Triste poema para posfácio
Um dia estarei inscrito na lápide. Um ou outro livro escrito à mão guardado em uma gaveta. Já não serei e estarei perpetuamente gravado nas colunas do grande Oriente. Na imensidão das palavras meu nome será ínfimo e no coração que mais me importa já sou esquecido. Um poeta que jaz vazio, cheio de saudades. Um escritor que jaz em triste lamento a ânsia de terminar seus dias ao lado do melhor vinho que essa vida já mo deu. Contudo, hoje penetra na própria alma e sondando-a, encontra nela o fragmento da melhor parreira onde deliciava seus cachos... Cessa o fôlego, cala a pena... Sobram saudades. Na finitude da vida penetro a eternidade da existência. No silêncio do ataúde um desesperado coração... A epígrafe e o posfácio não deixarei ... Vazio retorno ao ventre, de onde nu eu nasci. No ventre da madre me tolho, perdido nos braços que me carregavam na hora da dor... Não há lamento nem pranto... O poeta já não é... Agora vazio... Sempre teu, vinho que não me cura, eterna namorada... Despede de ti a minha alma... Vazia, fútil, frívola sem tua presença...