DISCURSO DE PARANINFO de AIRES JOSÉ PEREIRA
Magnífico Reitor da Universidade Federal do Tocantins, prof. Dr. Marcio da Silveira
Excelentíssimo diretor do Campus Universitário de Araguaína, prof. Dr. Luiz Eduardo Bovolato
Prezados Professores e Funcionários homenageados;
Demais membros da mesa,
Senhores Pais, familiares e demais convidados,
Meus colegas e afilhados,
Boa noite,
Primeiramente gostaria de agradecer pela honra de poder participar deste momento na companhia de meus colegas de profissão: meus colegas professores (aqui também honrados pela homenagem que recebem); meus novos colegas Licenciados em Geografia; senhores pais, também meus colegas na tarefa de educar, e os principais professores para que este sonho hoje esteja se realizando.
Costumo falar em sala de aula que um bom educador precisa de três características básicas, ou melhor, três qualidades. Estas três qualidades a que me refiro são: a do poeta, a do jardineiro e a do pescador.
O Educador precisa do sonho do poeta para poder nunca desanimar com o processo ensino aprendizagem. Quer dizer, o educador precisa ser poeta no sentido figurado para continuar sonhando com uma educação de qualidade. O poeta nunca desiste do sonho de ser poeta, de poetizar a vida. De dar harmonia a vida. De ser útil aos outros seres humanos em suas vicissitudes, em seus sonhos, em suas realizações.
Portanto, o educador deve ter estes sonhos sempre. Deve ter o sonho do poeta. O sonho que não tem fim. O sonho eterno de uma sociedade mais justa e igualitária e a educação é a porta de entrada deste sonho. Os educandos são as sementes deste grande sonho. Todos os educandos são sementes a espera da germinação do bem, desde que a educação seja o pilar de sustentação destes sonhos.
Em relação ao jardineiro é porque ele cuida de seu jardim constantemente, no inverno ou no verão, no outono ou na primavera. O jardineiro está sempre ali olhando, cuidando, observando suas plantas. Enquanto o jardineiro cuida de suas plantas, o bom Educador cuida de seus educandos. O bom educador está sempre preocupado com as atitudes, a aprendizagem, os valores, o bom senso, o respeito, a cumplicidade, a compreensão, a solidariedade, a honestidade, a sensibilidade, entre outros adjetivos que podemos enumerar, de seus educandos. Logo, um bom educador é um jardineiro que cuida da aprendizagem e da vida estudantil e humana de seus educandos.
O educador é o jardineiro que regra sistematicamente as mentes de seus educandos de conhecimentos que lhes servirão para o resto de suas vidas. Não apenas aos educandos em si, mas também e principalmente para a sociedade como um todo. Mesmo porque estes educandos vivem em sociedade e como tais participam da vida em sociedade e por isto mesmo podem contribuir com este conhecimento no discernimento de algo que não vai tão bem, podendo assim, melhorar a vida de todos.
A outra característica do bom educador é a de ser parecido com o pescador. Não me refiro ao pescador que pesca com redes, tarrafas e outros instrumentos que pegam muitos peixes de uma só vez. Estou me referindo ao pescador de barranco que leva um molinete e fica, de repente, o dia inteiro e pega apenas um lambari ou piaba, de acordo com sua região, e volta para casa feliz da vida como se tivesse pescado uma tonelada de peixes. Quer dizer, o educador deve ter a humildade de saber que também não consegue pescar todos os seus educandos. O educador também precisa saber que cada educando tem um ritmo de aprendizagem e por isto mesmo deve respeitar as individualidades de cada um.
Além de tudo o que foi dito em relação ao bom pescador, há uma virtude ainda maior que é a sua paciência. Se o mesmo fica à beira do rio, lagoa ou lago o dia inteiro tentando pescar um peixe é porque o mesmo tem muita paciência. E o educador mais do que ninguém precisa de paciência em seu laborar cotidiano. O bom educador não desiste nunca de acreditar no potencial de seus educandos. O bom educador está sempre ao lado de seu educando lhe mostrando qual é o melhor caminho a ser seguido, por isto, tem a paciência do pescador.
Portanto, é neste sentido que acredito que o bom educador é aquele que sonha como poeta, que cuida de seus educandos como o jardineiro cuida de suas plantas e tem a paciência de um bom pescador. Desta forma, com estas três qualidades e, principalmente a paixão desenfreada pela Educação, poderemos fazer a diferença nesse mundo tão necessitado de transformações capazes de nos fazer sonhar com cuidado e paciência.
Também tenho dito que a Educação sempre foi, é e será um instrumento de dominação. Se voltarmos nossos olhares para a História da Humanidade, a mesma sempre desempenhou o papel ao qual lhe foi designado, qual seja o de manter tal qual a sociedade como está. A Educação esteve sempre ao lado do poder. No entanto, se ela (Educação) é um instrumento da classe dominante para se manter no poder, ela também poder vir a ser um instrumento da classe dominada em busca da transformação da sociedade. Por isto escrevi aquela frase que diz: “Ler é se libertar das amarras da alienação imposta pela ideologia dominante”. Então novos colegas e amigos, precisamos ler o mundo e discutir quais são as melhores maneiras de transformá-lo para melhor para todos e não apenas para uma minoria de privilegiados.
Estou falando de Educação porque vocês são licenciados em Geografia e não geógrafos. Vocês são educadores, portanto fazem parte da Educação e como tais, precisam compreendê-la em sua essência para trabalharmos juntos com nossos educandos em busca de uma sociedade melhor que a presente, como venho falando. Todos os educadores, independentemente de sua área de formação precisam e devem ter o compromisso com a transformação da sociedade como um todo. Essa transformação da sociedade só acontece quando cada um de nós se transformar. Não posso transformar o outro antes de mim mesmo. Por isto gosto muito de uma frase muito inteligente da Poetisa Cora Coralina que diz: “Feliz é aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Concordo em grau, número e gênero com ela. Se todos nós aprendêssemos aquilo que transmitimos, com certeza o mundo já seria bem melhor.
Outra frase muito interessante que sempre uso em minhas aulas de Filosofia da Educação e vou repeti-la aqui é a de João Guimarães Rosa que diz: “Mestre não é aquele que sempre ensina e sim aquele que de repente aprende”. É com essa humildade que devemos trabalhar cotidianamente a educação. Se tivermos a humildade de aprender, com certeza poderemos ter algo a ser ensinado, mas se acharmos que já sabemos de tudo, não teremos nada para ser ensinado.
E digo mais, trabalhe, trabalhe, trabalhe, pois o sucesso só vem antes do trabalho no dicionário como bem nos lembrou, Albert Eisntein. E digo mais, o importante não é passar pelo mundo, o importante é deixar sua marca.
Por tudo isso, gostaria de lhes desejar alguns sentimentos para ajudarem vocês na vida e no mercado de trabalho. Sentimentos como:
• A Humildade, para reconhecer que quanto mais se aprende, mas falta para aprender, e assim conseguir reconhecer o próprio erro;
• O respeito, para aceitar as opiniões e limitações, e assim conseguir trabalhar em equipe;
• A compreensão, para ter a pró-atividade em tudo o que fizer;
• O bom senso, para poder distinguir entre ganhar dinheiro ou auxiliar alguém menos favorecido;
• Desejo também um pouco de fracasso, para que não sejam esnobes;
• Desejo muitos erros, para que aprendam com eles e não tenham um trabalho monótono.
Desejo que sejam melhores que os seus professores, melhores que seus pais, melhores que seus ídolos. Eles terão orgulho disso, com certeza.
Enfim, desejo que vocês sejam felizes, da melhor maneira que vocês escolherem. Desejo que alcance o sucesso, da forma que encontrarem. Mas acima de tudo, desejo que sejam VOCÊS MESMOS.
MUITO OBRIGADO.
Discurso proferido por mim nas formaturas dos alunos de vários cursos de Licenciatura da Universidade Federal do Tocantins - Campus de Araguaína em 2015 e 2016.
Espero que todos tenham gostado.
Abraços a todos,
Aires José Pereira