Homilia na abertura do tríduo do Jubileu Áureo, 13.10.2016
Homilia na abertura do tríduo do Jubileu Áureo da Diocese de Rubiataba e Mozarlândia
Dom Adair José Guimarães
Mozarlândia, 13 de outubro de 2016
Amados sacerdotes, religiosas, lideranças, Deus seja louvado!!!
A Providencia Santíssima quis que estivéssemos aqui na Diocese de Rubiataba e Mozarlândia para celebrar esse grande louvor de ação de graças pela nossa história de 50 anos de evangelização e formação do Povo de Deus. Sou grato ao Santo Padre Emérito, Papa Bento XVI, por ter me escolhido para o episcopado e me destinado a esta maravilhosa Diocese, minha família e a porção da minha herança espiritual.
O tema deste primeiro dia do nosso Tríduo “A Igreja unida ao seu pastor e reunida pelo Espírito Santo” é de capital importância para nosso crescimento como Igreja, Povo de Deus a caminho do Reino Definitivo.
Na primeira leitura de hoje o Projeto Ezequiel nos lembra o que Deus lhe disse em visão: “como o pastor toma conta do rebanho, assim vou cuidar de minhas ovelhas”. O Pastor de Verdade é o próprio Deus e nós o grande rebanho da Vinha d´Ele.
O Concílio Vaticano no Decreto “Christus Dominus” no. 11, apropriadamente nos ajuda na meditação de hoje ao nos ensinar que a "Diocese é a porção do Povo de Deus, que se confia a um Bispo para que a apascente com a colaboração do presbitério, de tal modo que — unida ao seu pastor e reunida por ele no Espírito Santo por meio do Evangelho e da Eucaristia — constitui uma Igreja particular, na qual está e opera a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica". Este é o mistério do amor de Deus em que nós estamos hoje a refletir: o Bispo como pastor duma Igreja particular em que se verifica a unidade católica. Nós, Diocese de Rubiataba e Mozarlândia, somos a Igreja Católica, convocada pela Palavra, nutrida pela Eucaristia, fortalecida pela Caridade e enviada em missão sob a autoridade do seu Bispo.
Esta unidade é efetuada e garantida pelo Evangelho e pela Eucaristia. Na verdade, o Concílio recorda-nos: "Entre os principais encargos dos Bispos ocupa lugar preeminente a pregação do Evangelho" (Const. dogm. Lumen Gentium, 25). 0 Bispo encontra a sua identidade em evangelizar, em ser arauto daquele Evangelho que São Paulo nos garante ser poder de Deus para a salvação de todo o crente (Ram.1,16.). No mais alto nível do nosso ministério de evangelização está a Eucaristia, que nós, com o Concílio, sinceramente reconhecemos como "fonte e coroa de toda a evangelização" (Decreto Presbyterorum Ordinis, 5).
São João Paulo II, falando aos Bispos do Canadá no dia 17 de outubro de 1978, disse: “da palavra de Deus e da sua mais alta promulgação na Eucaristia recebemos nós gozo e vigor para sermos pais, irmãos e amigos dos nossos sacerdotes, que têm o encargo vital de colaborar conosco na comunicação do mistério de Cristo. Oxalá a alegria, que o Evangelho produz nas nossas vidas, contagie o ministério dos nossos sacerdotes e os ajude a compreender quanto necessita deles Cristo na Sua missão salvadora. Junto do túmulo de Pedro estamos também procurando humildemente a graça de corresponder às nossas responsabilidades para com todos os nossos rebanhos com renovada fortaleza e amor pastoral maior ainda. Graças ao Evangelho de Cristo é que nós avaliamos todas as situações pastorais e os problemas, que dizem respeito ao nosso ministério. Unicamente sobre esta base podemos nós construir a Igreja, que é o germe e começo do Reino de Deus na terra e fermento de toda a sociedade. Graças à palavra de Deus encontramos nós energia para promover a justiça, testemunhar o amor, defender o carácter sagrado da vida e proclamar a dignidade da pessoa e do seu destino transcendente. Em suma, com o poder do Evangelho partimos nós serena e confiadamente a proclamar as investigáveis riquezas de Cristo (Ef. 3, 8). Por causa da importância da palavra de Deus, somos chamados a dar prioridade pastoral absoluta à conservação cada vez mais eficaz e ao ensino do depósito da fé. A este respeito incita-nos constantemente São Paulo à vigilância apostólica: Conjuro-te diante de Deus e de Jesus Cristo que há de julgar os vivos e os mortos, e em nome da sua aparição e do seu reino: prega a palavra, insiste oportuna e inoportunamente, repreende, censura e exorta com bondade e doutrina (2 Tim. 4, 1-2).
Ao mesmo tempo, somos impelidos, como Bispos, a um profundo interesse pastoral pela sagrada disciplina comum à Igreja inteira (Cfr. Const. dogm. Lumen Gentium, 23). Requerem-se sensibilidade, para captar a atividade delicada e soberana do Espírito Santo na vida do nosso povo, e humilde compreensão desta atividade vir a completar-se de maneira especial graças ao ministério dos Bispos que, unidos com o Colégio episcopal inteiro e com Pedro sua cabeça, têm a promessa de ser assistidos pelo Espírito Santo, de maneira que possam conduzir efetivamente os fiéis à salvação”.
Desta feita, segundo o Evangelho de hoje, recai sobre o Bispo a tarefa de congregar a Igreja ao redor do seu cajado sob o impulso do Espirito Santo. “Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas” foi a palavra decisiva e efusiva de Jesus ao Apóstolo Pedro, primeiro Papa da Igreja. Apascentar as ovelhas é o dever imperioso do ministério do Bispo partilhado com seu clero. Apascentar é nada menos do que cuidar, favorecer que o rebanho não se perca e tampouco se extravie pelos caminhos do mal, do paganismo e da ausência do próprio Deus.
Neste primeiro dia do nosso tríduo de preparação à celebração do Grande Jubileu áureo a ser vivenciado no próximo domingo, elevemos a Deus nossa gratidão por sermos hoje a continuidade de uma missão estabelecida há 50 anos. Tantas histórias de alegrias, dores e sofrimentos, experimentadas pelos bispos, padres, religiosos, religiosas e consagradas, leigos e leigas, nestes tempos de grandes exigências.
A Igreja precisa ir adiante através de nós, batizados e batizadas, a fim de darmos continuidade a esta história bonita. Em 2041 vamos celebrar os 75 anos da Diocese e em 2066 será celebrada a grande festa dos 100 anos da Prelazia Diocese de Rubiataba e Mozarlândia, se Jesus não voltar até lá.
Como será nossa Igreja Diocesana em 2066? Quem será o Bispo que estará aqui para celebrar a grande festa? Certamente nascerá neste ano ou no ano que vem, Deus sabe!!! Certamente serão tempos muito diferente dos atuais. Espero em Deus que a heresia, o extremado relativismos, a centralidade do humano não tenha extenuado a fé e que a nossa região ainda continue habitada e cristã, visto que caminhamos para uma possível desertificação por falta de chuva e pela sanha do desmatamento e desrespeito à natureza. Assim como vivemos um êxodo rural medonho para as grandes cidades nas décadas de 70 e 80 na Diocese, quando nossa população diocesana minguou de quase 200.000 para 85.000 e agora estamos beirando os 110.000. Peçamos ao Bom Deus que não venha um amargo êxodo climático na nossa região que possa dizimar a vida e a sobrevivência nestes vales por falta de água e a crescente desertificação e o desaparecimento dos rios Araguaia e Crixás, como já ocorre com o Rio Tesouras. Os seminaristas de hoje, que perseverarem, já velhos e cansados naquele ano de 2066, poderão dar o testemunho do momento atual que vivemos e testemunhar se confirmou nosso prognostico de medo ou se a ciência conjugada ás boas ações das pessoas foi capaz de colaborar com a natureza para que essa não entre em litígio com a sociedade humana que a massacra.
Que o Cristo Vivo, Senhor do Tempo e da História, seja o fundamento de nossa vida eclesial e que não nos percamos nos caminhos estranhos dos tempos atuais, tão nocivos à fé e à família. Sob os cuidados da Santíssima Virgem, a Senhora da Glória, nossa excelsa Padroeira, coloco a vida de nossos padres, religiosas e consagradas, lideranças leigas e o povo em geral para que juntos vivamos a fé, a esperança e a caridade e a vida do céu já aqui na terra através de nossos trabalhos pastorais, das ações litúrgicas e do exercício da misericórdia. Amém!