SALDO POSITIVO
Um dia, se eu não partir dessa vida antes, eu sei, que não poderei mais fazer caminhadas enérgicas, como hoje faço, nem, quem sabe, viajar a países distantes, uma paixão antiga que me faz tão bem. Não lamentarei, e sim serei grata por todas as vezes que pude caminhar de maneira rápida e decidida, e por todos os lugares que pude conhecer e que com toda certeza embriagou minha alma com novos conhecimentos e extasiou meu olhar com tanta beleza.
Me deterei naquilo que me for possível fazer, como ouvir música, hábito que cultivo e me faz tão bem, com certeza terei ainda mais tempo para ler, gosto que trago desde a minha infância, e com o passar do tempo, só fez crescer, e, se não puder mais revolver a terra e em seu colo depositar boas sementes, me acompanhará o prazer de cheirar uma flor, de acariciar de leve suas pétalas aveludadas, e de admirar a natureza que é bela por toda parte, e no entorno de minha casa é um óasis que enche minha alma de serenidade. Sei que sempre terei oportunidade de deitar meu olhar sobre a humanidade que me rodeia, esteja eu, onde estiver, serei de alguma forma útil ao meu irmão de caminho, nunca estarei velha demais para distribuir afeto. Enquanto minhas forças físicas diminuem, sinto que minha capacidade de amar se renova e se torna mais ampla e madura, hoje, tantos amores cabem dentro do meu coração, e há lugar para muitos mais, eu sei disso.
E, quando eu, não puder brincar mais com os meus netos, continuarei tendo para eles uma palavra construtiva e amorosa, e abraços de laços que dirão a eles o quanto os amo. Assim, também será com os animais que sempre estiveram presentes em minha vida, se não puder mais me abaixar e brincar com eles, através do meu olhar, lhes contarei do meu afeto.
Para essa série de coisas (e de tantas outras) não precisarei contar com a juventude que me deixou faz tempo. Saberei nessa hora que de fato meu corpo envelheceu, perdeu agilidade, vigor, eficiência para determinadas tarefas, porém, meu espírito continuou lúcido, meu corpo entrou em um processo irrevogável de deteriorização, minha alma, no entanto, armazenou vivência suficiente, para retirar dessa fase, um sumo doce, o qual me servirá de alimento até meu último suspiro.
(Imagem: Lenapena - Brooklyn Bridge)
Um dia, se eu não partir dessa vida antes, eu sei, que não poderei mais fazer caminhadas enérgicas, como hoje faço, nem, quem sabe, viajar a países distantes, uma paixão antiga que me faz tão bem. Não lamentarei, e sim serei grata por todas as vezes que pude caminhar de maneira rápida e decidida, e por todos os lugares que pude conhecer e que com toda certeza embriagou minha alma com novos conhecimentos e extasiou meu olhar com tanta beleza.
Me deterei naquilo que me for possível fazer, como ouvir música, hábito que cultivo e me faz tão bem, com certeza terei ainda mais tempo para ler, gosto que trago desde a minha infância, e com o passar do tempo, só fez crescer, e, se não puder mais revolver a terra e em seu colo depositar boas sementes, me acompanhará o prazer de cheirar uma flor, de acariciar de leve suas pétalas aveludadas, e de admirar a natureza que é bela por toda parte, e no entorno de minha casa é um óasis que enche minha alma de serenidade. Sei que sempre terei oportunidade de deitar meu olhar sobre a humanidade que me rodeia, esteja eu, onde estiver, serei de alguma forma útil ao meu irmão de caminho, nunca estarei velha demais para distribuir afeto. Enquanto minhas forças físicas diminuem, sinto que minha capacidade de amar se renova e se torna mais ampla e madura, hoje, tantos amores cabem dentro do meu coração, e há lugar para muitos mais, eu sei disso.
E, quando eu, não puder brincar mais com os meus netos, continuarei tendo para eles uma palavra construtiva e amorosa, e abraços de laços que dirão a eles o quanto os amo. Assim, também será com os animais que sempre estiveram presentes em minha vida, se não puder mais me abaixar e brincar com eles, através do meu olhar, lhes contarei do meu afeto.
Para essa série de coisas (e de tantas outras) não precisarei contar com a juventude que me deixou faz tempo. Saberei nessa hora que de fato meu corpo envelheceu, perdeu agilidade, vigor, eficiência para determinadas tarefas, porém, meu espírito continuou lúcido, meu corpo entrou em um processo irrevogável de deteriorização, minha alma, no entanto, armazenou vivência suficiente, para retirar dessa fase, um sumo doce, o qual me servirá de alimento até meu último suspiro.
(Imagem: Lenapena - Brooklyn Bridge)