Vaso vazio
Se esquecerá de mim, do meu amor, da carta mal escrita e dos versos em silêncio, esperas sempre chegar o esquecimento como cada ano chega o inverno para as árvores, as flores e os lírios. Não recordar as noites dos nossos beijos e nessas noites, deixavas de ser humana para ser brisa, para ser livre. Faltou a certeza que esqueceria como sorri ao mencioná-la, pelas cores do sol que ao tocar o rosto refletia a luz perfeita a me iluminar, a vi sorrir com uma mensagem que eu não escrevi e a vi chorar sem derramar uma lágrima. Se estás me esquecendo mesmo, porque não sorri?, porque evita olhar? porque olhas a minha mão?, se já chegou o esquecimento mas tal como o inverno esperas a primavera surgir e não ser consumida de novo, como em cada mudança de estação, o que esperas na verdade? se cada estação é um ciclo de um circulo onde nos leva sempre ao mesmo lugar, ao mesmo clima, as mesmas folhas secas, o mesmo vento frio. O que esperas na verdade, é que a coragem venha como vem as estações, com data marcada, mas sem hora para chegar, pode ser que o inverno acabe mais cedo esse ano, pode ser que as flores não brochem na primavera, o sol não surja no verão, as folhas não sequem no outono, mas o frio que carregas na alma esse chegou e pode ser que acabe ficando, porque o fogo que te aquecia, ah esse fogo que inflama, que incendeia o coração, esse continua aqui dentro, porque quando partiste levaste só o vazio do amor que não me destes, comigo ficou a paixão, comigo ficou a vida que te ofereci, agora curtas o teu inverno, pois minha primavera que um dia foi tua, essa infelizmente continua colorindo meu peito enraizada em um vaso vermelho adubado com as ingratidões recebidas.
Não espero que voltes, espero que algo brotes deste teu vaso vazio e sem cor.