DISCURSO DE ÓDIO NAS REDES SOCIAIS
Discurso de ódio, por que é mais fácil odiar do que amar?
Conforme o art. 5º da constituição federal, somos todos iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza.
Ok!
Mas o que vemos é o desrespeito contínuo. Quando um “marginalizado” se empodera e é dono de seu discurso, fica nítido o desconforto de seu “colonizador”. Subverte-se assim a ordem do dominado. A quebra do etiquetamento social causa desconforto. Basta ter acesso a qualquer meio de informação de forma ampla que poderá analisar o discurso, de acordo com a doutrinação exigível naquela redação. Ao ouvir um jornal falado (encenado) pode-se escutar, “vândalos depredam prédio público em Brasília”, como pode ouvir “manifestantes fazem ato contra violência truculenta dos poderes Estatais em Brasília” dentre outras maneiras, o que isso quer dizer? Por trás de qualquer discurso, ato ou fala há um discurso político (no sentido aristotélico da palavra) ideológico impregnado, mesmo que seja de forma inconsciente.
Desde criança somos levados a crer que há grupos que devem ser vangloriados e grupos que devem ser desprezados. Eis a semente do ódio plantada. Quando adquirimos reflexão, conhecimento diverso e floreamos os pensamentos, surgem os questionamentos. Mas é nítido que a cabeça é um grande canteiro bem estercado aonde pode vingar várias formas de pensamento, mas poucos conseguem desenvolver a empatia, alteridade, o amor em plena existência, pois até esse hoje já se confunde com posse. Poder sobre o outro. Amar é difícil, amar a si próprio é difícil, amor o próximo, amar o outro apenas por amar quem ele é e não pelo que ele tem. Amar é um exercício diário, todo minutos devemos exercê-lo. Mas odiar é mais fácil. O olhar do desprezo no olhar das pessoas. O olhar de julgamentos. O olhar sobre o ombro arqueado.
Confunde-se facilmente discursos de ódio com liberdade de expressão. Dizem que a linha é muito tênue, como se fosse um fio de teia de aranha, o fio da teia de aranha pela espessura que tem é visto como mais resistente que a do aço, eis a diferença. Quando dizem que é facilmente confundível é porque você não enxerga o outro como se enxerga a si mesmo. Ninguém ficaria confortável em fazer discurso de ódio, se enxergasse o outro como se enxerga. É de maneira simples identificar um discurso de ódio, basta aplica-lo a você, a sua maneira, se ele te ferir certamente é um discurso passível de ser encarado como de ódio.
Qualquer ato que inferiorize uma pessoa por gênero, etnia, nacionalidade, religião, orientação sexual, corpo, especificidades são passíveis de serem enquadrados como discurso de ódio, uma tentativa de aniquilar o outro pela sua existência. Muitos estudos da psicologia remetem esse discurso de ódio ao medo latente de quem faz o discurso ou o reproduz se tornar o outro, o desejo escondido de ser, estar com o outro. Mas não é tão simples assim. Afinal estamos a todo momento nos deparando com discursos de ódio. Seja em São Paulo quando remetem às pessoas que precisam de uma atenção psicossocial como lixo humano. Seja no Rio de Janeiro quando secretário de segurança pública diz, liberem logo o aborto que vamos matar bandido na barriga das mães, seja em Goiânia quando policial causa traumatismo em manifestante e é vangloriado por determinado grupo, era apenas um vagabundo.
Enfim, o discurso do ódio está em todos os locais e parecem que estão aquiescidos por poderem dizer que é liberdade de expressão. Liberdade de expressão não é discurso de ódio, assim como discurso de ódio não é liberdade de expressão.
Sejamos coerentes e responsáveis por nossos atos. Deixem o cu alheio em paz e cuidem do cu de vocês. Muitos podem achar agressivo esse tipo de colocação, mas é um artigo científico, deixem o cu alheio.
Deixem as pessoas se amarem, deixem as pessoas serem o que elas são, pessoas. E se você tem medo do outro, procure entender o seu medo, em vez de odiá-lo, ame-o. Amar o próximo como a ti mesmo, parem de crucificar cristos e redimam de seus pecados. Não atirem pedras, não atirem palavras, não atirem balas, não façam mal ao outro.