Desmistificando o Batismo

A origem da palavra batismo é do grego “baptizo” que significa mergulhar, imergir, que por sua vez deriva de “bapto” que tem o mesmo significado.

Segundo alguns estudiosos, a origem de se batizar vem da Caldeia. Cairbar Schutel nos diz:

Esta prática, que assinala períodos milenários, parece ter nascido na Grécia Antiga, logo após a constituição de uma seita que cultuava a deusa da torpeza, a quem denominavam Cotito e a quem os atenienses rendiam os seus louvores. Esta seita, constituída de sacerdotes que tinham recebido o nome de baptas, porque se banhavam e purificavam com perfumes antes da celebração das cerimônias, deixou saliente nas páginas da História esse ato como símbolo de purificação.

Trata-se, portanto, de um ritual de purificação, ou rito de passagem e consagração praticado por várias religiões, principalmente no Cristianismo. Na igreja católica o batismo é realizado em bebês, já no protestantismo é realizado quando a pessoa tem consciência para fazer uma confissão de fé, declarando que se despede da "velha vida", morrendo para os maus hábitos.

O batismo de João tem um grande diferencial em relação aos “mergulhos” anteriores; seu batismo não tinha sentido simplesmente ritualista, mas moral.

João Batista batizava na água, era o batismo do arrependimento.

O Batismo por João – Bíblia

1) Quem foi João Batista?

João Batista, primo de Jesus, desde o seu nascimento, foi conduzido para ser o profeta do Altíssimo, o último do grupo dos profetas da Antiga Aliança (Mat 11.13; Luc 7.26-28), ou seja, mais do que um profeta, João teve como missão sublime ser o precursor do tão esperado Messias. Como precursor, a sua obra era de promover o reavivamento espiritual de Israel, e assim, preparar a nação à vinda do Messias (Luc 1.16-17).

Aproximadamente no ano 27 d.C. veio a palavra de Yahweh a João para que desse início a sua missão e, assim, João começou a percorrer o deserto da Judéia, ao redor do Rio Jordão, pregando o «batismo de arrependimento», para o perdão dos pecados (Luc 3.2,3). João não tão somente pregava o batismo de arrependimento, mas também batizava os arrependidos.

João Batista fora, segundo afirmação de Jesus — Elias reencarnado. Viera com a missão de precursor do esperado Messias. O ponto principal das suas pregações consistia em aconselhar a confissão íntima dos erros, arrepender-se e a regenerar-se a fim de receberem o Enviado Celeste.

Porém, a cerimônia do Batismo, no verdadeiro sentido de “Banho Expiatório”, não foi criada por João Batista. Essa prática já existia na Índia, milhares de anos antes de existir na Europa, tendo dali passado para o Egito. Na índia, eram as águas do rio Ganges consideradas sagradas, tendo propriedades purificadoras. Do Ganges passou-se para o rio Indus, igualmente considerado sagrado, de onde se propagou para o rio Nilo, também tido como sagrado, para, por fim, terminar no rio Jordão, onde João usava as águas para o mesmo fim e como um ritual.

João sabia que o problema dos judeus é que eles já se consideravam membros do Reino dos Céus, e, portanto, achavam desnecessário se preparar para a próxima fase. Já eram israelitas de nascimento. Abraão era seu pai. Eram filhos da Aliança. João, por conseguinte, viu-se obrigado a praticamente, excomungar a nação hebraica. Em primeiro lugar, denuncia-lhe os pecados e, em seguida, a convida a entrar pela porta do arrependimento (Mat 3.7-10). João censurava os fariseus por dependerem da sua nacionalidade, como garantia da sua salvação (Luc 3.7,8). A expressão «reino dos céus» deixara a nação judaica emocionada, mas a expressão «arrependei-vos» não teve muito efeito. A maioria dos judeus considerava o Reino apenas do ponto de vista político, e não espiritual. «Arrepender dos nossos pecados? » Nada disso! Somos descendentes de Abraão e nada há de errado

conosco (João 8.33). Sabiam que eram servos dos romanos, mas não aceitavam e não sabiam que eram servos do pecado (João 8.34).

Os judeus estavam familiarizados com as abluções (lavagens) cerimoniais. Eram uma nação de sacerdotes (Êx 19.6); tinham muito contato com o Templo de Yahweh, qualquer impureza os excluía do Santuário. O caminho da restauração passava pelo oferecimento de sacrifícios e pela lavagem em água. Quando um gentio, por exemplo, resolvia deixar o paganismo para obedecer a Lei de Moisés, somente seria aceito na comunidade israelita por um rito de iniciação; a circuncisão, o batismo ou a imersão em água, significando já estar limpo de todas as poluições pagãs.

João impunha este tipo de batismo para reforçar sua mensagem de que a verdadeira espiritualidade não depende do legalismo e nem da identificação com alguma nacionalidade. Evidentemente João, ao exigir a submissão ao batismo, colocava os judeus no mesmo nível dos pagãos; declarava-os impuros e necessitados de arrependimento (Mat 3.2,7-12).

2) Como era realizado o batismo por João Batista?

O batizando, estando arrependido de seus “pecados” era imerso nas águas do Rio Jordão simbolizando uma nova conduta a partir desse ato.

João atraía uma grande multidão e deveria apresentar o Enviado Divino ao povo, pois Ele seria identificado, de acordo com o sinal que lhe daria Aquele que o tinha enviado, já que naquela época existiam falsários a se intitular o “enviado”.

Antes de ter visto o Cristo, disse João Batista: Aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de desatar; ele vos batizará com o Espírito e com fogo. (Mateus, 3:11). Após conhecer o Mestre e saber de sua superioridade, João Batista afirmou: É necessário que eu diminua, para que ele cresça (João, 3:30), reconhecendo, assim, que a sua tarefa de Precursor estava no fim, e o Batismo de Água deveria ser suplantado pelo Batismo do Fogo.

3) Os três batismos – água, fogo, espírito

O Evangelho reporta-se a três categorias de batismo: o da água, o do fogo e o do Espírito-Santo.

O batismo com água, é o do arrependimento.

Desejavam o perdão de fora para dentro sem construí-lo no dia a dia. É nesse sentido que os Israelitas aguardam o Messias poderoso e salvador, o que vai livrá-los da escravidão. É preciso produzir frutos dignos de arrependimento, e isto se dá quando, como ensina o Codificador do Espiritismo10, houver arrependimento, expiação e reparação do mal feito.

O Batismo de Fogo é uma difícil fase da vida do ser humano. O arrependimento sincero dos erros e das transgressões de vidas passadas são a fase preparatória para o Batismo de Fogo, o qual acontece pelo início da luta pela renovação, reparando os males cometidos em outras vidas. É quando, também, há a demonstração do propósito de reformar interior. Simbolicamente, significa esterilizar-se das contaminações contraídas no decurso de suas várias reencarnações.

O Batismo pelo Espírito é a constância na prática do Bem, com a consequente evolução moral, obtendo, por mérito, o reconhecimento do Plano Espiritual Superior. É quando o indivíduo consegue sintonia com o Mundo Maior. Isso é alcançado, através de um árduo Batismo de Fogo, pela luta, sem esmorecimento, num longo aprendizado, vencendo as provações e se aprimorando espiritualmente.

4) O batismo de Jesus

Jesus foi batizado por João?

Mateus, (3, 13-17) diz que Jesus fez questão de receber o batismo de João e acrescenta que, ao sair Jesus da água, o povo que estava presente ouviu uma voz que disse: “Este é o meu Filho dileto”; e que essa voz vinha dos Céus. Diz mais o trecho que “Viu os Céus abrirem-se e o Espírito, como pomba, descer sobre ele. ” No texto fica claro que muitos ouviram mas somente um viu.

Marcos, (I, 9-11) limita-se a dizer que Jesus foi batizado por João no Rio Jordão e que dissera a seus discípulos que fossem por todo o mundo, pregassem o Evangelho a toda criatura; o que cresse e fosse batizado seria salvo, mas o que não cresse seria condenado.

Lucas, (3, 21-22) diz somente que: tendo o povo recebido o batismo de João,

Jesus também o recebeu.

João Evangelista, (1,30-34) não diz que Jesus houvesse recebido o batismo de João Batista, mas parece esclarecer bem o fim do encontro que o Mestre teve com o Batista:

Eu não o conhecia, mas para que ele fosse manifestado a Israel, é que eu vim batizar com água. Eu não o conhecia, mas O que me enviou a batizar com água, disse-me: Aquele sobre quem vires descer o Espírito e ficar sobre ele, esse é o que batiza com o Espírito Santo. Eu tenho visto e testificado que esse é o Filho de Deus. Ele tinha que revelar-se como Messias e não se dizer Messias, e o Espírito precisava testificar, como aconteceu.

João não exaltava o seu batismo. E tanto é assim que aos que vinham a ele pedindo o batismo, o Profeta do Deserto dizia: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Dai, pois, frutos dignos de arrependimento e não digais dentro de vós: temos Abraão por pai. . .” (Mateus, III, 7-9.)

Porventura não foi Jesus o mais elevado Espírito encarnado na Terra?

a) O Cristo submeteu-se ao Batismo de Água, praticado por João, para não menosprezar o cerimonial com o qual seu Precursor atraía multidões para prepará-las para o próximo advento do Messias. E fato notório que João, sentindo que o Mestre era muito superior a ele, lhe pedisse que o batizasse, tendo Jesus se negado a fazê-lo, dizendo: "Deixa por agora", demonstrando, assim, a pouca importância que dava a esse ritual externo, uma vez que Ele havia descido à Terra para combater a superstição, o fanatismo e o obscurantismo.

b) Mesmo porque Jesus não foi a João Batista com o fim de receber batismo, mas sim para apresentar-se ao seu precursor como o Messias anunciado e fosse, por sua vez, anunciado por João como o Enviado de Deus, revestido de todos os sinais do Céu, como se verificou ao ouvir-se a voz: “Tu és o meu Filho dileto, em ti me agrado.” (Marcos, I, 11 .)

O verdadeiro batismo

Podemos chamar a “Reforma Íntima” de verdadeiro batismo?

Ao desenvolvermos as virtudes ensinadas por Jesus em Seu Evangelho, amor ao próximo, a humildade, a indulgência, caridade, perdão, etc... é o começo do preparo espírita para a consequente recepção do batismo do Espírito.

Uma observação sobre o batismo é que este vem depois de estabelecida a fé.

Podemos nos considerar “batizados” depois de termos nos arrependido dos erros, cultivado e conquistado as virtudes evangélicas através das encarnações sucessivas e finalmente estarmos transformados em Espíritos evoluídos.

Conclusão

Será que a simples imersão em água pode purificar uma pessoa?

Nunca, de forma alguma, por ser um ato material e ritualístico.

Não tem serventia alguma se a pessoa a ser batizada submeter-se apenas momentaneamente, para cumprir um protocolo ou atender às exigências de outrem.

Por esse motivo Jesus mandou os seus discípulos pregarem o Evangelho a toda criatura. Notamos que Jesus não os mandou batizar, mas sim pregar o Evangelho, para que o “batismo” viesse depois pelo Espírito.

"Todavia, não era o próprio Jesus que batizava, mas os seus discípulos." - (João, 4:2)

Alguns dos apóstolos de Jesus também foram discípulos de João Batista, por isso, continuaram a dar apreço ao Batismo de Água.

Muitas pessoas acham que o fato de ter o Cristo sido batizado dá autenticidade a esse ritual; entretanto, convém lembrar que o Mestre também foi circuncidado, e nenhum cristão adota essa prática, que é apenas cumprida pelos judeus.

Todos e quaisquer rituais são práticas exteriores, como vimos, o verdadeiro valor está no progresso espiritual, na prática do amor ensinado por Jesus.

Dalva Marisi Gallo
Enviado por Dalva Marisi Gallo em 04/06/2015
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