I m b r ó g l i o
Não sei quem pintou a zebra;
Quem teve o saco rasgado;
Quando o leite derramou,
Quando a coisa entortou,
Ou o calo foi pisado.
Pois a cobra saiu fumando;
E a torneira frouxa e pingando,
E um fedor forte de queimado.
A porca torceu o rabo;
O pinto foi depenado;
Bebeu água de chocalho;
Foi um estouro danado.
Alguém comeu e não gostou;
A onça foi cutucada;
Houve um tremor na terra,
E a pedra ficou lascada.
Quem com o ferro fere,
Com o ferro sara a ferida;
E a vida do jogador
Vibra sempre com a topada;
Quem vê o que o povo viu;
E sente o que o tonto sentiu,
Ou ao sair na foto, sorriu,
Não tem noção é de nada.
A vaca já foi pro brejo;
Viu a monga e se borrou...
Correu na frente do trem;
Apostou em mais de cem...
De besta ele nada tem...
Já tá no tempo de ir embora;
Ai sim, o nego chora;
E mais tempo o tempo tem.
Já tô ficando maluco;
Ninguém consegue entender;
Quanto mais aqui se escreve,
Bem pior é o parecer;
Um emenda, outro retira;
E a metade da embira
Tanto encurta como estira...
E muito mais você vai vê!
Tomara que o povo veja
O que tantos têm a esconder;
Tomara, meu Deus, tomara!
Quem a boca escancara,
Só tem dente pra morder.
A vida se subestima,
E vamos deixar de rimas,
E procurar o que fazer!
Nas mãos do povo e para o povo
O Brasil vamos deixar.
Se governar fosse fácil,
O difícil era roubar;
Se roubou e não foi preso,
Como esse Brasil vai mudar?
Ou você bate de frente,
Ou tem que aprender votar!
E viva o povo brasileiro!
Viva o Planalto Central!