Homilia na ordenação diaconal e sacerdotal de Lucas e Lindemberg, aos 14 de julho de 2017 em Rubiataba
Irmãos e irmãs no Senhor,
01.Bendito seja o Senhor nosso Deus que nos reuniu em sua casa nesta noite memorável para esta festa tão importante: a celebração da ordenação sacerdotal do Lindembergue e a diaconal do Lucas Henrique. Nos alegramos por este momento tão sublime que a Divina Liturgia nos reserva na história de nossa Igreja Particular de Rubiataba e Mozarlândia.
02.Deus nos conhece desde antes da nossa formação no ventre de nossa mãe. O conhecimento divino é puro amor. Não há maior certeza do que esta: Deus nos ama com amor eterno. O seu chamado é algo tremendo, apaixonante que marca a vida de todos nós.Somos frutos dos desígnios de Deus, do seu amor misericordioso. Ele nos chama, nos consagra e nos envia. Não há porque temer o chamado, mas devemos responder com amor e coragem. A missão decorrente do chamado não é um peso ou um acorrentamento, mas um impulso de amor e dedicação.O sucesso da resposta ao chamado está na submissão ao poder da ação da Graça de Deus em nós. Jesus nos adverte: não tenhais medo, eu venci o mundo (Jo. 16,33). Quem tem Cristo não tem medo e nunca abandona a missão. Ele está em nós e conosco caminha.
03.Os ministros sagrados, sacerdotes e diáconos, são chamados por Deus para serem os homens destemidos no anúncio da Palavra de Salvação. Este anúncio se dá com ênfase em favor dos pobres deste mundo. Tanto o padre quanto ao diácono são servidores do Cristo pobre nos pobres, nos esquecidos, nos maltratados e marginalizados. O gesto da imposição das mãos que transmite a força da tradição apostólica aos ordinandos, remonta à origem da Igreja, carregada de sentido e mistério: traz consigo uma marca divina e uma missão concreta, a do próprio Senhor que veio buscar o que estava perdido. A centralidade do ministério ordenado está em Jesus Cristo, o Bom Pastor que dá a vida pelo rebando e cuida de cada ovelha, sobretudo das tresmalhadas e busca as afastadas do redil, bem como as que se perderam do rebanho.
04.Na antiguidade, Desde Homero, os reis são os pastores dos povos; este título é especialmente compreendido pelos nômades. Também na Bíblia, se Deus é tido como rei, é também opastor de Israel, como o indicam os Salmos (23; 74,1; 78,52; 79,13; 80,2; 95,7) e os profetas,quando anunciam a obra futura de Deus entre seu povo, a comparam às inquietações ecuidados de um bom pastor (Is 40,11; Jr 31,10; Ez34,11.16). Como David era pastor eele também era o tipo do Messias, nada mais natural se representar o Messias comopastor. Em Jeremias (23,4) os bons pastores sucederam aos maus procedentes da casade David, mas em Ezequiel (34,23) podemos ler: “Eu lhes suscitarei um só pastor quelhes apascentará, meu servidor David; e ele os apascentará, e ele será seu pastor”. Este pastor é o Messias, o Cristo Senhor.
05.A função de pastor é messiânica, enquanto que o Messias é rei, e quando representaDavid, é o representante de Deus, pastor de Israel.A bondade de Jesus transparece em três aspectos importantes: 1. Ele dá suavida pelas ovelhas, garantindo-lhes segurança ou salvação. 2. Ele desfruta deconhecimento íntimo com cada uma das ovelhas, e cuida delas como tal. 3. Ele tem umafeto genuíno por cada ovelha, protegendo a cada uma do perigo e suprindo-lhes asnecessidades.
06.A missão que nossos ordinandos recebem hoje de Cristo através da Igreja, mediante o mistério do Sacramento da Ordem, os configura ao mesmo Senhor e Cristo, o Bom Pastor, nestes três aspectos essências à vida dos que desejam de verdade serem ministros do Deus Altíssimo e santíssimo:
07.1. Ele dá sua vida pelas ovelhas, garantindo-lhes segurança ou salvação. O sacerdote e o diácono são chamados a doarem suas vidas ao Povo de Deus como homens que buscam a santidade e uma configuração permanente ao Cristo pobre, casto e obediente. O principal segurança que os fiéis querem encontrar nos seus ministros ordenados é a autenticidade e uma vida ilibada, santa, profundamente arraigada na oração. A humanidade inteira e o conjunto da cultura atual vivem uma crise de desmoronamento nunca antes assistido. Por estar imersa no mundo, a Igreja vive dentro dela os efeitos dessa lamentável situação. Muitos escândalos e infidelidades temos assistido no interiordo conjunto mundial do clero. Por que tais iniquidades? Porque o Clero católico é de Direito Divino, desejado e instituído por Nosso Senhor, por isso tão tentado pelo demônio. Essas avalanches do mal acontece na vida dos ministros ordenados quando estes não vigiam, não ora de verdade, não buscam na Palavra de Deus o seu alento, quando a Liturgia e a ação dos sacramentos são desprezadas, quando não se abastecem com a unção do Espírito Santo para manter o equilíbrio dos sentidos e o bom direcionamento da vida virtuosa. Mas é neste tempo de crise e futilidades que Deus quer chamar vocês, jovens e seminaristas, a serem padres santos para santificar o nosso tempo. Só a Igreja pode santificar o mundo e só o pode fazê-lo pelas mãos dos sacerdotes que nos oferecem Cristo nos sacramentos.
08.Não há nada maior neste mundo do que a missão de um ministro ordenado, sobremaneira do sacerdote. Ser padre é a missão mais sublime, pois é uma configuração plena, ontológica de um homem chamado pelo próprio Senhor. Digo a vocês, queridos Diácono Lindemberg e Seminarista Lucas Henrique, tenho 31 anos de vida sacerdotal e lhes atesto a minha alegria por ter respondido ao chamado de Deus. Sou um homem profundamente feliz e realizado no meu ministério, mesmo com minhas limitações humanas. A minha felicidade é o altar, as coisas santas, o trabalho missionário e o nosso amado Povo de Deus. O que lhes recomendo nesta noite, caros ordinandos, é que amem a Deus sobre todas as coisas e tome consciência da grandeza do ministério que hoje a Igreja lhes confere no ritmo retilíneo da sucessão apostólica. A exemplo do Senhor Jesus sejam homens próximos do rebanho.
09. 2. Ele desfruta de conhecimento íntimo com cada uma das ovelhas, e cuida delas como tal. Nós, ministros ordenados, somos chamados a vivenciar de forma concreta esta unidade com o nosso povo. Somos cuidadores das almas que buscam a Deus. Não podemos ser distantes das pessoas e muito menos ficarmos alheios aos seus desafios e às suas dores. A Igreja de saída que pede o Santo Padre, o Papa Francisco, passa por essa dinâmica: os pastores próximos do povo, unidos às ovelhas, mostrando-lhes solidário e com a grande preocupação de leva-las a Deus. O rebanho não é nosso, as ovelhas não pertencem a nós, são os tesouros do Senhor que devemos ajudar a zelar com empenho e cuidado. Impressiona-nos a bondade e a generosidade de nosso povo para conosco; os ministros que vivem honesta e retamente seu ministério são enriquecidos com o carinho do Povo de Deus que tanto nos ama. Deus seja louvado pela nossa Igreja e por tantas pessoas que nos ajudam a serem pastores vigilantes.
10.Nossas paróquias são pequenas; em pouco tempo o pastor tem condições de conhecer bem o rebanho e penetrar o íntimo de cada filho e filha a ele confiados. O atendimento às confissões e a direção espiritual são os caminhos indispensáveis para santificar as pessoas e toda a Igreja. Na paróquia precisa-se ter dias definidos para as confissões e atendimentos da parte do sacerdote. Não pode haver pastoral e serviços sociais paroquiais frutuosos se não houver esse primeiro e fundamental cuidado das ovelhas. O essencial nunca pode ser precedido pelo acidental, pois criaria uma ilogicidade prejudicial ao projeto de evangelização, de catequese e da formação do Povo de Deus. O Senhor Jesus foi próximo das ovelhas e se preocupava com todos os aspectos de suas vidas.
10. 3. Ele tem um afeto genuíno por cada ovelha, protegendo a cada uma do perigo e suprindo-lhes as necessidades. Os servidores da Vinha do Senhor, como ministros ordenados, não pode fugir a essa prática de Jesus: ser homens afetuosos para com as ovelhas do rebanho. Este afeto não pode ser exclusivo a esta ou àquelas ovelhas. O Padre deve amar a todos sem distinção, pois não há umamais importante do que outra na comunidade. A unidade que o ministro sagrado propõe com seu trabalho impede o surgimento de grupos individualistas que desejam dominar os carismas ou simplesmente estragar a vida comunitária com seus desdéns.
11.Muito agradecido pela entrega dos senhores a Deus nesta Igreja, como nossos imediatos colaboradores, dou-vos as boas-vindas ao nosso clero diocesano, peço a costumeira acolhida de nossos padres aos que ora serão ordenados e ao Povo de Deus para que orem por eles para que sejam homens santos e puros diante de Deus e dos homens. Por fim, rogo as bênçãos intercessoras de nossa Excelsa Padroeira Diocesana, Nossa Senhora da Glória, sobre estes queridos e amados filhos, sobre seus familiares e amigos aqui presentes e sobre os trabalhos que farão ao longo de suas vidas nesta Diocese. Deus seja louvado sempre. Amém.