O PODER OCULTO DAS AGREMIAÇÕES RELIGIOSAS
O PODER OCULTO DAS AGREMIAÇOES RELIGIOSAS
Por se tratar de criaturas falantes, os seres humanos têm a necessidade de se comunicar sempre, quase que o dia inteiro. Amigos, parentes e até desconhecidos entram na lista quando queremos pôr pra fora nossos sentimentos (ou falta deles). A fala é um dos principais canais dessa comunicação. Sendo assim, sempre haverá necessidade de criar agremiações para comunicar de forma coletiva os ideais de quem fala ou de quem se fala. Quem se arrisca a falar em público, automaticamente já ganha notoriedade como possível líder e uma ameaça das grandes pra qualquer soberbo que já estar na liderança e vê no líder ascendente uma possível aliança desde que ele seja submisso, ou um eterno rival caso não se renda.
Os mais diversos tipos de pessoas são atraídos por assuntos diferentes em agremiações diferentes. Dor, aflição, prazer, sofrimento e ganância também são outros motivos pelos quais as pessoas se agremiam e se congregam procurando em algum líder uma solução ou pelo menos orientação para sair desse estado de ser. Entidades filantrópicas, partidos políticos, grupos religiosos e outros mais entram nesse rol.
É prazeroso estar perto de pessoas as quais gostamos. É prazeroso estar perto de pessoas que compartilham nossos ideais (ainda que obscuros). É benéfico se juntar a pessoas, que de repente podem dar um novo rumo as nossas vidas, quando tudo parece estar perdido. Tudo isso faz parte, e pode ser encontrado em qualquer agremiação, não apenas na religiosa. Não exatamente pela agremiação, mas por um ou outro freqüentador que faz nossa estadia ali valer a pena. Então criamos vínculos, e quando menos percebemos, podemos estar defendendo de unhas e dentes nossa agremiação como se fosse a mais certa, mesmo quando ela estar indo totalmente contrária ao ideal do fundador ou do estatuto, apenas por que nos traz conforto aquele local. Tememos que ela se desmonte, e como uma criança prestes a deixar o ventre da mãe, não queremos deixar o calor do “ultero” daquela agremiação, que hora fazemos parte. Então o que se faz para que a agremiação não se acabe por falta de membros? Procuram-se outros para por no local. E o que fazer para que as pessoas venham? Convidam elas. E o que oferecer as pessoas? Quase sempre a mesma coisa: busca pelo prazer, ou fuga da dor. Isso se repete tanto em agremiações políticas, religiosas, escolares, empresariais, etc. Podem mudar a roupagem, mas a intenção é a mesma.
Uma das agremiações que tem perdido ao longo dos séculos seu real significado, e tem entrado no esquema que antes eles combatiam, são as instituições religiosas, principalmente as radicais. Temos vários exemplos, mas me atentarei no momento apenas aquelas que mais se prolifera em nosso país, e abre-se uma nova em cada esquina a cada semana, as que usam o titulo de evangélicas cristãs cujos seguidores construíram em si próprio a falsa idéia de que estão certos, e todo o resto do mundo errado.
Lutar para desfazer agremiações religiosas é quase que impossível. Enquanto o ser humano não conhecer a si próprio e seu papel co-criador nessa vida, vai estar sempre procurando um ser de luz ou um ser das trevas para por suas culpas ou rogar benevolência. É bem mais fácil lutar para desfazer idéias distorcidas dentro das agremiações, resgatar ideais antigos ou inserir outros novos. Desfazer por completo é mais difícil. Assim aconteceu com qualquer líder revolucionário fosse ele político, religioso ou militar. Se você tira uma pessoa de um lugar, e não mostra a ela um rumo para seguir, ela vai procurar outro local pior ou semelhante para conforto pessoal. Para esse tipo de gente é melhor ouvir do líder que os embaraços de sua vida são causados pelo diabo e por isso precisam dar seu “tudo” ao pastor para se libertar, do que ouvir da boca de um sábio que qualquer pessoa que consegue controlar em si próprio os vícios, a ira, a inveja, a ganância, o ódio, a difamação e a calunia, estará livre de mais de 90% dos problemas que nos envolvem diariamente. Melhor acreditar que a solução esta fora do que dentro de si, por quer quando algo der errado, é prazeroso por a culpa nos outros.
Para se vender uma idéia qualquer em uma agremiação, basta pegar o nome de um líder respeitado, conhecido e popular e fazer dos ideais dele os seus ideais, ainda que de forma distorcida ou contrária. Se você estiver sendo oponente dos ideais do líder fundador, mas usa o nome dele como bandeira, as pessoas nem notarão. Elas não costumam ler nem pesquisar a origem das coisas, apenas seguem uma fila que estar andando. Acreditar é mais confortável do que pesquisar. Se você não tiver um líder fundador ou uma pessoa com as características que citei para usar como pano de fundo, basta criar um mito, um deus, uma herói, um mártir, uma figura de destaque do presente, do passado, do futuro ou de outra dimensão funciona do mesmo jeito! É mais fácil que tirar doce de criança! As pessoas gostam de confabular. Quanto mais características miraculosas ou sobrenaturais você der a esse ser criado, melhor. Desde criança gostamos disso. Então se você cria um mito agora, em até uma década, as pessoas irão pensar que aquele mito existe desde a fundação do mundo. Sempre foi assim. Foi nos concílios, conclaves, reuniões de ministérios de igrejas e reuniões de sociedades secretas que os nomes e qualidades dos deuses da fé cristã ganharam forma ao longo dos anos. Depois é só criar uma personalidade pra esse ser e pronto. Feito do nada para o nada em favor de tudo.
Tudo é verdadeiro na mente de quem crer. De simpatias simples a magia negra, de orações para cura a maldições pentecostais, tudo se tornar real a mente que recebe e concebe essas crenças. Como é certo que o poder da crença produz milagres dentro e fora de qualquer ambiente religioso é certo que se criar algo do nada e dar para alguém acreditar como se fosse verdadeiro, terá um efeito placebo ao que crer. Assim surgem as vendas de toalhinhas ungidas, da caneta da vitoria, da água do Jordão, do cajado de Moisés e criatividade não falta aos que visam nisso o lucro fácil. Entenda como funciona a mente e humana qualquer um pode fazer milagres ou horrores com isso.
Outra idéia que faz com que qualquer agremiação religiosa ou política ganhe força, é a quantidade de adesão que essa agremiação consegue em curto tempo. Na política chama-se isso de vontade do povo. No sistema religioso chama-se de vontade de Deus. No fundo pode ser apenas uma boa oratória ou uma boa estratégia de quem preside. Para o bem ou para o mal essa agremiação pode crescer ou diminuir. Quanto mais pessoas agregadas, mas se cria a idéia de que estamos no lugar certo.
Quando Adolfo Hitler passou a presidir o partido qual ele era membro e tomou à força a liderança, seus discursos eloqüentes, acompanhados de expressões corporais sincronizadas, causavam ao expectador a idéia de estar ouvindo o próprio messias enviado dos céus para estabelecer o paraíso na terra, cuja base seria a Alemanha e os seres angelicais os alemães. Todos unidos em um mesmo propósito por meio de um discurso. Logo o mundo amargou a desgraça pela perca de mais de 30 milhões de vidas em 12 anos de guerra. Muitos dos que se uniram aquele propósito agora estavam arrependidos pelo fim que a ele conduziu.
Para causar o efeito placebo e conseguir adesões em massas, grandes lideres de agremiações religiosas hoje usam dois meios importantes: a mídia televisiva e os milagres encomendados. Se alguém ouve da boca de várias pessoas em rede nacional que outras foram curadas dos mais diversos males, ao que estar desesperado, cria-se nele uma esperança e como um reator nuclear ele passa a produzir mudanças no seu interior, de uma fonte de energia vinda dele mesmo, mas que ele vai atribuir aquela pessoa que falou, que curou, que resolveu seus problemas. Se ele foi curado, a cura estava nele o tempo inteiro. Aquele pregador apenas ativou a fé por meio de falsas curas proclamadas anteriormente. Quando Jesus curava alguém, ele sempre dizia: a tua fé te curou, mostrando que a força estava dentro da própria pessoa e não costumava fazer alarde, antes sim pedia sigilo as pessoas. Os pregadores de hoje fazem o contrário, e quanto mais barulho, mas associados para sua empresa (digo, igreja).
Outra maneira menos honesta ainda para trazer pessoas a qualquer igreja é usar a violência atual, catástrofes naturais ou qualquer alteração climáticas como sendo indícios da volta de Jesus. Isso cai como uma luva! Sempre dar certo! Desde cedo ouvimos de nossos pais e avós que um dia o dono do mundo iria acertar contas com todos e os bons iriam para um lugar e os maus para outro. Guardamos isso inconscientemente e diante de algo que foge ao nosso controle sempre lembramos dessas palavras. Acontece que dor, violência, morte, catástrofes naturais e alterações climáticas existem desde quando o homem existe e antes do homem aparecer nesse planeta, sempre houve coisas assim. A violência sempre houve e sempre haverá. Se olharmos o contexto bíblico havia muito mais violência naqueles dias do que hoje se comparado o numero de habitantes de antes com os de hoje. Hoje existem tratados de paz entre as nações para frear um pouco nosso instinto animal de demarcar território. Violência individual e doméstica isso é mais difícil conter, pois por mais pacífico que seja qualquer criatura, diante da ameaça a sua vida ou aos seus conceitos de moral e honra, qualquer um pode ser inclinado a violência. Isso também sempre houve e sempre haverá. Mas como pouca gente ler e estuda e boa parte quando estuda é só pensando em passar em concursos e não para aprender ou reter conhecimento, por isso quase nada fica retido em suas cabeças. Líderes aproveitadores vêem nisso um prato cheio e fazem sensacionalismo. Prestem atenção que os canais de radio e TV com mais audiência, não são os que mostram o lado bom da vida, mas aquele cujo apresentador transforma um bater de asas de uma borboleta na china, num tsunami nas Américas. Os pastores com maiores salários não são os que mostram as grandiosas obras da natureza que eles dizem ter sido feitas por Deus, mas são aqueles que mais falam do capeta, que mais falam em violência, que mais falam em miséria, que mais trazem medo aos corações dos ouvintes. Como em um filme de terror, as pessoas pagam para serem assustadas, os que freqüentam essas igrejas pagam para que seus lideres o assustem e depois mostre o caminho que só existem naquela igreja segundo eles.
A força libertadora de uma agremiação pode ser também a força opressora. Quando pessoas se unem, elas tendem a ficar mais poderosas, seja para construir ou destruir, para matar ou fazer viver. O problema não estar em se aglomerar para um propósito. O problema estar no conformismo que o ambiente proporciona, a obediência cega e ao desrespeito a si próprio deixando de ser individuo para ser apenas rebanho. Se aglomerar é comum a toda espécie. Até átomos de qualquer coisa são atraídos para dar forma a novas coisas vivas ou brutas. Com os humanos não seria diferente. A força oculta das agremiações reside na obscuridade dos propósitos das lideranças. De repente você é convidado a fazer parte de um grupo que diz te amar e te encher de mimos. Quando agora você estar dentro do grupo você tem de negar seus gostos, sua personalidade, sua vida e viver segundo aquilo que o líder do momento julga ser a vontade de Deus. Experimente sair do grupo e veja o que acontece: eles lançam maldições sobre ti, eles desejam a sua ruína, torcem pela sua desgraça, vigiam seus passos, e contam tudo sobre ti de modo invertido dentro do grupo, para causar a impressão aos internos que agora você estar na pior e reúnem o grupo para “orar” por você...Na verdade é um recado inconsciente para qualquer um que se aventure a deixar o grupo. A mensagem é: lá não presta, sofra a qui e tenha a salvação. Aqui é o único caminho, blá, blá, bla...
Os primeiros discípulos tinham como meta anunciar um novo ideal. Os discípulos de hoje tem como meta trazer as pessoas de fora, inserir quase que a força em seus grupos, monitorar suas ações e vigiar seus passos para que aquela “ovelha” não veja que a grama do vizinho é mais verdinha. Em cada grupo religioso há um modelo de vara de e “cajado” para seus seguidores. Alguns usam a exploração financeira e deixam a pessoa livre para fazer o que quiser da sua vida, desde que continue afiliado ali. Outras exploram menos o dinheiro, mas exploram o tempo das pessoas com funções ministeriais acima do limite, ou limitando o uso da liberdade individual de cada membro, dizendo o que comer, o que beber, o que vestir e com quem andar, não de modo bíblico, mas na base do achismo ou da hierarquia do grupo. Explicação do evangelho que é bom nada...Afinal ninguém dá o que não se tem.
Se a individualidade não puder ser respeitada, se o direito a perguntas e respostas for negado, se o líder é o único que tem razão em tudo, se o grupo se julga sempre acima da média de conhecimento e espiritualidade de modo geral, fuja desse grupo. Vai adoecer a sua alma. Eles comem seu cérebro e você vira zumbi. A nossa constituição dá o direito as pessoas a se reunirem para adorar ou cultuar qualquer crença, mas não dar direito a nenhum líder se achar dono da vida de ninguém em nome de divindade alguma. Coagir alguém a agir contra sua vontade é crime em nossa constituição. É comparado ao crime de seqüestro, cujo seqüestrado, perde sua liberdade, seus direitos de comer, beber, ou vestir segundo a sua vontade e vive apenas na “misericórdia” dos seus seqüestradores.
Trazer alguém para um grupo, alegando ser para aceita Jesus, e depois forçá-la ainda que de modo inconsciente a aceitar toda a regra pré estabelecida sem a consciência da pessoa é enganação. Aceitar Jesus, seria uma proposta de iniciar um revolução interna, de pratica de perdão, misericórdia, amor ao próximo e compaixão e não de seguir uma lista de coisas prontas ditas por alguém arrogante que se acha dono da verdade. Oferecem a Jesus sem nem mesmo conhecê-lo. Se o conhecessem de fato não o ofertariam dessa forma, nem aprisionariam ninguém em seus currais, nem as amedrontariam com falsos rumores.
Se a liberdade religiosa deve ser mantida, a liberdade de intelecto também. Se o líder merece respeito, o liderado também. Se uma igreja é uma agremiação religiosa, todos os membros têm o direito de conhecer seus estatutos e os destinos dos recursos financeiros, bem como decidir na política e condição da liderança deste grupo e não apenas obedecer. Se for assim, não é uma igreja, não é uma agremiação, é um curral controlado por um fazendeiro ganancioso que quer apenas o retorno financeiro pela cria do seu rebanho.
As palavras não ditas, as vezes são as que nos causam maior impacto. Nós somos muito mais do que aquilo que fomos ensinados a crer que somos. Se for para nos unirmos que sejamos por uma causa maior, não para rosnarmos uns aos outros, como cães que disputam um osso. Que a nossa “verdade” não seja grande o bastante para enxergarmos pequena demais outras verdades e ver a vida escorrer pelas nossas mãos, brigando por coisas fúteis.
Escrito em 27/09/16
Obs.: Aos menos avisados: a palavra oculta quer dizer escondida, não revelado, não mostrado, que estar por trás de algo que não percebemos. Preciso explicar por que os mais “espirituais” tendem a associar oculto com “satânico”. Apenas um lembrete.