Apologia aos gatos

Gosto dessa apologia aos gatos nas redes sociais. Os coitadinhos, ingênuos ainda são censurados, abandonados pelas pessoas como se fossem lixo e pasmem, assassinados, como foi o de uma amiga recentemente aqui perto da minha casa. São vítimas da ignorância que, em pleno século 21, disseminam mitos de que são traiçoeiros, rancorosos, violentos e criaturas do mal. É só perguntar para alguém que não gosta de gato que você percebe que a explicação está cheia de preconceitos. Ninguém é obrigado gostar, mas gatos são livres e não adianta querer que ele fique te paparicando toda hora. A liberdade do gato é muito parecida com a liberdade humana, por isso ela incomoda tanto, pois não conseguimos controlar ou dominar os gatos como se domina uma pessoa. Uma coisa verdadeira é que eles não dispensam seus espaços e gostam de deitar como se estivesse derretendo no chão, tamanho o conforto. Que inveja descansar assim! Esses mini tigres se comunicam demais com os olhos e com o rabo. Quase sempre dá para saber quando estão estressados com alguma coisa. Eles não atacam ninguém que não ameace sua tranquilidade e seu espaço. Aliás, ocorrências de ataque com cães são muito mais comuns nos hospitais. Eles precisam de tempo para aceitarem dividir a casa com outro bicho, mas existe grande chance de ficar tudo bem. As vezes tiram a paciência de qualquer um. O que acho pior é, quando em plena madrugada, ele resolve dar um salto na cama porque trocou o dia pela noite e quer brincar. Que irritante! Mas quando olho no outro dia para eles a raiva passa e rola tipo "um acordo" de convivência, principalmente, com a necessidade de delimitar o espaço de cada um. Territorialistas, inteligentes, curiosos, discretos, o que mais aprecio no gato é o silêncio diante da dor. Quando sofrem e ficam velhos, eles ficam quietos, calados e demonstram assentimento de sua condição finita e, ao mesmo tempo, superior, pois são bichos relativamente calmos e inspiradores. Li em umas reportagem que eles estão se multiplicando nos lares brasileiros e ultrapassando o número de cães quando se trata de animal de estimação. Ou seja, a chance de você se deparar com um na casa de um amigo querido ou de seu chefe é enorme. Então, aprendamos a conviver. No vídeo sobre Felinos da Associação Nina Rosa está lá: "gatos não provocam doenças". Por favor, ronronar e ser asmático são coisas completamente diferentes. Ainda no vídeo, lembro: gatos não pulam do 10º andar, eles caem mesmo. Precisam de proteção. Também, quando não domesticados, não conseguem sobreviver sozinhos e, precisam sim, de cuidados como qualquer outro bicho de estimação. Eles são os bichos preferidos dos poetas. Eu acho que são como termômetros do estresse ambiental. Eles não ficam em lugares estressantes, que tem brigas, violência e ameaça a alguém. Você raramente verá um gato tranquilo num ambiente assim. Por fim, considerando o trabalho que dá para quem tem a virtude de cuidar de um em casa, acho que dois são demais, os gatos estão na moda. Gosto da apologia dos seus donos nas redes sociais. Abarrotem essas páginas de gato, encham tudo de felinos, muitos, muitos gatunos. Cinzas, listrados, amarelos, brancos e, principalmente, lindos gatos pretos, para encher-me de sorte, pois não aguento "bobagens" e crendices. Que o planeta se encha de gatos.

Fábio Alvino
Enviado por Fábio Alvino em 28/06/2015
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