Discurso Velho e Mofado
Em discursos velhos e mofados, tão pobres em argumentos que já nem se encontram mais justificativas para que eles existam, os discursistas voltam a usar velhos chavões a fim de tentar tapar o sol com a peneira. Voltam a figurar em seus discursos alguns itens de vocabulário ultrapassados, mas que um dia tiveram efeito em um contexto completamente diferente, contexto este do qual eles se dizem vítimas eternas; alguns destes termos são:
-Oprimidos / opressores
-Torturadores / vítimas
-Golpistas
-Ricos X pobres
- Madames
-Fascistas
E entre eles, o moderno “coxinha.”
Há uma tentativa desesperada, uma forma de manipulação que é o último recurso do qual estes cidadãos dispõe para continuarem no poder: incitar a luta de classes; convencer aos menos esclarecidos de que existe uma luta neste país, onde os opressores querem tomar o poder tirando-o dos oprimidos coitadinhos. Colocar povo contra povo, brasileiro contra brasileiro, numa tentativa torpe de dividir para dominar. Sob o ponto de vista destas pessoas, todo pobre é bom e todo rico é ruim; todo pobre é honesto/vítima e todo rico é ladrão/aproveitador/fascista. Implantam o radicalismo e tentam convencer a todos de que os radicais são os outros. Seus manifestantes são pessoas que recebem dinheiro, sanduíches de mortadela, transporte grátis, kits manifestação e shows gratuitos, que visam atrair uma grande concentração de pessoas que vendem as próprias almas ao diabo por muito pouco. Eles não enxergam que desta maneira, ao invés de fazerem valer a sua causa e falar em nome daqueles que os seguem por convicção, eles a depreciam, chegando até mesmo a perder adeptos.
Isto é desespero. Quando tudo está perdido, qualquer recurso é valido, pois já não se tem mais nada a perder.
Surpreende-me o número de pessoas esclarecidas, intelectuais, magistrados, professores universitários, estudantes e artistas que ainda se deixam levar por essa onda negra e fedorenta que arrastou o país e o transformou em um mar de lama. Fico boquiaberta que mesmo após terem escutado da boca de um de seus líderes o termo “peão”, pejorativamente empregado para referir-se a eles, ainda continuem se submetendo a tais pessoas.
A falácia, a mentira, a negação, a notícia falsa e/ou distorcida, a maledicência e a difamação, fazem parte do seu discurso. E aqueles que apoiam tais líderes parecem sofrer de alguma forma de síndrome de Estocolmo – condição na qual alguém passa a ter simpatia, amizade e até mesmo amor por seus agressores.
Não é questão deste ou daquele partido político, mas da corrupção que assola o país e nos coloca em situação tão humilhante. Não importa a qual partido essa gente pertence; o que realmente importa, é acabar com isso!
Meu maior receio, é que as manifestações – tanto de um lado quanto do outro – de nada sirvam para mudar a consciência do povo. Temo que daqui a pouco, todo esse modismo seja ultrapassado e esquecido por algum outro evento que possa ser mostrado e discutido nas redes sociais, e então, tudo voltará a ser a mesma coisa, seja qual for o partido que esteja no poder.
É esperar para ver.
Para melhor esclarecer meu ponto, tomei a liberdade de pesquisar melhor sobre a Síndrome de Estocolmo, e eis o que encontrei na Wikipedia:
Síndrome de Estocolmo ou síndroma de Estocolomo (Stockholmssyndromet em sueco) é o nome normalmente dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor. De um ponto de vista psicanalítico, pessoas que possam ter desenvolvido ao longo de experiências na infância com seus familiares ou cuidadores, algum traço de caráter sádico ou masoquista implícito em sua personalidade, podem em certas circunstâncias de abuso desenvolverem sentimentos de afeto e apego, dirigidos a agressores, sequestradores, ou qualquer perfil que se encaixe no quadro geral correspondente a síndrome de Estocolmo, assim como a possibilidade, também, amplamente considerada, de que para algumas pessoas vítimas de assédio semelhante, possam desenvolver algum mecanismo inconsciente irracional de defesa, na tentativa de projetar sentimentos afetivos na figura do sequestrador ou abusador que possam "amenizar" ou tentar "negociar" algum tipo de acordo entre a relação vítima/agressor na tentativa de reduzir a tensão entre os entes envolvidos.
De uma forma geral, estes processos psíquicos inconscientes e sua relação entre vítima/agressor, podem perfeitamente serem entendidos em uma ampla gama de contextos onde a situação de agressor e abusado se repete. Inclusive no caso de mulheres que sofrem agressão por parte dos cônjuges e mesmo muitas vezes tendo recursos legais e apoio familiar para abandonar o agressor, ainda persistem em conviver sob a atmosfera de medo.
Diante disso, eu penso que é exatamente isso que acomete os defensores da situação que o país está vivendo hoje.