Maldades e maldosos II Parte
Dizia Aristóteles: “Quanto mais um ser humano praticar o bem, melhor ele será. E quanto mais ele praticar o mal, mais vicioso será”.
Do ponto de vista pragmático e fenomenológico, esta afirmativa está correta, mas ela nos leva a um beco sem saída, pois deixa em aberto a questão fundamental: De onde vem a bondade? E, de onde vem a maldade? De onde vem o amor? E, de onde vem o ódio?
Ao final do texto volto lembrar que não existem respostas prontas nem fórmulas milagrosas para entendermos nada disso, quando chegamos ao ponto de nos perguntar de onde vem a bondade, também me pergunto quantas maldades pratiquei ou apoiei até chegar a ter essa dúvida sobre bondade, ai me entristeço porque talvez tenha uma multidão de mutilados que deixei ao longo do caminho até este instante, e quando faço a pergunta de onde vem a maldade, tenho medo de ouvir que ela tenha partido de mim, ou em algum momento deixei ela passar livre por mim para atingir quem estava próximo a mim, e com certeza eu não vou gostar de ouvir que fui conivente, sobre amor ou ódio, a resposta é mais simples teoricamente, onde não existe amor, há ódio, onde não existe ódio, há amor, que bom se na prática fosse tão fácil assim, porque existem corações tão cheios de amor que permitem a maldade por justamente tanto amar, ou corações tão cheios de ódio por amar demais, cada um crie em si o que mais lhe convém, o que mais se identifica, amor e ódio são duas coisas paralelas uma em cada lugar de nossa consciência, estamos prontos para amar como também estamos prontos a odiar, nosso livre arbítrio nos diz que podemos escolher entre os dois, mas jamais poderemos amar sendo maldosos ou coadjuvando com a maldade, agora ter ódio e ser maldosos por ter esse sentimento, e coadjuvar a maldade por carregar o ódio dentro de nós sim, a lógica está em sentir mas não transmitir, o ódio destrói o que temos de melhores se soltarmos isso como um cão bravo e raivoso, mas se interiorizarmos e utilizar o ódio que sentimos a ser transformado em coisas boas dentro de nós, poderá nos tornar pessoas boas, sem promover a maldade, nem coadjuvar com ela, ai surge a dúvida, como interiorizar uma coisa tão ruim? Interiorizar não é para todos, quem pensa assim ainda não descobriu o verdadeiro significado de interiorização, não é guardar para si, mas utilizá-la para que eu possa aprender mais sobre mim mesmo.
Sêneca lembra no seu pensamento algo que é muito comum no nosso meio: “A maldade bebe a maior parte do veneno que produz”. Muito bom pensarmos assim, pois ninguém planta uma semente de feijão esperando colher uma feijoada pronta e saborosa, talvez esse feijão nem venha a vingar, e vingar neste caso nos dá uma outra situação que é referência na nossa vida chamada vingança, vingar quer dizer que o tempo dará ao maldoso o mesmo que ele plantou em você, mas os frutos nem sempre são rápidos a crescer e amadurecer, outra palavra muito interessante, amadurecer, depois de ter que colher o mal que plantei me obriguei a amadurecer, e ninguém consegue amadurecer enquanto não descobre que pra ter frutos bons é preciso ter cuidados, adubar, regar, proteger, escorar as vezes, cuidados que são óbvios por que queremos colher algo, o que esquecemos é de observar o que estamos plantando, ninguém precisa se vingar de ninguém, pois quem planta a maldade nem sabe o que está plantando, logo irá descobrir, então cuide com suas sementes, pois não poderá reclamar das ervas daninhas que forem cultivadas por suas próprias mãos.