DISCURSO PARA O LANÇAMENTO DO LIVRO SÃO GONÇALO: FRAGMENTOS DA HISTÓRIA
DISCURSO PARA O LANÇAMENTO DO LIVRO SÃO GONÇALO: FRAGMENTOS DA HISTÓRIA
"A tarefa da literatura é ajudar o homem a compreender-se a ele mesmo.”
Máximo Gorky
Ilustríssimos componentes desta seletíssima mesa, querido amigo Francisco Cicupira de Andrade Filho, diretor-geral desta casa de educação profissional e tecnológica, querido amigo e irmão Josemar Alves Soares, Senhoras e Senhores presentes, muito boa noite a todos e todas. Minha responsabilidade aqui, neste momento inobliterável, é imensa, pois fui antecedido por um gigante da oratória, um Vieira do vernáculo, um Drummond das palavras... o meu querido amigo e irmão Chiquinho Cicupira.
Quero iniciar estas breves e singelas palavras sob a égide latina Esto brevis et placebes (Sede breve, e agradarás). Um dos dias mais aguardados deste ano da graça de 2013 enfim chegou! Hoje, nesta Unidade Sede do IFPB – Campus Sousa vivenciamos um momento histórico, daqueles que ficam marcados indelevelmente em nossas mentes e corações e que nos orgulhamos em contar para os nossos filhos e netos; o dia do lançamento da obra São Gonçalo: Fragmentos da História do querido amigo e colega do IFPB – Campus Sousa, porque não dizer irmão, Josemar Soares. A obra é excepcional; e o sucesso deste lançamento já se prefigurava confirmado, pois o mesmo é aguardado ansiosamente desde que a cidade e o distrito homônimo ao livro tomaram conhecimento de sua elaboração.
Com uma deferência que nos toca o fundo da alma, mesmo sendo eu não merecedor, o autor me concedeu a incomensurável honra de revisar o conteúdo e escrever o posfácio; e quando estava a fazê-lo pude, em primeira mão, perceber a riqueza e amplitude da obra que, de maneira simbólica, replantava a semente que um dia germinou e produziu esta frondosa árvore chamada Acampamento Federal de São Gonçalo, hoje Distrito de São Gonçalo.
A obra, magistralmente escrita, é fruto de uma incrível pesquisa de campo, entrevistas com pessoas que viveram a época áurea do Acampamento de São Gonçalo, o surgimento da idéia da construção da barragem, a materialização da vontade, os estrangeiros, os trabalhadores, a vila cosmopolita, a vida social, o Instituto Agronômico pioneiro... A conquista do espaço.
Época em que as pessoas sentavam à calçada para conversar, se ajudavam umas às outras, se reuniam para o jogo de futebol nos domingos e para as festas religiosas e sociais da comunidade, construíam com suas próprias mãos o seu destino, numa convivência, agora profícua, com um clima que anteriormente insistia em não entregar facilmente seus segredos, o temível, mas também belo semiárido.
Fragmentos da História nos traz, portanto, uma época de luta e de vontade onde se construíam amizades reais, comprometimento com os destinos comuns, a força do nordestino que busca produzir seu sustento na terra onde habita, mesmo diante de todas as dificuldades. O autor entrevistou inúmeros personagens desta epopéia chamada São Gonçalo, e estes lhe contaram todos os seus segredos mais bem guardados; percorreu os caminhos de terra batida que levam aos recantos mais longínquos do seu torrão natal, visitou núcleos habitacionais, sítios... Enfim, pode ser considerado um desbravador dos tempos modernos.
Vem-me agora uma recordação da infância, uma música daquelas que nos embalavam o sono; uma música na qual o Padre Zezinho, sacerdote do Sagrado Coração de Jesus, em um momento inspirado escreve que “a mãe nunca esquece o filho ausente”. Pois é Josemar, tal qual sua mãe biológica Nina, durante o tempo em que você morou longe das paragens São-gonçalenses a sua terra-mãe nunca lhe esqueceu, e como em um conto de Dickens ansiava pelo seu retorno e quando este se deu em meados da década de 1980 alegrou-se como o pai do filho pródigo, conforme nos conta o Capítulo 15 do Evangelho Segundo São Lucas.
Josemar, como filho exemplar de sua terra natal, caminhou nas mesmas pegadas do dominicano Gonçalo de Amarante. Podemos encontrar na história do Santo Padroeiro do Distrito que o mesmo também ficou um período longe de sua terra natal, sendo que a saudade e a vontade de ajudar foram motivos mais do que suficientes para retornar; assim também aconteceu com o nosso intrépido autor, que acossado pelo desejo de servir aos seus conterrâneos toma para si a tarefa hercúlea de escrever a saga destes homens e mulheres bravos e determinados que construíram com as próprias mãos um lugar próspero, e como diz Josemar... Encantador.
Apesar da vontade de continuarmos essa brevíssima análise desta empolgante e cativante obra literária não podemos falar muito para guardar todas as surpresas para o leitor que, com certeza, apreciará cada página como se estivesse saboreando um prato preparado com muita dedicação e zelo.
Porém, por mais que aqui nestas poucas linhas se dissesse, ao ler São Gonçalo: Fragmentos da História o leitor pode ter certeza de que a comparação entre essas linhas e o conteúdo do livro seria bastante semelhante ao que ocorreu com o vinho nas bodas de Caná na Galiléia, conforme nos conta o Evangelho Segundo São João, no Capítulo 2, versículos de 1 a 11: “Todo mundo serve primeiro o vinho melhor (...). Mas tu guardaste o vinho bom até agora!”
Parabéns Josemar, São Gonçalo: Fragmentos da História já é, indubitavelmente, uma das grandes obras de nossa literatura.
Muito Obrigado!
Fiquem todos e todas com Deus!
Frank Wagner Alves de Carvalho