Av(l)is rara...
O Olímpio...de Pedra do Indaiá, creio. Cursamos juntos um ano de colegial, turma mista, ele na segunda série, eu na primeira, no S Geraldo, Mato Grosso 503, ano de 1966: e eram quatro os Antônios: Agostinho, o Faria (sobrinho do P. Altamiro), o Francisco Pedrosa, e Olímpio da Silva. Inteligente, compenetrado e determinado esse último.
Era o segundo da turma em aproveitamento. Só o Agostinho é que podia mais do que ele. E o Mozart, vez ou outra. Uma única vez, me lembro, arrebatei-lhe esse segundo lugar. O Reitor Gonçalves de Souza encarou-me com aqueles olhos, que de natureza já eram arregaladas pupilas de um senhor Reitor...Mas não repeti a dose.
O Olímpio, ainda estudante, escrevia muito bem. Com originalidade e firmeza. E foi ser médico, como o também colega, Wéber Araújo (vai ver que parente de uma Nandinha que qualquer hora lhe apresento...nu aposento...acrescento?).
Uma crônica do Olímpio, do nosso tempo de religiosidade, começava com um vigoroso "Acorda, João!", um primor. Ele assinava Avlis. Nunca mais estive com o Olímpio desde 67. O que dele soube, foi por terceiros. Ele enfrentava uma moléstia debilitante (acho que poliomielite), com galhardia e muita determinação. Em razão dessa condição, os colegas chamavam-no de Garrincha. O certo é que driblou essas adversidades e deve vir fazendo seus gols de placa.
Um episódio dele de que me lembro bem, deu-se na sala de aula, para a qual entrávamos pelo meio dia. Em razão da poeira em certa época do ano (acho que mais frequente em Divinópolis) o tampo das carteiras ganhava uma nata de pó, ou fuligem, desde a limpeza matutina (que suponho fosse feita regularmente...) até o início das aulas. Alguns dávamos uma soprada naquilo, outros, mais criteriosos, tiravam o lenço do bolso e se punham a lustrar aquela superfície. O Olímpio, de camisa branca, alvinha, mangas compridas, sentado na primeira fila, se insurgiu contra aquele ritual: e esfregando a manga na carteira, foi dizendo: que bobagem de vocês, somos pó, e pó nos tornaremos..