Respostas
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A pergunta mais interessante recebeu o silêncio como resposta; o que é a verdade? Contudo, a humanidade a construiu e se perdeu em sua institucionalização, dessa maneira, criaram-se conceitos, formas – fôrmas.
O discurso construiu o outro a partir de um outro e erguido com todas as convenções. É preciso moldar para que as diferenças sejam controladas e, muitas vezes, cerceadas. O outro perturba, condena a ser o outro que não quer fazer parte desse outro.
A bíblia sagrada da segregação foi escrita quando o primeiro ser não aceitou o sim e o não e ainda compartilhou a liberdade com o outro. Toda a carga pesada da escolha e da influência libertou, mas aprisionou e cerceou as opções.
Mas, o que é ser livre?
A liberdade é preenchida com cadeados e aprisionou o corpo e o interior e o que escapa é o refugo do ser.
Ser ou ter?
Ser é algo inacessível, é sonho de uma noite de verão!
Mas, e o ter?
O ter é verbo que comprou o humano e o vendeu e vende à varejo!
A negociata foi feita à luz do dia e estabelecida com regras que modelaram a existência.
Existo, logo recopilo!
E o que se repete?
Os ismos, confirmado com outro ismo – disfemismo.
Nessa sociedade construída sobre/sob patologias, o outro preocupa. Esse outro é culpa e pecado; é corpo que deve ser sempre castrado. Esse outro que também são vários “eus”, condena todo outro que rasga o contrato escrito das convenções.
O vazio do eu e o outro prenhe, conflitua-me!
O eu esvaziado é preenchido com mais vazios e, assim, o vácuoé novamente completado com o mais fácil e acessível; a resposta, a certeza, o estabelecido. A VERDADE!
O outro que escapa é mentira. Volte!
É necessário andar em rebanho e aquele que sai dos currais da vida determinada, o próprio rebanho o repreende. A ditadura do discurso à serviço da segregação e firmando moral e ética. Sob o discurso da moral a imoralidade aparece! Sob o grito da fé/náticos, o pecado foi estabelecido. Sob o corpo está o peso das construções preconceituosas. Moral e ética sustentam a sociedade e estabelecem modos, maneiras de ser, e a sociedade que pensa que é sociedade (contrato que não há assinaturas), vai erguendo modelos que sustentem seus anseios de sociedade. O individuo é submisso sem ao menos ter o direito de se defender das regras e leis que ele não conhece. Rasgar o contrato é se condenar à rechaça.
Se nós é o outro e “eus” um conjunto dentro de nós, o outro é “eus” e nós, mas quando o outro aparece fora do modelo do “eus”, um outro aparece e o outro, então, vem para confrontar esse “eu” que já não faz parte do outro. Esse outro novo que apareceu, confronta o outro e, para que não haja outro além do outro, estabelece-se a prática do preconceito.
Mário Paternostro