A PILHAGEM E SUAS CONSEQUENCIAS SOCIAIS
Não acredito que um meteoro, uma praga, enchente, seca, calor, frio, vento, ou algum outro fenômeno natural venha extinguir por completo a nossa espécie. Já passamos por centenas de catástrofes ao longos das eras e sobrevivemos nos adaptando ao ambiente. Acredito que a única maneira de nossa raça ser exterminada, seria se de algum modo no geral, viéssemos a não mais a seguir de modo coletivo, os conjuntos de leis que criamos para respeitamos os espaços um dos outros. Nesse dia a humanidade poderia vir a cair. Diferente de outras espécies, se não houver leis escritas, e o policiamento dessas leis por autoridades constituídas, a maioria de nós não sabe respeitar o espaço uns dos outros e desse modo, a anarquia nos levaria a uma total aniquilação. Nesse ponto de vista, não posso dizer que somos tão evoluídos assim, já que decidimos ser morais apenas por força do medo do castigo, e não pelo respeito que deveríamos ter pelo uns pelos outros. A anarquia seria nossa maior ferramenta de destruição em massa nesse modo de ver.
Um dos distúrbios sociais mais antigos em nossa espécie e que já causou a ruina de vários povos e até a destruição de reinos inteiros é a pilhagem. Seja como recompensa de guerra, seja proposital ao caminheiro individual, seja intencional a uma linha de produção, a residências, ao patrimônio público ou privado, esse mal, tem estado enraizado há séculos em nossa história e acredito que deveria ser o mal com preferência de número 1 de erradicação.
Tem se tornado difícil sua erradicação ao longo dos tempos, pois por incrível que pareça, ela estar enraizada até nos setores que se dizem ser os pilares morais de toda sociedade, que é o sistema religioso, sendo que em dezenas de textos várias pessoas tem interpretados atos de pilhagens como sendo atos heroicos ao longo dos tempos pelos líderes religiosos. Livros sagrados de várias religiões ao redor do mundo, contabilizam saques, roubos, extorsões, invasões e genocídio em massa como sendo um feito admirável por seus patriarcas da fé e não como algo vergonhoso de ser praticado. As histórias contadas de tais personagens são repetidas diariamente de gerações a gerações por seus seguidores de pai para filho, como se aquela ação vergonhosa fosse uma providência divina, uma ordenança dos deuses ou coisa do tipo. Na bíblia por exemplo, chega aos milhares as citações de pilhagens feitas por vários personagens importantes aclamados e tidos como referencias pelas lideranças, cujos feitos são exibidos nas liturgias sagradas como a coisa mais grandiosa feita por aquele indivíduo, mesmo quando os atos foram atos de covardias e traições. Louvores e glória são dadas pelo saque, morte e roubo cometidos por essas pessoas de forma constantes em vários ritos litúrgicos. Se quisermos evoluir, nossa sociedade precisa ver o roubo, a pilhagem e a invasão de propriedade privada com nojo, asco, desprezo e não com admiração, independente se foi realizado por um personagem do presente ou do passado, de dentro ou de fora de círculos religiosos. Não há heroísmo algum nesses atos. Barbárie é barbárie, independente se foi praticada por um religioso ou não religioso. A História destas pessoas foi passada para nós como sendo um feito heroico e nós repetimos o tempo inteiro como se realmente fosse. Uma das instituições que mais respeitamos desde os mais remotos tempos, é a instituição religiosa por isso tudo que é dito por seus representantes é tido como certo e verdadeiro, independente do que seja dito. Precisamos rever esses conceitos se quisermos uma sociedade mais saudável. É por esse método de aceitação religiosa, que ficamos irado e queremos lixar um ladrão de galinha pego no ato, que roubou apenas pra se alimentar, mas não fazemos conta de bilhões que líderes políticos desviam por vaidade e ganancia. O sentimento religioso de proteger personagens bíblicos é o mesmo sentimento que permeia e nos impede nos manifestarmos com personagens da política.
Na Bíblia por exemplo, no capítulo 14 do livro de Genesis em um fato na história do patriarca Abraão, tido como pai das 3 maiores religiões ocidentais, narra uma história, que é interpretada de forma heroica pelas lideranças religiosas onde consta uma pilhagem depois de uma guerra, e o pagamento de dizimo a um sacerdote local, usando o produto roubado como forma de gratidão. Somos hipócritas o bastante para concordar que um genocídio causado por alguém que não seja um personagem bíblico é obra do demônio, mas se o mesmo feitio for de uma personagem bíblico ou ligado a uma religião, daremos ao mesmo ato o nome de obra de Deus. Moisés, Josué, Davi, Sansão, Salomão e outros 15 reis ou juízes das 12 tribos juntos, teriam com certeza causado mais mortes e pilhagens do que as que Adolfo Hitler causou, caso aqueles vilarejos destruídos por eles naquela época, fossem tão populosos como são nos dia de hoje. Atribuímos a Hitler e suas ações como obra do capeta, quanto que aos personagens bíblicos dizemos que esta ação foi pura e unicamente guiada por Deus e damos graças a Ele cada vez que fazemos essa leitura. Até festas religiosas foram criadas a partir de tragédias alheias, para celebrar anualmente a desgraça do outro.
Qual a diferença entre os generais de Hitler e os generais do antigo testamento? A única diferença estar em como a história nos foi contada pelos povos daquela época e foram introduzidos a outros povos sem a livre escolha de questionar. Afinal, quando se diz que algo é sagrado, estar fora de cogitação questionar tal sacralidade. Tornar sacro o que não é sacro sempre funciona para combater o bom senso. Crer e obedecer viram mandamentos e não opção de escolha no campo da fé. Histórias de cunho religioso são nos passado em sua maioria como epopeias, mas muitas delas não passam de tragédias. Qualquer um que enxerga de modo diferente será alvo de duras críticas e até de atentados a própria vida. A sociedade clama por algo novo, mas não consegue se desligar dos mitos do passado e seus atos de “heroísmos”. As ações de alguns personagens bíblicos são verdadeiros atentados a ordem e a sociedade organizada mas são tidos como atos sagrados pela visão comum. É terminantemente proibido nesses círculos, discordar que atos de vandalismos e genocídios não sejam atos proféticos ou de inspiração divina. Qualquer um que procura por os “pingos nos is”, é automaticamente tido como herege, ateu, endemoniado e fica sujeito a excomunhão e se torna proibitivo por parte da liderança qualquer vínculo de relação com estes. Se torna imoral, aquele que classifica o desumano como imoral. Até a falta de humanidade tem de ser encarada como obra de Deus, vontade de Deus ou providencia divina.
Se os personagens bíblicos ou suas histórias são reais não importam nesse quesito. Importa a importância que damos aos detalhes de sua interpretação. O que absolvemos da história tem muito mais impacto que provar que elas sejam verdadeiras ou falsas. Histórias servem como referências. Toda sociedade tem. Quando não temos referencias criamos mitos para ter uma referência. Tem sido assim aos milhares de anos. Não precisamos abolir nem demonizar certas histórias das tradições religiosas, apenas dar o real valor que a elas lhe compete, desse modo no inconsciente coletivo poderemos causar uma mudança no modelo de heroísmo e ver as virtudes como algo bom a ser seguido, e não contrário. Há vários personagens esquecido em todo mito religioso e não religioso que podem nos trazer um maior proveito. Acontece que somos tendenciosos a decorar e repetir com maior facilidade historias cujo teor seja, violência física e sexual, traições, assassinatos e guerras. Outras histórias tendemos a esquecer mais facilmente.
Vejam este fato: diariamente a mídia mostra atentados contra a vida e a ordem pública praticados por mulçumanos direcionados a cristãos e judeus como sendo um ato terroristas. Segundo a própria bíblia, judeus tocou terror por onde passou por vários séculos e hoje aqueles fatos são vistos como sendo a mão de Deus em juízo contra outros povos mesmo quando cidades inteiras foram destruídas simplesmente por estarem no caminho daquele povo. Os cristãos, por vários séculos também espalhou terror entre vários povos e eram chamados de cavaleiros de Cristo a serviço do próprio Deus na terra. A história se repete até hoje e o mal que causamos a outro é tido como um ato heroico. O mesmo mal quando fazem a nós é chamado de terrorismo...sempre tive dificuldade de entender isso. Para quem estuda a história secular de modo neutro, vai perceber que as maiores festividades religiosa de alguns povos são aquelas que celebram o dia de uma vitória sobre uma guerra que seus antepassados tiveram e fazem questão de lembrar anualmente a desgraça um do outro. Clamam por paz, mas passam na cara um do outro todos os dias a derrota em combates milenares. Fica difícil conseguir a paz, quando alguém esmaga outro, humilha outro e ainda faz questão de estar lembrando o tempo todo.
Em nossa sociedade atual, a pilhagem é algo cotidiano e tem se tornado comum e corriqueiro em casos como roubos de cargas, em extravio de mercadorias, entre empresas e pessoas, em assaltos a bancos, no assalto a mão armada ou no furto quando ninguém ver, e tem se expandido até para o mercado o da fé, quando lideres inescrupuloso vendem bugigangas ungidas como se fosse algo útil a vida de quem compra. Indiretamente e de forma sutil, metem a mão no bolso do povo, e tiram o fruto do labor diário de outrem da forma mais descarada possível e ainda chamam isso de obra de Deus. Pilhagem com uma nova roupagem. De forma geral, há um desespero coletivo em despir o que dorme ao relento, ao invés de lhe construir um abrigo.
Desde os tempos mais remotos, as pessoas de mente medíocre, desejam a todo custo levar vantagem sobre o outro, não importa a forma, e por isso não medem consequências para se apossar do que é do outro. Não importa se estar saqueando aquele agoniza a beira de um caminho após um acidente, se estar saqueando bancos, empresas, a prefeitura, o planalto ou congresso. Se apossar da mais valia é o que importa. Alguns põe a culpa disso no capitalismo, como se a emissão do capital (dinheiro vivo) fosse o causador desse mal, mas se estudarem a história, verão que qualquer coisa que as pessoas agregam valor, será objeto de cobiça e não apenas papel moeda ou pedras preciosas. Na época do descobrimento do Brasil por exemplo, pimenta do reino, açúcar, sal e outras especiarias valiam tanto com barras de ouro valem hoje. Ter um quilo de açúcar ou de pimenta em sua casa era símbolo de status. Se por algum motivo a merda humana começasse a ser usada hoje como moeda de troca, tenha certeza, seriamos assaltado até pela tubulação sanitária em nossas residência. Não importa o objeto. Quando todos passam a valorizar alguma coisa, aquilo vira motivo de disputa, cobiça e até mortes.
Gerações vão e vem e as coisas pelas quais lutamos ficarão ai para outras pessoas possuírem depois de nós, principalmente se forem objetos feitos de metais ou pedras preciosas. Na verdade, cunhamos o termo “precioso” baseado na procura ou escassez de alguma coisa e não exatamente pela sua utilidade. As pessoas vão até o céu ou cavam até o inferno se for dito que ali há algo de valor. Mas todo valor só é valor se houver quem se interesse por aquele objeto. Uma tonelada de diamantes para nada serviria ao sobrevivente de uma naufrágio isolado na ilhota mais remota do mundo, porem algumas gramas desse mesmo mineral poderia dar luxo e conforte a essa mesma pessoa numa sociedade onde todos endeusam essa pedra. No mundo das “socialites” pagam se fortunas por gemas coloridas. Numa tribo indígena sem contato com a sociedade as crianças brincas com essas pedras sem ganancia nenhuma. Nada vale se não damos importância. Qualquer coisa passa a ser preciosa mediante o valor dado a ela. A pilhagem deixará de ter importância, quando olharmos com desdém ao que usa dessa prática e rejeitarmos suas ofertas.
Toda sociedade paga com o efeito das pilhagens. Algumas pessoas não se importam com isso e se acham santas quando dizem: “aquela carga tem seguro”, “ o seguro vai cobrir o prejuízo sofrido a empresa”, “estou pagando pela mercadoria, se foi roubada ou não, sei que estou pagando”. Santa hipocrisia! Por trás de qualquer empresa, corporação ou pessoa jurídica, há sempre uma pessoa física, que poderia estar fazendo qualquer coisa com o dinheiro dela, mas resolveu apostar na incerteza e inconstância do mercado, para gerar produtos ou serviços que trazem comodidades as pessoas, sem falar que qualquer prejuízo sofrido, também pode causar dor, magoa, sofrimento e até falência aquele indivíduo que coopera ativamente para o desenvolvimento social.
Por outro lado, acontece, que no preço de qualquer mercadoria que compramos, vem embutido o valor da matéria prima, da mão de obra, dos serviços de transportes, da propaganda, da equipe de vendas, do aluguel do prédio, do seguro do armazenamento, do seguro dos transportes, do seguro empresa que irá distribuir, dos funcionários da empresa, etc, etc. Do momento em que se produz algo até chegar ao cliente final há todo um processo e custos para isso. Quanto mais perto for a linha de produção e a linha de consumo mais barato fica, quanto mais longe essa for, mais caro ficará os produtos. Quem paga tudo é o cliente final. Quando o número de roubos aumenta em uma região, empresas podem se recusar a enviar suas mercadorias por aquela rota, procurando uma rota mais distante e segura, porém mais cara, tornando assim o preço final absurdo. Quem paga tudo é o cidadão de bem. Nem todos produzem. Mas todos consumimos. Se pesquisarmos a fundo veremos que as vezes quem menos produz é quem mais consome, quer viver no luxo, e que mais geram despesas ao estado. Quem mais trabalha as vezes é quem menos se beneficia dos seus esforços, por que o estado estar ocupado demais gastando dinheiro e atenção com delinquentes, inconsequentes e por demais reincidentes. A impunidade tem sido como uma ferrugem que ameaça qualquer sociedade civilizada.
Outra realidade envolvendo a mesma situação, é que se aumentando o número de roubos, aumenta-se o efetivo policial e o governo para equilibrar as contas, vai aumentar os impostos de determinado produto, senão não terá como pagar os acréscimos nas folhas de pagamento. Se cada estabelecimento comercial, para não tomar prejuízo decide colocar segurança particular ou contratar seguradoras para assumir seus riscos, quando comprarmos uma mercadoria que foi fabricada até chegar em nossas mãos, ela já passou por vários estabelecimento ou serviços de cargas e aquele produto vai chegar por um preço absurdo no final das contas. Tudo é rateado entre todos os consumidores. O preço das mercadorias sobem. O salário não acompanha tal aumento por isso temos a impressão de o salário estar diminuindo. Tudo isso seria resolvido, se o estado, além de prender, obrigasse o infrator a reparar todo o dano, tanto da pilhagem, como das consequências colaterais que esta causou, como atrasos na entrega do produto e perca de lucros dos que iam receber tal mercadoria dentro do prazo. Acontece que no modelo em que hora estamos vivendo, o sujeito paga os meios para deixar a prisão com o próprio lucro do roubo e continua a tacar terror na comunidade local.
Outro grande efeito que passa de modo desapercebido nesse assunto é a desvalorização imobiliária onde há altos índices de roubos e furtos. A pessoas tem seus imóveis e patrimônios desvalorizados, justamente por que delinquentes costumam se apropriar do bem alheio nas redondezas de seus imóveis. Nisso, industrias, comércios, e grandes investidores deixam de se instalar na região devido à má fama, pois calcula que o custo com a segurança do local irá deixar seu produto mais caro, impossibilitando de competir no mercado. E as pessoas? Bom, até as pessoas de uma cidade, quando vão comprar a crédito em outras cidades, sofrem algum tipo de desconfiança simplesmente por morar em uma região de má fama, mesmo sem ser um malfeitor. Deu pra perceber a reação em cadeia que a apropriação indébita do bem alheio pode causar? Viu que estrago o que pratica a pilhagem causa. Há sacralidade nisso? Se for praticado por algum personagem das religiões, alguns dirão que sim.
Há duas maneiras mais prováveis de amenizar esse mal em nossa sociedade atual: uma delas seria o cumprimento da lei aplicando rigor ao que causa prejuízo a outrem. Necessário lembrar nesse ponto, que a mesma lei que manda prender, dentro da mesmas leis, advogados de defesa, por altas somas, acham espaços na lei e conseguem a liberdade de seus clientes, deixando-os livre para que esses cometam os mesmos crimes. A lei anulando a própria lei. A outra maneira que considero a mais eficiente, mas que depende de uma mudança interna e não externa, seria o fato de rejeitarmos qualquer mercadoria de origem duvidosa. Isso enfraqueceria o sistema. Enquanto a primeira ação exige esforço, gastos e grandes operações policiais, a segunda opção exige apenas um nível de consciência mais elevado. Não envolve riscos, megaoperações, nem resultados desastrosos. É um espaço que nem advogado ou lei tem o poder de interferir. Quando um cidadão evoca a força da lei apenas para exigir proteção ao invés de arcar com o dano causado, estar comprometendo toda estrutura social ao seu redor. Quando os magistrados concordam que só a lei interpreta a lei, fica ainda pior, pois quem é mais hábil com as palavras, transforma o opressor em oprimido num passe de mágica. O bom senso, o se pôr no lugar do outro, a razão e o zelo pelo equilíbrio social, são contrapontos (acredito) que podem ser posto em pauta também, mediante a preparação das leis e suas aplicações.
Há quem diga que bandido bom é bandido morto. Até certo ponto eu concordo, mas a grosso modo, quem sabe metade da população de determinado local poderia ser morta, pois o que compra o roubo é tão bandido quanto quem praticou a pilhagem. Como uma simbiose, um depende do outro para coexistir. Considerando que para cada roubador há pelo menos 20 receptores do roubo, teríamos de construir uma cidade-cemitério se levássemos ao pé da letra a citação acima. Tomemos como exemplo um sujeito que rouba uma carga de sapato com 3 mil pares. Considerando que cada par levaria em média 3 anos para desgastar, o sujeito precisaria de 9 mil anos para usar sozinho todos os pares considerando que só possui um par de pés. Mas por que o mesmo faz isso? Por que tem certeza que há centenas de pessoas, que torcem por uma “benção de Deus” desse tipo.
Sejamos francos: viemos para esse mundo sem nada, e sem nada partiremos. Por que tanta ganancia? Por que tanto apego a coisas ilusórias, feitas praticamente do mesmo material que somos feitos, apenas organizado de forma diferente em suas moléculas? Por que nos iludirmos achando que possuímos alguma coisa, quando na verdade para o aqui e agora, a única coisa vital seria o ar em nossos pulmões nesse exato momento? Até o linguajar que se usa nos círculos religiosos, trazem por traz uma história de pilhagens sem fim. Repetimos sempre a palavra terra prometida, mas esquecemos que por traz dessa palavra, há 40 anos de latrocínios, homicídios, invasões, saques, pilhagens e as coisas mais horrendas já cometidas em nome da fé. Líderes religiosos nos dias atuais, chegam a ensinar publicamente, que não importa o que você faça, quantas pessoas você precise derrubar, você tem de estar por cima, pois “você é cabeça e não cauda”...Meu Deus!!!! Quanta loucura! A recompensa para todos nessa vida depois de tanta loucura é terra na cara ou ser guardado em uma gaveta mortuária até sua parte liquida se decompor.
Mais do que os mitos que construímos, mais do todas as religiões que construímos, mais do que qualquer avanço cientifico ou tecnológico que já alcançamos, acredito que a criação e manutenção da ordem social, talvez seja a maior de todas as conquistas que já alcançamos. Uma sociedade sem leis é apenas uma selva de bípedes destruindo um ao outro. Se existe algo a ser preservado é manutenção da ordem pública e a execução das leis aos infratores. Fora isso tudo vira caos, e os religiosos aproveitam pra dizer que “é a volta de Jesus”, quando na verdade é só a anarquia se alastrando. Poderíamos ter uma sociedade “angelical” se entendêssemos que os bens mais preciosos a nossa espécie não são coisas palpáveis, mas as virtudes que nos elevam a um estado de consciência maior. Não precisaríamos abrir tantas igrejas, construir tantos deuses, ou sacralizar tantos objetos se entendêssemos que o se pôr no lugar do outro é a chave que abre a porta ao paraíso. Não há heroísmo na bandidagem. Não há heroísmo no caos social. As bobagens que fazemos pela fé, são apenas álibis para esconder nossa outra face.
Escrito em 27 de dezembro de 2016
*Antônio F. Bispo é Bacharel em Teologia, Estudante de Religião e Filosofia, e Capelão Ev. Sem vínculo com nenhum agrupamento religioso desde 2013.