O QUE DESEJA PARA SUA VIDA?

Vou contar esta história justamente por justificar a existência de tudo que leem aqui. Em um certo dia, há cerca de 12 anos, ao prestar um concurso fui surpreendido ao redigir um texto, cujo tema de certa forma impactou muito em minha vida. O assunto a se discorrer estava resumido em uma singela frase: “O que você quer para sua vida no futuro?”. Tal questão é um assunto penoso, com cunho filosófico, não elucidado por muitos de nossos antigos pensadores. O que eu quero da vida? O que quero receber, fazer ou doar?

Confesso que me senti à vontade, imaginei que grande parte dos concorrentes iam enfatizar o desejo de uma vida simples, cercado por hortas e deitados em redes, afastando-os assim da soberba e abdicando-se do sucesso, dinheiro e do que é ‘’material’’ (atitude nobre essa) o que poderia ser mal visto pelos examinadores. De imediato descartei essa hipótese. A outra vertente tocaria na busca pelo sucesso profissional ou pessoal, imaginei eu. Subitamente brotou em minha cabeça uma ideia que achei que poderia defender bem por sentir envolvimento com esse assunto tão empolgante.

A minha tese guiou-se pela tangente das que julguei e decidi que “O que quero para minha vida no futuro é eternizar-me’’. Fiquei transtornado ao imaginar gastar toda minha existência apenas existindo, em ser um outro alguém que nasce, sobrevive, reproduz e morre. Fico estarrecido em sequer imaginar que, as pessoas mal lembrarão meu nome e minha história. Encarei que passar pelo mundo dessa maneira, converteria aquilo que poderia ser o meu legado em mero suvenir de final de festa, com apito e língua-de-sogra. Inusitadamente, essa redação modificou o curso do meu pensamento e agregou um propósito que sequer imaginei um dia ter.

As observações, devaneios e ideologias de minha adolescência, estampadas a lápis em retalhos de papel, foram cedidas pelas traças que as guardaram por anos para enfim iniciar um plano de perpetuar-me através de minha antologia ser entalhada em um livro. Descobri que poderia ter um legado ao usar um passatempo e tentar amarrar ideias a fim de compartilhar com o mundo. Eternizaria assim a náusea cognitiva que um anônimo como eu deseja curar.

Rigorosa e merecidamente, o ponto de vista de ilustres escritores ganha destaque tanto pela qualidade, como também, ao meu ver, por um empurrão do prestígio agregado a sua figura ou nome. Anônimos também podem refletir e criar novos conceitos. As novas e autênticas criações e percepções não podem assumir caráter de plágio pela semelhança com antigas citações. Não subestimar novos conceitos do anonimato e dar liberdade aos juízos recém idealizados, fundamenta o antigo intento de prezar pela criação e edificação do conhecimento.

Por todos esses motivos, creio que as ideias devem ser públicas, pois agradando ou incomodando causam alguma reação e quem sabe um dia uma ação. Enfim, o meu passatempo transformou-se no anseio de deixar minha marca por aqui. Se falhar é porque tentei.

E quanto a você? O que quer para sua vida no futuro?

Vil Becker
Enviado por Vil Becker em 09/04/2016
Código do texto: T5599827
Classificação de conteúdo: seguro