvir dizer, de quase tudo o que nela acontecera e acompanhei todas as publicações dos jornais e nunca a esqueci, nem daquele homenageado.
Seis anos se passaram e, em 1979, tive um professor de biologia, estudante de odontologia na Universidade Itaúna - UIT, Paulo Roberto da Silva, que era natural de Itaguara, a quem questionei acerca de João Guimarães Rosa. Ele me respondeu que sabia pouco, porém seus pais, José Idamiano da Silva e Ana do Prado Silva, e a irmã, professora, Maria Alice do Prado Silva, teriam maiores informações e, se desejasse, poderia visitá-los e com eles conversar. E eu o fiz num nublado e chuvoso domingo de 1979, ocasião em que fui cordial e fraternalmente acolhido por eles. Naquele dia em Itaguara, muito ouvi e vi, inclusive mostraram-me o local onde João Guimarães Rosa vivera e onde nascera sua filha Vilma Guimarães Rosa.
Momentos e pessoas que guardo com saudade e gratidão, portanto consigno aqui os meus sinceros agradecimentos.
Em 1990, dezessete anos depois, com as frequentes visitas que fazia ao Dr. José Campos, para as nossas profícuas tertúlias, dissera-me que convivera e trabalhara com o Dr. Antônio Augusto de Lima Coutinho, um dos amigos de João Guimarães Rosa. Portanto, obtive várias informações, acerca das viagens que fazia a Itaúna, para trazer humildes e carentes pacientes e, ainda, que auxiliava nos atendimentos, em especial quando se faziam necessárias intervenções cirúrgicas. Prova insofismável de sua alma nobre, evoluída, generosa e fraterna. Desse modo, comprova-se, para orgulho dos itaunenses, que João Guimarães Rosa frequentou e atuou na Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira. Relatou-me ainda que muitos dos livros que Guimarães Rosa lera àquele tempo foram-lhes emprestados pelo Dr. Coutinho, que possuía uma grande biblioteca com várias e diversificadas obras.
E assim, ao longo dos anos, sempre que me era possível, informava-me a seu respeito e lia seus livros e orgulhava por saber e divulgar que Guimarães Rosa passara por Itaúna e aqui tivera bons amigos.
Por esses mistérios já preconizados por Guimarães Rosa e que a vida confirma, em 2013, quarenta anos depois, os caminhos e as pessoas de Itaúna e Cordisburgo voltaram a se encontrar e tiveram como elo o Professor Faiçal David Freire Chequer.
No dia 26 de outubro de 2013, o Professor Faiçal David Freire Chequer, foi agraciado com a Medalha de Mérito Cultural “Acadêmica Sinhá Araújo”, fundadora da Academia Cordisburguense de Letras “Guimarães Rosa”. Honraria que contribuiu sobremaneira para avivar e restaurar os vínculos que historicamente sempre uniram Itaúna e Cordisburgo.
No dia 10 de dezembro de 2013, a direção da Universidade de Itaúna promoveu a Cantada de Natal, com apresentação dos Corais Una Voz e Arte Nossa. Corais que foram acompanhados pela Orquestra de Câmara de Itaúna e regidos pela maestrina Juliana Grassi, com a participação especial do tenor Juliano Chacon que, à época, residia e fazia sucesso na Europa.
Naquele dia estiveram em Itaúna os conselheiros e funcionários do egrégio Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais. Presidido pelo já saudoso Monsenhor Lázaro Assis Pinto. Registre-se que, àquele tempo, o Professor Faiçal David Freire Chequer integrava o referido Conselho.
Presente também uma comitiva da “Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa”, presidida pelo Acadêmico Dr. Raimundo Alves de Jesus, acompanhado pelos acadêmicos: José Augusto Faria de Souza, Lucília Cândida Sobrinho, Maria do Carmo Dias Bruno, Sara June da Silva Ferreira, Pedro Bruno Neto, Antônio Fernando de Alcântara, Maria da Conceição Silva Alves, esposa do Presidente e Lays Cruz Martins, estagiária.
Os Corais e a Orquestra de Câmara levaram aos ouvidos e aos corações dos presentes os mais belos sons natalinos, complementados pelos pronunciamentos do Monsenhor Lázaro Assis Pinto, Dr. Raimundo Alves de Jesus e Professor Faiçal David Freire Chequer. A sintonia entre a beleza das músicas, a profundidade das palavras e o fraterno clima entre os presentes conduzia a todos ao verdadeiro espírito da festa máxima da cristandade.
Concluída a solenidade, os participantes seguiram para um jantar de confraternização. Afinal, sabe-se que a mesa é o melhor lugar para a prática do aprendizado e do exercício da fraternidade: Cristo fez seu primeiro milagre nas Bodas de Canaã, quando transformou água em bom vinho e, à véspera de despedir-se, ceou com os apóstolos.
E assim, itaunenses e cordisburguenses irmanaram-se para resgatar e consolidar os laços de amizade e de fraternidade iniciados por João Guimarães Rosa e Dr. Antônio de Lima Coutinho, na década de trinta, e que nunca se romperam. E, hoje, com segurança e felicidade posso dizer, encontram-se consolidados no respeito e na admiração recíproca entre cordisburguenses e itaunenses.
Pelo exposto, registro e agradeço ao Acadêmico Prof. Faiçal David Freire Chequer, principal responsável por promover e reavivar estes laços de amizade e colaboração. E o fez na promoção do diálogo, na aproximação das pessoas e na valorização da cultura, valores e habilidades que lhe são caros e inerentes. E mais, reconheço e agradeço-lhe por oportunizar-me conhecer pessoas tão especiais e fraternas, que integram a “Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa” e, de igual modo, os cidadãos cordisburguenses, sem exceção, pessoas que aprendi a gostar e a respeitar.
Impulsionado pela cordialidade vivida em dezembro de 2013, em julho de 2014, vim a Cordisburgo para participar da XXVI Semana Roseana. Cheguei na sexta-feira, dia 25 de julho, ocasião em que fui recebido fraternalmente pelos acadêmicos. Participei de todos os eventos que se realizaram até domingo, dia 27.07.14. Inclusive da solene Missa em sufrágio da alma de Guimarães Rosa e dos demais acadêmicos já falecidos e do almoço de confraternização que se realizaram na Matriz de Cordisburgo e no Restaurante da Gruta de Maquiné, respectivamente.
Levei para Itaúna as melhores impressões de tudo que vi e aprendi, mas, sobretudo, a gratidão pela acolhida fraterna a mim dispensada.
Antes de partir prometi aos amigos da “Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa” que voltaria no próximo ano e o fiz, por ignorar a inimaginável surpresa que me esperava.
Dois meses depois, por correspondência do dia 22 de setembro de 2014, fui informado de que me fora outorgada a Medalha de Mérito Cultural “Acadêmica Sinhá Araújo” e que a receberia no dia 08 de novembro de 2014, dia do meu aniversário. Perplexo e agradecido, recebi a notícia e aqui estive para recebê-la e o fiz com alegria e gratidão.
Naquela noite, durante a solenidade, esta casa de cultura e de fraternidade estava cheia. Entre as pessoas que aqui estavam e a tudo acompanhavam, também perplexas e com visível felicidade nos olhos e no coração, eram três de minhas irmãs.
Peço-lhes permissão para nomear-lhes e prestar-lhes uma breve homenagem póstuma: Ana de Souza Ribeiro, Maria de Souza Rezende e Olivia de Souza Ribeiro. Hoje, em pensamento, volto àquela noite, olho em direção às janelas e as vejo sentadas na terceira ou na quarta fileira, com a fisionomia de felicidade em seus rostos, perplexas a compartilharem comigo daquele momento único e feliz. Estou certo de que, se não tivessem sido chamadas pelo Pai, estariam aqui, pois nunca me deixaram sozinho e sempre se faziam presentes nos momentos importantes de minha vida. A elas o meu reconhecimento e agradecimento por tudo e a certeza de que sempre estarão comigo em minha memória e no meu coração em forma de saudade e de gratidão.
Trinta dias se passaram e, novamente, Itaúna se fazia representar nesta Casa de João Guimarães Rosa, pois, no dia 06 de dezembro de 2014, o Professor Faiçal David Freire Chequer tomaria posse na Cadeira de n. 40, patroneada pelo escritor José Cândido de Carvalho. Evento que foi sobejamente divulgado na Universidade, em Itaúna e, sobretudo, prestigiado pelos itaunenses.
Conforme correspondência do dia 15 de junho de 2015, portanto, quarenta e dois anos depois, deram-me a notícia de que me fora concedido o título de Confrade Benemérito e que o receberia no dia 18 de julho de 2015. Por enfermidade de uma de minhas irmãs, não pude vir e a entrega ocorreu no dia 05 de dezembro de 2015, conforme correspondência datada de 17 de novembro de 2015.
Desde então, na condição de Confrade Benemérito, venho e participo das Reuniões mensais e festivas do Sodalício, ocasiões em que sou fraternalmente recebido pelos acadêmicos e pelas acadêmicas e sempre levo, para Itaúna, bons ensinamentos e momentos alegres, fraternos e profícuos aqui vividos.
Em carta de 12 de junho de 2018, passados quarenta e cinco anos daquela Semana de Estudos em que conheci João Guimarães Rosa, recebo a notícia de que o Egrégio Conselho Superior aprovara, por unanimidade, a indicação de meu nome para tornar-me membro do Sodalício, na condição de sócio efetivo e que ocuparia a Cadeira n. 26, patroneada por Augusto dos Anjos.
Senhor Presidente, Senhores Acadêmicos, Senhoras Acadêmicas, Autoridades, Senhores e Senhoras.
Confesso-lhes que, neste momento, diante dos relatos feitos, sinto-me diante de um mistério e, sobretudo, colhido com grande surpresa, jamais imaginara ou mesmo almejara receber tamanha honraria e distinção, pois já estava feliz e realizado com o que já havia recebido. Portanto, são estes mistérios que nos surpreendem e que nos fazem felizes. Assim como estou neste momento. Neles vejo materializarem-se duas verdades proclamadas por dois gênios da literatura brasileira, sendo:
Guimarães Rosa: “E quanto mais vivo e medito, mais perplexo a vida, a leitura e a meditação me põem. Tudo é mistério. A vida é um mistério”.
Humberto de Campos: “O homem não faz senão escrever, com as letras de seus atos e os períodos de sua vida, na direção riscada pelo dedo poderoso do Destino”.
Peço permissão a Humberto de Campos para considerar o vocábulo Destino como sinônimo de Deus, cujos atos e ações benevolentes, na maioria das vezes, chegam-nos de forma inesperada e misteriosa e, às vezes sem explicação, como bem predissera Guimarães Rosa: “Tudo é mistério. A vida é um mistério”.
Portanto, entendo as honrarias já recebidas - e esta de hoje - como dádivas benevolentes e misteriosas de Deus, que vieram acompanhadas de algumas coincidências, quais sejam:
Neste ano completam quarenta e cinco anos que soube da existência de Guimarães Rosa;
No dia 27.06.18 completaram cento e dez anos do nascimento de João Guimarães Rosa e participei da elaboração de um livro alusivo à data, intitulado: “O que a vida quer da gente é coragem”;
Tomo posse em uma Cadeira desta Academia sediada na cidade de João Guimarães Rosa;
De igual modo, os dias 10 a 16 de setembro deste ano coincidirão exatamente como o foram em 1973, de segunda-feira a domingo, semana em que os integrantes da Academia Itaunense de Letras – AILE, que tenho a honra de presidir, em parceria com outras Academias e Entidades, promoverão uma semana semelhante àquela de 1973.
Envolto neste clima de mistérios e alegrias, quero compartilhá-lo e, sobretudo, agradecer às pessoas que contribuíram para que eu pudesse vivê-lo:
Ao bondoso Deus, pelo constante amparo e proteção;
Ao meu avô, mestre Manoel de Souza Ribeiro, que, mesmo sem conhecê-lo em vida, serviu-me de exemplo;
Aos meus pais e irmãos João de Souza Ribeiro e Maria Madalena de Souza; Ana de Souza Ribeiro, Geni de Souza Ribeiro, João de Souza Ribeiro, José de Souza Ribeiro, Luzia de Souza da Conceição, Maria de Souza Rezende, Oliveira de Souza Ribeiro e Olívia de Souza Ribeiro;
Ao Prof. Faiçal David Freire Chequer, este amigo de todas as horas, principal responsável por este momento, porquanto foi ele quem estreitou o relacionamento entre Itaúna e Cordisburgo. Por intermédio do Professor Faiçal David Freire Chequer, conheci e me aproximei dos Acadêmicos da “Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa” e estes, generosamente, desde o primeiro momento, além do acolhimento fraterno, abriram-me as portas deste Sodalício;
Aos estudantes, serventuários e professores da Universidade de Itaúna – UIT, extensão de minha família, em especial ao Prof. Walter Cândido dos Santos, aqui presente;
Aos integrantes da Academia Itaunense de Letras – AILE, que me acolheram como Confrade no dia 22 de outubro de 2016 e elegeram-me seu Presidente no dia 02 de setembro de 2017. Destaco e agradeço as presenças de Geraldo Fernandes Fonte Boa e de sua esposa Cintia Souza Santos Fonte Boa; Toni Ramos Gonçalves e Maria Nadir de Vasconcelos. Registro ainda que Toni Ramos Gonçalves e Geraldo Fernandes Fonte Boa foram o primeiro presidente e vice-presidente da Academia Itaunense de Letras, respectivamente;
Aos os irmãos da Loja Maçônica Itaúna Livre – LMIL e aos integrantes da Confraria dos Amigos do Vinho de Itaúna – CAVI, com destaque para o Irmão, Confrade e Advogado Dr. Odair Assis Rodrigues, aqui presente;
Aos Amigos e Amigas que aqui vieram e que estão sempre comigo nos embates do dia a dia;
Aos integrantes da “Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa” que, desde o primeiro momento em que os vi, reconheci em cada um deles que nossas almas são irmãs e isto se comprova a cada vez que nos encontramos, pela alegria que sinto ao vê-los e pela fraternidade de nossos diálogos;
E para encerrar, agradeço a João Guimarães Rosa, cuja vida e obra o faz presente entre nós, mesmo depois de cento e dez anos de seu nascimento e cinquenta e um de seu encantamento e, por fim, ao Patrono Augusto dos Anjos.
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no dia 22 de abril de 1884, no engenho do “Pau d`Arco”, na Paraíba e faleceu no dia 12 de novembro de 1914, em Leopoldina – MG. Teve uma vida breve, faleceu com trinta anos, porém marcada pela coerência, independência, altivez, inteligência e determinação e pela obra que o imortalizou.
Alfabetizado em sua casa, pelo pai que era advogado, amigo das leituras e que se responsabilizou pela alfabetização de todos os filhos, prática comum e necessária no final do século XIX.
Augusto dos Anjos foi uma criança diferenciada, desde a mais tenra idade - pelo exemplo do pai - afeiçoou-se às leituras.
Concluídas as primeiras letras, no ano de 1900, ingressou no Liceu Paraibano, ocasião em que escreveu seu primeiro soneto, intitulado: Saudade.
Posteriormente cursou Humanidades, no Liceu Pernambucano e Direito, na tradicional Faculdade de Recife.
Depois de graduado em direito, retornou para João Pessoa, para lecionar Literatura Brasileira, em aulas particulares.
As letras jurídicas não o seduziram, na verdade sua paixão era o magistério. Em 1908, foi nomeado para o cargo de professor do Liceu Paraibano e, logo afastado, por desinteligências com o governador.
Em 1910, casou-se com Ester Fialho e mudou-se para o Rio de Janeiro. Em 1911 foi nomeado professor de Geografia, no Colégio Pedro II.
Em 1914, foi nomeado Diretor do Grupo Escolar Ribeiro Junqueira, em Leopoldina, MG. Nesse mesmo ano faleceu, acometido de uma gripe que se transformou em pneumonia.
Escreveu um único livro "EU", publicado em 1912 e reeditado com o nome "Eu e Outros Poemas". Obra original e singular, que desperta interesse, estudos e novas edições, já passados cento e quatro anos de seu falecimento e cento e seis anos da primeira edição.
Em 2001, foi escolhido o paraibano do século XX, eleição que contou com o apoio de vários escritores e intelectuais, entre eles, Ariano Suassuma.
Augusto dos Anjos indubitavelmente teve uma vida curta, porém marcada pela coerência, inteligência, determinação e imortalizado pela obra que elaborou.
Meus caros senhores e senhoras;
Pelo exposto, pelo que vi e vivi, nestes quarenta e cinco anos, ouso dizer, em síntese, que ocupar uma cadeira nesta casa de Guimarães Rosa, constitui-se em um mistério e, sobretudo, em uma dádiva de Deus.
Portanto, agradeço-Lhe, por tudo, em especial pelas pessoas maravilhosas que me acolheram, apoiaram e acompanharam meus caminhos, muitas delas aqui presentes.
Reitero os meus agradecimentos e rogo ao Bondoso Deus que nos ilumine.
Muito obrigado.
Cordisburgo, 21 de julho de 2018.
Acadêmico Prof. Arnaldo de Souza Ribeiro
Nota:
1. A cerimônia de posse realizou-se no dia 21 de julho de 2018, na sede da Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa – ACLGR, Cordisburgo - MG.
* Arnaldo de Souza Ribeiro é Doutor pela UNIMES - Santos - SP. Mestre em Direito Privado pela UNIFRAN - Franca - SP. Especialista em Metodologia e a Didática do Ensino pelas Faculdades Claretianas - São José de Batatais - SP. Professor do Curso de Direito da Universidade de Itaúna - UIT - Itaúna - MG. Professor convidado da Escola Fluminense de Psicanálise - ESFLUP - Nova Iguaçu - RJ. Diretor Financeiro e membro da Comissão de Direito Imobiliário da 34ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB - Itaúna - MG. Autor do livro, Magistério: estudos pesquisas e palestras (Editora Ramos, 2ª Edição, 2017), coautor do livro, Democracia, direitos fundamentais e jurisdição. (Virtual Boocks, 2014), Olhares Mútiplos. (Gráfica Daniela, 2018), Hipérboles (Editora Ramos, 2017). Organizador do livro: Fundamentabilidade Horizontal dos Direitos: Proteção à Propriedade e a Posse. (Virtual Boocks, 2016). Organizador e coautor do livro: O que a vida quer da gente é coragem. (Editora Ramos, 2ª Edição, 2018). Escreve para Revistas, Jornais e Sites do Brasil e exterior, até o momento fez 158 publicações. Membro da Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa - Cordisburgo - MG. Membro do Grupo de Escritores Itaunenses e Presidente da Academia Itaunense de Letras - AILE, Itaúna - MG. Membro do Instituto do Direito de Língua Portuguesa - IDILP - Lisboa e da Comunidade de Juristas de Língua Portuguesa - CJLP - Lisboa, Portugal. Advogado e conferencista. E-mail: arnaldodesouzaribeiro@hotmail.com