em busca do "EU LOUVADO"
Escrito pelo Bacharel em Teologia
Estudante de Religião e Filosofia e
Capelão Ev. Antonio F.Bispo
Num passado próximo, muitos aventureiros morreram procurando o EL DOURADO, uma cidade mítica na América do Sul, em que se diziam que tudo nela era feito de ouro. Muitos afirmam ter encontrado. A grande maioria nunca voltou para contar a historia.
Diariamente, muitos de nós, de modo inconscientes, buscamos algo semelhante, não apenas EL DOURADO, um tesouro visível, palpável, mas buscamos o EU LOUVADO, o tesouro que enche nosso EGO, que nos enche falsa alegria, quando de modo desenfreado e despercebido buscamos os louvores de todos os que estão ao nosso redor, e fazemos isso de modo automático e mecânico, quando compramos, quando vendemos, quando acumulamos coisas que jamais iríamos usar, quando perseguimos funções ou patentes acadêmicas, religiosas, militares, civis e principalmente de modo inverso quando prestamos cultos aos nossos deuses.
Pobre alma inconsciente! Pobre sentimento de rebanho que nos aprisiona! Pobre vontade de conhecermos a nós mesmos...E como muitos aventureiros, a maioria dos que buscam o EU LOUVADO não voltaram para contar historia, pois em suas sepultura a matéria em decomposição não pode falar o quanto estar arrependida de ter feito o que fez quando poderia ter sido diferente, simplesmente se fossem ensinadas a buscarem em si o que tanto buscam fora.
Operamos o tempo inteiro em modo subconsciente. Eu diria que uma grande maioria esmagadora estar em piloto automático em mais de 90% das horas no seu dia a dia.
Por que fazemos o que fazemos e agimos como agimos? A maioria das vezes queremos apenas impressionar pessoas que nem se importam conosco, querendo arrancar delas algum tipo de comentário ao nosso respeito, ou pelo menos não passar desapercebido.
O que faz uma mulher da “alta sociedade” desviar 200 mil reais de verbas publicas para dar em uma jóia ou um vestido, que certamente não usará mais de 3 vezes em toda sua vida? Não seria a vontade inebriante de ver seu rosto estampado (ou pelo menos seu vestido) numa pagina de revista de grande circulação? O vestido talvez não signifique nada para ela, já que um vestido de 20 reais faria o papel básico, que seria proteger a pele, mas o fato de saber que outros irão comentar é o mais importante para esse tipo de pessoa. Que falem bem, ou que falem mal, mas que falem dela ou do seu vestido.
O que faz um pastor espremer, extorquir ou pressionar os membros de uma igreja com dízimos, ofertas, propósitos e campanhas diárias, para construir um mega templo dizendo ser para o Senhor? Se Deus existe e criou todas as coisas e é dono de tudo e pode criar tudo que quiser, faz diferença esse mega templo pra ele? Em que acrescentaria a sua gloria já que toda gloria ele já possui? Em nada! Não seria do líder daquele grupo o desejo de ser imortalizado entre o povo? Não deseja este ser lembrado e ter seu nome citado por cada pessoa de dentro ou de fora do grupo?
Qual a razão de um político construir obras faraônicas de pouco uso nos centros da cidades, e dispensar obras pequenas como cavar um simples poço artesanal em pequenos vilarejos para trazer água limpa aquelas pessoas já que teria um custo mil vezes menor? É que no centro da cidade, todos irão ver, tantos os de dentro quanto os de fora do município, e no campo, para famílias carentes, ninguém irá a esses lugar, então ninguém irá comentar sobre a “grandeza” daquele político. Só isso! Esse tipo de político tem compromisso com o povo ou com o seu EGO? No planeta inteiro, você consegue contar nos dedos, administradores públicos que não ajam assim.
Qual a razão de nas relações comerciais excedermos os limites e explorarmos uns aos outros? Não seria para ter um lucro maior, para enchermos nossas casas, nossos corpos, nossas garagens e outros espaços de coisas que usaremos poucas vezes ou poderíamos passar sem elas? Não é pensando naquele comentário: “oh, fulano ta rico, ta podendo, ta poderoso...”? O sentido do comércio não seria suprir por meio da troca necessidades de bens ou serviços excedentes em uma região e carentes em outras?
Qual a razão de existir tanto “homem pegador” e “mulher vassourinha”? Será que realmente essas pessoas gostam do que fazem? Será que não se sentem um lixo as vezes? Será que não gostariam de ser diferente e abaixar o fogo um pouquinho? Será que não são levados pelo espírito de competitividade do grupo em que estão inseridos? Qual a razão de mesmo em um casamento harmônico, um dos parceiros opta pela infidelidade conjugal? Não seria pelo sentimento interno de que está levando algum tipo de vantagem sobre o outro? Isso tudo são reflexos dum ego em descontrole.
Por que algumas empresas, depois de ser tornarem uma mega empresa, ou uma multinacional, esquecem dos valores principais que qualquer ser vivente racional deveria ter, que seria a preservação do meio ambiente, da vida, e da saúde publica e agora passam a desvalorizar o meio ambiente e destruir aos poucos a saúde daqueles que fizeram sua empresa crescer? Não deveriam os consumidores ser recompensados, pois foram eles o motivo dessa ascensão? Por que eles têm de pagar agora com a própria vida ou falta dela consumindo alimentos com excesso de sal, açúcar, gordura e vários produtos químicos ou tendo serviços de baixa qualidade por um preço alto? Não estariam estes lideres de empresas preocupadas apenas num status de um raking de pesquisas feito esporadicamente? Não seria o desejo inconsciente de ver o nome de sua empresa ou do administrador no topo a causa desse crescimento doentio? E o que ele ganha com isso? Dinheiro? Não, dinheiro não lhe basta, não lhe serve. Eles procuram o alimento dos fracos e dos loucos: a fama, a gloria e ou louvor. No final eles vão pra o mesmo buraco em que todos vão.
O que faz uma “autoridade” civil, política, religiosa ou militar usar seu poder de força, de fogo ou do verbo para intimidar, menosprezar ou diminuir qualquer pessoa? É um certificado na parede? É uma divisa no peito ou na testa? É um olho de “unção” derramado sobre sua cabeça? Foi uma cerimônia de colação de grau? Não!...`Foi apenas a afloração do ego, que faz com que pessoas comuns e mortais, sejam loucas o bastante para se tornarem insanas e doentias, achando que podem ou devem mais que outros a partir de então. Não seria a função dessas “autoridades” promoverem a ordem, a paz fazer justiça e libertar os oprimidos e injustiçados? Sim, claro, mas para aquele que não se domina será dominado. O ego será o seu senhor, seu dono e seu mestre. O louvor e temor dos outros será o seu sustento.
O que leva um sujeito fazer uma festa de aniversario para um bebê de 1 ano, gastar mais de 20 mil reais e dizer que faz isso por que quer o melhor para essa criança? Uma criança de um ano sabe a diferença de uma festa de 20 reais ou de 20 mil reais? Não estaria os pais dessa criança apenas desejando arrancar comentários dos convidados, para depois se alegrar ou se entristecer com tais comentários? O que faz com que pessoas comuns façam festas de casamento e tantas outras, gastando fortunas com alimentos finos e delicados, para um publico que mal conhece, ou que 80% vai sair falando mal da festa do mesmo jeito? Seria para causar inveja? Se a questão é alimentar pessoas, com o mesmo valor gasto, alimentaria em até 50 vezes mais pessoas que realmente precisam de alimento. A questão é alimentar, comemorar, ou criar expectativas de comentários para inflar o ego?
Tudo nessa vida é passageiro, os cargos, os títulos, as posses, a beleza exterior e principalmente esse corpo que ora vestimos. O louvor dos homens faz com que achemos que aquele diminuto período de tempo que hora ocupamos sendo ou fazendo alguma coisa pareça ser eternos, e nos dar a falsa impressão que somos deuses.
De um lado, dependendo do lugar onde vivemos, somos inclinados a achar que o certo é errado e o errado é certo. De outro lado, quase nunca pensamos no que fazemos. Apenas fazemos. Ainda por outro costumamos refletir nos outros aquilo que interiormente somos.
Uma pessoa bem educada, quando for tratada bem, achará isso normal. Uma pessoa mal educada quando for tratada bem, de modo cordial, achará que essa outra pessoa já estar com segundos interesses.
Uma pessoa honesta, bem intencionada, que procura sempre se por no lugar dos outros em suas relações pessoais do dia a dia, dificilmente conseguem enxergar maldade nos outros, por isso são chamadas de bobas, brocas, ingênuas, são traídos e enganados com maior facilidade que outras por que não consegue ver maldade nos outros.
Uma pessoa desonesta, caloteira, enganadora, mentirosa consegue ver maldade em tudo e em todos ao seu redor. Anda preparado achando que todos são iguais a ele, e qualquer hora será passado para trás por que eles mesmos são assim. Quando acha uma pessoa de boa fé encarnam como sangue suga e exploram tudo que o outro tem, inclusive a paciência e dizem que a vida é assim, que o mundo é dos mais “espertos”.
Num grupo de desonestos, levar vantagem sobre tudo e todos é um ato primordial. É sagrado! O mesmo desonesto, num grupo de pessoas mais evoluídas, seria levado a sentir vergonha dos seus atos.
Quando levantarmos o tapete de nossas almas, veremos quanta sujeira colocamos diariamente para debaixo dele, para evitar que outros vejam o lixo que há dentro de nós.
A questão a ser levantada após uma leitura como essa não é fazer com que ninguém se sinta culpado ou trouxa, se estar fazendo certou ou errado, mas simplesmente levar a quem ler, pensar no que faz, como faz, pra quem faz, qual o propósito, como seria se não fizesse e como seria se fizesse diferente. Apenas isso. Já citei isso em outro texto. Ninguém consegue se libertar ou se encontrar em nada, se seguir de modo cego a qualquer livro ou líder. Qualquer leitura de livro estar sujeita a interpretação de quem ler. Por isso temos tantas igrejas e tantas escolas de pensamento. Qualquer líder estar condicionado aos seus próprios interesses, ou apenas ao interesse do grupo, por isso pode inverter qualquer verdade e criar a sua própria verdade. Por isso a necessidade de questionarmos a nós mesmo e questionamos qualquer imposição nos dada como verdade absoluta. Somente assim sairemos do casulo, e como uma borboleta nossa metamorfose nos dará asas e nos levará a mundos não explorados, principalmente o nosso mundo.
Escrito em 24/9/16