Auto Aplicação

Em tempos como esse, tão fácil e difícil falar de Deus, tão fácil julgar e negar, rezar sem fé e ter fé no que nem acreditam existir. Posso me sentir abençoado, nem todos tem os privilégios que tenho, tantas luzes me cercando, não para iluminar meu caminho, mas para disponibilidade minha, se eu me interessasse. Tão difícil hoje em dia existir uma confiança sincera, um sorriso descente, uma malícia bondosa. O mundo anda cheio de rótulos, marcas infiéis, compradores de crença, que nos despem de nos mesmo, e nos fazem vestir a armadura dourada do modismo. Estamos cada vez mais a mercê do comodismo. Nos acostumamos cada vez mais ao que nos é empurrado, e esquecemos o caminho que queremos trilhar desde nossos primórdios ideais. Uivar para a Lua Cheia, se tornou tão nobre quanto ir a missa. O que realmente significa ser você mesmo? Qual a sua real forma física e psíquica? Já parou para pensar que você está tentando viver uma fantasia de um livro que leu a algum tempo, um filme que acabou de ver, um seriado que continua assistindo esperando a próxima cena para dar o próximo passo?... As pessoas devem parar de viver o mundo virtual e voltar a viver como humanos. Existem redes sociais hoje em dia para conhecer pessoas. Uma página na internet em que você fala sobre o melhor de si, melhores fotos em melhores ângulos, melhores descrições para sua rotineira convivência social. Ninguém trai, ninguém é vulgar, ninguém peca, e ninguém mente sobre seus sentimentos. Esteriótipos das suas próprias fantasias. Escravos do medo da não-aceitação. Todos em vertigem do comodismo, da sociedade perfeita, tornando-se de uma forma automática, a matriz de milhares de “produtos de fabricação em série”. Deveríamos parar de viver em universos paralelos à realidade, começar a estabelecer metas reais, parar de idealizar um perfeccionismo inexistente, isso nos faz parar de existir cada vez mais, por isso tantos divórcios, casamentos sem amor, uniões desunidas e filhos da perdição. É tao difícil acreditar em nós mesmos, que estamos sempre escondendo nosso lado original da sociedade em que vivemos. Estereotipando nossa existência com boa conduta, isso na frente de quem espera isso de nós, mas às quatro paredes, quem realmente é você? Tem realmente tudo a mostrar para o mundo? Existem livros abertos, para todos seus amados lerem? Ou você tem apenas a mesma capa? Diferentes universos, diferentes comportamentos. Um tema em que a discordância é lei, por que nem mesmo quem escreve este texto se entrega a essa “noitada” no mundo da sinceridade. Todos nós, todo dia, o dia todo, nos vendemos ao mundo da compra e venda de imagem própria. NUNCA isso realmente tenho certeza, NUNCA nos mostramos verdadeiramente á frente dos que mais amamos, todos nós temos medo de não sermos aceitos como REALMENTE SOMOS. Sempre escondemos embaixo de um tapete de incertezas da aceitação nossos maiores e melhores segredos, cada desejo loucamente obsceno de uma noite só, uma tatuagem despida da pureza que nos torna sociáveis. Quem jamais teve uma fantasia impossível de realizar, essa impossibilidade torna essa fantasia cada vez mai prazerosa, simplesmente por não ser possível. A adrenalina que pulsa em nossas veias, é o que nos faz persistir nesse mundo, tentar viver o que ainda não vivemos. O desejo, é com certeza, muito maior que a satisfação. Se não fosse, não buscaríamos outro desejo não fecundado para poder seguir adiante, outro objetivo, outra razão para continuar respirando. Muitos encontram, como futuro objetivo, simplesmente manter tudo aquilo que já está conquistado. Mas e quantos de vocês já não chegaram onde queriam estar e se perguntaram, ta e agora? Não era isso, tudo aquilo que pensava que era, a depressão sobe ao palco, e te faz ver que isso não é satisfatório. Então, buscando outro objetivo, você se joga ao mundo outra vez para provar que pode mais, e nem percebe que sua satisfação não será alcançada nunca, por que a sua satisfação não é estar satisfeito, e sim, ter um caminho pra onde correr, um traço final para marcar, uma impossibilidade que te faz levantar todo dia da cama, e dizer a si mesmo, eu tenho que continuar. Por que simplesmente quando não existem mais motivos, você se acomoda num leito vazio e não tem pra onde ir. Um caminho a trilhar, eis aí, o grande motivo que nos leva a seguir em frente. Quando você está diante de um belo quadro, não importa o pintor, o significado, o tempo que ele levou, ou a inspiração que o seduziu ele até chegar onde a última gota de tinta se estabelecesse sobre a tela, você simplesmente o admira, por segundos, mas isso não supre a necessidade de pintar seu próprio quado. Somos todos Van Gogs, Picassos, Michelangelos de nossa própria vida, esperando um tom diferente de azul, verde, vermelho ou ate mesmo cinza dizer que a pintura está completa. Mas espero sinceramente, nunca chegar a descobrir qual pigmento terá a decisão final do quadro que ilustra minha vida, por que isso é o que me leva para frente do campo de batalha, isso me mostra que ainda tenho um enigma a desvendar, um horizonte com um Sol nascente que ainda preciso ver, por que quando eu tiver certeza que isso tudo já me ocorreu, e eu pensar apenas em me acomodar e viver o que conquistei, terei realmente, naturalmente, inexplicavelmente meu ultimo suspiro de vida. Ninguém vive sem objetivos, por mais que ainda respire, sinta fome ou sede, não passa de um peso morto para si mesmo, apenas esperando ate o último suspiro, já sem vida, da certa morte que o aguarda. O orvalho é muito mais doce e farto, antes do Sol nascer.

Siid
Enviado por Siid em 10/07/2016
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