Decidi não morrer e desde então comecei a escrever...
Sobrevivi a tempestade e às consequências de ter dado tudo por alguém que não valia nada. Já vi arder meus alicerces quando o frio pôs nas mãos de quem está de saída. Vi estrelas cair por alguém que deixou de ver como era preferida e olhou para outros horizontes. Senti a dor que produzem as portas quando se fecham, e não há mais nada para fazer. Já vi arder a quem içaram ao amor, já vi destruir aqueles que levavam o ódio como bandeira. Caí em conta que os melhores momentos nem sempre vivemos com as pessoas certas, quase sempre se vivem com pessoas opostas, com as que perguntam o que faço aqui. Eu vi a nostalgia sorrir quando dois que acordavam juntos em camas diferentes, por fim, após um inverno eterno, se encontram e fazem amor à primeira vista. Ouvi como soam mal os pontos finais e saboreei a doçura dos começos. Vi a minha vida através de outros olhos e, em vez de olhar os desastres, olho para um lugar no qual posso construir ou plantar girassóis. Fui a erva daninha que cresce desenfreadamente por cima dos muros que me pôs a sociedade e vi o que os outros se conformam apenas ver. Atravessei fronteiras para chegar à minha meta e rasguei os mapas com pessoas que ao conhecê-la há querer para sempre perto. Enquanto alguns se conformam com o que puderam ser, eu fui o que quis. A diferença entre algumas pessoas e outras, é que algumas fazem o mundo girar, mas outras, fazem usar contra novas direções. Que o primeiro amor o catalogam como impossível e insano. Bebi a vida em um vaso de rosas murchas e com os espinhos de um passado tempestuoso e prejudicial para a saúde.
Decidi não morrer e desde então comecei a escrever.