O porque da busca do conhecimento maior.
Solitário em meus questionamentos sempre me questionando tenho como felicidade o caminho eterno da busca do conhecimento, que não tem fim e por isso mesmo só é prazerosa se se ama trilhá-lo.
Qual jeito mais eficaz de se chegar ao conhecimento se não aquele solitário?
Digo conhecimento do jeito que um só existe, aquele próprio e pessoal. Temos muitos pensadores famosos que ao longo da historia vieram destilando suas peças de sabedoria em obras e compêndios e hoje mais do que nunca estão disponíveis em níveis muito mais acessíveis que em outros tempos.
Precisa-se conhecê-los todos? Não acho. Muitas vezes já me vi formulando alguns pensamentos e bem depois vim a descobrir que algum filosofo já o havia exposto de forma mais elaborada em algum lugar do passado. É uma imensa alegria saber que em suas próprias trilhas mentais chegaste ao mesmo nível que os antigos gigantes.
Mas como dar a um só ou dois pensadores a honra de estarem certos?
Todo o conhecimento é um só que vai se desenvolvendo conjuntamente e cada década que se passa ele vai se aprimorando e aumentando, antes em numero de obras, mas logo depois em qualidade. Daquela que nos faz meditar e saber que nunca chegaremos a um pensamento fundamental comum, mas sim sempre estaremos gratos de seguir nessa rota.
Deveríamos ser apressados e impacientes?
Uma coisa que se clarifica em minha mente a cada dia é que a maioria das pessoas é contagiada, atualmente, pelo efêmero dia a dia que é frenético e auto renovável a cada dia. Elas não tem a paciência de cultivar algo a fim de no futuro colherem os frutos, sejam eles amargos ou doces. Elas querem o imediatismo e a busca pelo conhecimento é lenta e gradual, requer muita paciência e determinação, seja qual for o método usado para alcançar tal objetivo (que por si só é inalcançável).
Então estariam as pessoas fadadas a eterna ignorância?
Creio que o tempo, por si só trás clarificações as mentes das pessoas e décadas de vida trazem questionamentos que por si só vão incomodar. Mas a uma mente não preparada elas são disfarçadas pelo momentanismo da obtenção de prazeres. Esses que devem ser renováveis a cada dia para que questões mais profundas não adentrem na consciência. Ou então se ocupa com o trabalho e a noção de sobrevivência ofusca todos os instrumentos mentais que se possui. Quem não dá tempo para aflorarem questões importantes fica se auto enganando eternamente.
Seria valido viver de efemeridades e ser feliz?
É lógico que a cada passo no rumo do conhecimento mais inquietações temos e que essas inquietações tornam o espírito inconstante. A felicidade está em saber-se no caminho do saber, do conhecer, do clarificar e que essa opressão vinda desse caminho seja agüentada com força e determinação. A quem escolher as felicidades efêmeras do dia a dia simplesmente estará se enganando e indo diretamente na direção oposta do progresso. Como negar que nós temos que evoluir e com isso tornar nossa existência melhor e mais aceitável?
Eu tenho fé e ela me conforta do mesmo jeito que torna a existência aceitável!
A fé é a recusa de questionamentos, do momento que não se questiona é como sentar em um banco da trilha do saber e se conformar com o lugar em que se está. A conformidade é a total inimiga do conhecimento.
Mas se você nunca se conformar estará fadado à angústia.
Nunca disse que a trilha do saber é uma trilha reconfortante e sim sempre inquieta, mas totalmente verdadeira, não é uma ilusão e não é uma vida que te vive e sim você vivendo a vide que escolhe.
Eu escolho a minha vida, sempre!
Estamos sempre envolvidos pelo nosso contexto cultural onde valores dominam sobre nós, que somos inseridos intrinsecamente nesse ou outro canto do mundo. Você a princípio não escolhe nada é obrigado pela noção de dever para com seus próximos a seguir tal rumo. Você acaba sendo escolhido por uma forma de viver normal e esquece que pode escolher o que quer ser. Essa noção de dever para com os outros, transtorna seu eu intrínseco e o transforma no caminhante de caminhos já escolhidos. Se não se libertar de todos os valores forçosamente inseridos em você nunca saberá se quem realmente é e nem se suas escolhas são suas ou da vida que lhe vive.
Mas escolher dentre as opções que me dão é escolher do mesmo jeito.
Ao que parece sim, mas na verdade não o é. Você passa sua vida toda atolado de tarefas pensando no futuro. Pelo menos em nossa sociedade ocidental já se começa a estudar com vista no futuro e no conforto que se poderá ter. Esquece-se o agora e vive-se para o futuro. Mas o único momento que tens é o agora e viver para o futuro é de tal forma ignorante que destrói o ser. Assim como nas religiões se vive para o futuro, na esperança de que ao morrermos seremos absolvidos para uma vida após a morte, esquecendo o momento único e possível de viver que é o agora.
AH muito bom! E a gente vive o agora e se fode no futuro porque não tem dinheiro?
Nunca disse que deve-se esquecer completamente o que se vai alcançar no futuro, mas viver o agora intensamente para que a cada passo o futuro se consolide de forma a completar sua vida do agora. Viva para o agora na construção imediata de sua própria vida e o futuro estará lhe esperando com louros, já que o futuro será o próprio agora deslocado no tempo. Todo o tempo que tens para viver é o agora e se se priva de viver e aproveitar e gozar a vida agora para a aproveitar no futuro nunca a terá aproveitado.
OK então, como que eu vivo o agora e escolho as escolhas certas?
O único jeito de viver o agora em toda sua intensidade e possibilidade é amando. Amar é a potencia de aproveitar o que se está vivendo. Podemos dizer que sempre que se deseja algo, se deseja porque não tem e do momento que se conquista o desejado ele para de o ser. Mas isso se aplica ao nosso modo consumista e efêmero de ser em termos materiais. Se conseguirmos chegar ao ponto de desejar o que temos e com isso amar e fruir do que conseguimos a vida se torna mais prazerosa e vivemos o agora. Muitas vezes se faz o que não gosta e na maioria das vezes se faz por obrigação ou sentido de dever e são essas atitudes de degeneram o ser intrínseco dentro de cada um transformando-os em meros bonecos do sistema e da cultura em que vivemos.
Ah mas eu amo minha família, amo meu(inha) companheiro(a), amo viver!
Chegando a esse ponto tenho que concordar de que é impossível amar aos outros sem estar completamente limpo e amando-se a si próprio primeiro. Amar ao próximo é uma forma fácil e escapista de esconder as próprias inseguranças depositando nos que o circundam uma noção de proteção ilusória. O único amor é o amor próprio que quando alcançado se propaga a todos os outros seres, pois descobre-se que cada atitude que se tem, ao amar-se a si mesmo de forma completa, deve ser entendida como uma atitude que pode ser aplicada a todos e por isso mesmo ser benéfica. Já que quando se tem uma atitude egoísta ou de qualquer outro jeito que fira o próprio ser ela vai ser maléfica para você mesmo e a maioria das pessoas.
Daí complica, como que vou ter certeza que eu me amo, então?
Nunca terás a certeza, saber que se ama é igual estar apaixonado, simplesmente se sabe que está. E o caminho do conhecimento o torna forte o bastante para ser auto critico o suficiente a fim de descobrir defeitos e pequenas falhas de conduta que vão amadurecendo o amor próprio. E ele se dá na forma de que sabe-se nunca estar certo em tudo e sempre tem o que aprender com qualquer pessoa e experiência que se tenha, das mais variadas formas de ser e existir.
E mesmo depois de saber disso tudo, se eu não quiser seguir uma vida que busque uma ascensão do conhecimento? Porque eu deveria querer isso?
Por mais de dois milênios vemos a evolução do homem bicho como forma de desenvolvimento a nossa volta. Cada vez mais nos distanciamos do cuidado original e vamos em direção a destruição de valores, relacionamentos, da natureza, do mundo. E hoje mais do que nunca o mundo vai de mal a pior e só por uma coisa, pelos sentimentos inferiores do homem, como cobiça, egoísmo, ganância, ambição etc. Poderia ficar enumerando todos eles até completar paginas e paginas. A busca pelo conhecimento é o amar o presente e o momento vivido agora respeitando e conhecendo tudo a sua volta de forma a cuidar do essencial de nossas vidas. Sem com isso buscar uma felicidade efêmera momentânea que não liga para nada mais do que ela mesma e com isso destrói pouco a pouco toda a vida humana e todas as conquistas feitas até hoje só servem para beneficiar poucas pessoas e destruir grande parte das formas existentes de vida. Buscar o conhecimento através do caminho penoso do auto conhecimento e do saber mais apurado possível é a única forma de parar com essa máquina de destruição que o homem se tornou.