APRENDIZ DE POETA

A originalidade poética às vezes se perde depois de centenas de rimas, de centenas de versos com palavras rebuscadas ou do léxico selecionado, onde o poeta preocupa-se em não mostrar-se incompetente, e peca por não deixar a poesia libertária guiá-lo na engenharia de seus poemas. Às vezes confundi-se e não escolhe a inspiração correta, aquela que lhe conduziria ao que realmente é poesia e flagra-se sendo não mais do que um simples preenchedor de linhas.

Acredito que o poeta deve ser intitulado pelo mundo e não por si próprio, pois na solitária guerra entre ele e a escrita, nem sempre consagra-se vencedor, mas deve está disposto a travar centenas de batalhas, e ainda que vença apenas uma delas, mas que esta seja o seu poema mais belo, aquele capaz de esboçar sorrisos, produzir arrepios e afagar a alma e o  coração daqueles que apreciam suas letras.

Muitas vezes, um construtor de poemas sente receios, receios de se expor para aqueles que se julgam superiores, mas eles esquecem que a poesia não é preconceituosa, e muito menos demagoga.  A poesia não deve ser jamais, uma busca insaciável pela glória, pelo ouro ou pela fama, mas deverá ser sempre, um prazer pessoal, ainda que efêmero, subjetivo, atemporal ou até mesmo imortal, pois ela tornar-se inesquecível todas às vezes que acalma um coração aflito ou leva versos de esperança a um atribulado.

Tenho um rabisco que gostaria de compartilhar com todos aqui presente... E ele diz assim:

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POESIA - SONHOS E ILUSÕES 

Tu és o poema que eu nunca quero concluir 
És um espelhismo que não me canso de mirar 
E quando me aproximo o real toma o teu lugar 
Como pode um homem o abstrato perseguir? 

Talvez eu possa um dia para tua terra fugir 
Pra ver aqueles que o sol um dia veio saudar 
E depois do último verso foram contigo morar 
Muitos não conseguiram o tal sucesso atingir 

Os sonhos estão mortos nos sebos da cidade 
O planador não foi páreo para o despenhadeiro 
Voou, mas não conseguiu alçar a imortalidade 

Neste milharal nem todo vento é o derradeiro 
O corvo voa feliz rumo ao leito da mortandade 
A poesia deve ser d’alma um choro verdadeiro!

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Depois de quatro décadas...  A poesia me encontrou, mas para que este encontro fosse possível, antes tive que encontrar-me comigo mesmo, deixar minha alma leve e o meu coração aberto, livre como uma pluma ao vento, para só então esperar pacientemente pelo amor.
E como acredito que é Deus que dita o nosso tempo e destino.
O amor chegou... Ele veio vestido numa linda mulher, que depois nos deu o fruto, que hoje aquece nossos olhos e alegra nossas vidas... Sou muito grato a ela, pois foi por sua causa que a poesia entrou em minha vida, e hoje vivemos o nosso poema inacabado, até o dia em que a natureza determinar a finitude.


Nesta noite memorável, um sonho individual torna-se real e coletivo. Espero que a missão ABEPANA esteja imbuída de manter a poesia e a literatura pulsantes no coração dos jovens, no coração daqueles que habitam nas choupanas, nas palafitas, nas casas de madeiras ou tijolos, e por que não, daqueles que vivem no porcelanato luxuoso, pois as nuances poéticas são capazes de fascinar a todos, independente de classes, raças ou cores.
Agradeço imensamente ao Mestre Paulo Queiroz, pela oportunidade ímpar de está aqui hoje entre os nobres, entre gente do bem, pois aqueles que constroem e amam a literatura, certamente tem a alma linda e verde como a nossa Amazônia ou azul como o céu anil.

Parabenizo e abraço a cada um de vocês que estão aqui hoje fazendo história...

Parabéns! Mestre Paulo, por ser este visionário, por ser o escolhido para unir a todos nós, neste laço de amizades recentes, mas que semeia no coração de cada um de nós, o desafio de propagarmos uma literatura igualitária, aquela das oportunidades, do apoio moral, literário, e por que não dizê-lo, acadêmico, pois certamente neste grupo temos grandes Poetas, Escritores, Mestres e Doutores, de quem os títulos não lhes roubam a humildade.

Sei que na poesia ainda sou criança e minha escrita é juvenil, mas quem um dia não foi criança ou aprendiz?

Quero para sempre ser um menino poeta, que ama vida, que se orgulha de versar suas raízes, um menino matreiro, mas que ao fim de sua jornada...
Partirá feliz por que apreciou a vida nos braços da poesia!
O meu muito obrigado!    



Nota: Discurso da noite do evento fundacional da ABEPPA  - Associção Brasilseira de Escritores e Poetas Pan-Amazônicos

( Fábio Ribeiro)