Rivivere
Uma memória invadiu-me a mente esta noite. Não sei dizer se ela é tão verdadeira quanto me pareceu. Nossos olhos têm essa mania de enxergar aquilo que acham conveniente. Talvez sejam eles que devemos culpar ao nos enganarmos, eles têm essa capacidade afinal. Sobre os lugares que somos, as pessoas em que vivemos, os vislumbres que construímos, as experiências temos e aquelas tememos, sobre a vida renascemos.
Renascemos porque sentimos necessidade, renascemos porque precisamos de outras verdades, renascemos porque nossos olhos não conseguem nos enganar da mesma forma, renascemos porque há de seguir em frente e o próximo passo pode não possuir limites. Rivivere! Gritemos! Sobre a vida: rivivere!
E que seja esse o motivo de estarmos aqui, que seja esse o responsável pelas decepções e recepções as quais estamos vulneráveis, que seja o renascimento eterno enquanto vida porque existem portas que nos levam e não nos trazem os mesmos. Renascer é uma decisão, às vezes tomada pela vida, outras tomada pelo necessário de nos reinventarmos e reconhecermos o mundo, reabitarmos pessoas, reconstruirmos conceitos.
Uma memória invadiu-me a mente esta noite. Ela foi tão verdadeira quanto me pareceu, e desde então eu dei voltas em torno da própria vida, reconheci o sentido da existência e entendi que o renascimento me fez desacreditar por alguns segundos a imagem que me preencheu os olhos já algum tempo atrás. O ato de revivermos não nos faz os mesmos. O constante processo de movimento nos eleva a um ponto alto o suficiente para podermos compreender quem éramos e o que nos tornarmos, e em seguida, vislumbrarmos a incerteza do próximo. Somos ilimitados. Construídos e moldados pelos também ilimitados renascimentos.
Destrua-se. Rivivere.