VELOCIDADE IGNORADA

Eu simplesmente não conseguia me conter, era ingênuo e imprudente, não prestava atenção aos sinais que encontrava pelo caminho, resolvi pisar um pouco mais fundo, acreditava ser dono da situação e parecia ter o controle todo em minhas mãos, inacreditável naquele momento surgir do nada algum desvio que me arrebatasse do caminho.

O Tempo parecia bom sem previsão de tempestade adiante, por isto me sentia tão confiante, tanto que me irritava com qualquer demonstração de insegurança ao meu lado, e que do lado de dentro sempre me parecia mais seguro!

Sem perceber que os dias seguiam e eu indo cada vez mais veloz, já não era prudente que as pessoas passassem a minha frente, e as que estavam comigo começavam a perceber que eu não estava totalmente seguro do que fazia ,e se sentiam menos à vontade quando olhavam para aquela figura sedenta do querer mais...

Nunca me encontrava satisfeito, achava que tudo estava devagar a minha volta, aquela sensação da vida estar em câmera lenta me causava total agonia. Eu tinha que atingir a excitação, meu intento sentimental!

E como poderia alcança-lo indo nesta lentidão, pelo menos era assim que eu acreditava acontecer, muitas das vezes prometia aquietar, mais eram falsas as promessas, eu mesmo sabia que não poderia mais cumprir com qualquer palavra dita, a adrenalina agora falava mais forte e eu não tinha voz própria.

Enfim, estava tão acelerado que ignorei a curva no caminho e quando vi já tudo parecia estar de ponta cabeça , me perdi ,ficou tudo embassado e não conseguia ver mais nada em minha frente, no fundo do meu amago fiquei com pena das pessoas que atropelei para alcançar meus objetivos mais mesquinhos, tive pena dos que estavam ao meu lado, quando notei suas faces temerosas pelo que poderia acontecer. Foram muitos os incidentes!

O não saber para onde estava indo me causou um temor sem igual, foram muitos os inconvenientes. Por uma questão de segurança comecei a pisar no freio e desacelerar, e então notei que começara a surgir uma linda paisagem a minha volta, e foi dai que decidi com firmeza diminuir gradualmente até parar.

E quando eu parei com o meu vicio, olhei para traz e verifiquei todo estrago feito no passado, me arrependi amargamente por todo mau que causei, foi o ponto no qual deixei de correr feito louco e comecei a andar normalmente, percebi ali que havia outras pessoas ao meu redor e que agora muitas sorriam aliviadas, e começamos a caminhar juntos e algumas até ousavam me dar à mão!

Do meu livro: (Escultor de frases )

(Uma resposta para o Mundo)

(George Loez)