Direito de quem?
Sabe que ja faz um certo tempo que parei de acreditar que nós devemos ser felizes em nossas vidas. Não acredito que sucesso, amor, companhia, posses, e todas aquelas coisas, sejam frívolas ou poéticas, tenham à ver com felicidade. Desse modo pode-se ver a situação em dois parâmetros: em ter o direito de ser feliz, ou então a capacidade/necessidade de ser feliz.
Diz-se que todos temos direito à vida, mesmo ela nunca termos solicitado, teríamos então direito de sermos felizes? Quem ou o que dita isso? Nós mesmos, ambiente que nos inserimos, companhias, status social, nossas atitudes, tudo isso junto? Já me peguei questionando esse meu suposto direito. Se pare que ele seja exercido falta apenas eu me permitir, talvez demore, talvez não venha, talvez eu nem goste.
Mas daí que surge a dúvida, mas eu preciso mesmo disso? Será que ser feliz está mesmo designando o ápice da minha vida emocional? É só olhar em volta e ver todos os problemas que a felicidade traz, seja ela real ou forçada: inveja, reancor, ódio, ícuinha, puxasaquismo, além de outras coisas. Pouquíssimas pessoas genuinamente sentem-se felizes com a felicidade alheia. Olha nas redes sociais, em qualquer novela meia boca, naquele teu amigo que tá constituindo família ou foi promovido, como se sente sobre eles todos? Se genuinamente alegre por ver o sucesso alheio, ótimo, poucos são como você.
Tenho optado pela melancolia, pelo café morno acompanhado só de leite mesmo, as tardes frias sozinhas de domingo. Optar pelo papel, pela cama vazia, pelo balcão do bar, por um filme ruim, por uma caminhada noturna, tudo isso tem um retorno, uma sensação de ser aquele grão de areia que entrou no olho de alguém na praia, mas que passou despercebido em meio à tempestade.
Não precisar estar feliz também acalma, tira muita pressão. Não preciso demonstrar, só sentir já está bom. Sou feliz em não ser feliz.
2016