Tempo, ainda, do Diábolus
Tempo, ainda, do Diábolus
Vivemos a época dos números, dados (...) resultado do cartesianismo, no qual, dividiu o homem em ergun cogitans e res extensa, produzindo o homem-máquina, um moto-contínuo, reduzido à partes, vivendo o império do reducionismo e minimamente.
Somos um produto bruto, uma safra e tudo que nos coloca como uma estatística a ser respondida. Convivemos com o micro e o macro e não entendemos ambos; estamos perdidos no entre lugar, confuso em conhecimentos fragmentados. Percebe-se claramente o abismo entre épocas e um caos produzido pelo conflito de séculos. O pensamento complexo é simplório para quem pensa o que já foi pensado e recopila os discursos viciados de outrora. A cabeça bem-feita não organiza saberes e navega nas águas rasas de um conhecimento superficial e fast food.
O homem do medo (medievo) e o homem da ciência ( moderno) ainda resulta no homem de hoje. Mas, e hoje? O que temos? O que somos? Indivíduos ou cidadãos?
Somos o que querem que sejamos; o que nos construíram. Somos a convenção conservadora e o discurso da subserviência capital.
Há cidadãos ou indivíduos?
A sociedade cristã com discursos satanistas (egoístas) vai caminhando para a misantropia ideológica e a individualidade. E Marx? E a sua luta de classes? E operários do mundo, uni-vos? Na nova sociedade numérica, na qual, as redes sociais apresentam amigos-desconhecidos e curtidas apenas sociais, tudo fica na ilusão do coletivo.
Estamos adiante, mas olhando sempre o retrovisor; seres que ainda querem girar a roda da história para trás. Eis o novo homem pós-moderno ou moderno-tardio; o homem com medo e institucionalizado. O homem com medo do gênero, da mulher, das novas identidades... o homem covarde diante das diferenças.
O Estado condena o homem que busca conhecer e ser e diz que se deve ter. Somos lucro, mercadoria; ainda vivemos com o diábolus (o separador). Somos uma cédula, pagando ao mundo a nossa existência.
Lembro-me de Kapra que em seu Ponto de Mutação mostra que atrás de números, dados, pesquisas, há seres; há humanos; há a Terra. Mas, o que interessa são os resultados que as estatísticas apresentarão e farão economia de humanos e gastarão em números que contam, mas não respondem ao complexo de existir.
O micro e o macro não são rivais; afins. O tão é o percurso sempre a seguir, sem início ou chegada, porém, caminho.
Eu sou o todo e também sou nós – entendeu, Descartes?- mas, enquanto o mundo buscar fragmentos e não se perder nos múltiplos, continuaremos a ser dados, fontes, senhas, votos e um número de identidade, que nos apresenta, mas não diz, realmente, o que somos
Mário Paternostro