discurso de casamento serra gaucha
Caríssimos afilhada e afilhado.
Pedimos permissão nesse momento solene para falar, sobre este e outros tantos momentos que se iniciam e que se reafirmam com esse contrato.
Ouvindo o sermão do padre e o conselho do juiz de paz, cabe a vocês agora escutar a voz do coração. Do coração de você Tiago, do coração de você LINDI. Mas fundamentalmente do coração da vó, dos pais, dos tios, dos primos, do pessoal do Lions, do pessoal da faculdade, do pessoal do SEBRAE, do prefeito de Arapongas, do dono do mercado, do vendedor da concessionária, do Ricardão, da Joselina... E de todos os corações que ainda batem, pois todos terão e tem conselhos e opiniões a dar nesse relacionamento. Nos mesmos, os que aqui se reúnem, aproveitaremos para “DEITAR” alguns conselhos logo em seguida.
Pois bem! Não pensem que escutar o coração dos outros é ruim. Pois caso vocês não saibam, o bater do coração, o escutar o coração, sentir o seu calor significa que todos estes ainda estarão com vocês, próximos, mais ao lado, um pouco mais a diante, no dia a dia, no mês a mês, e poderão ter a certeza de contar com todos para um “palpite”.
Afilhados! Caso vocês não saibam, pessoas em que o coração não bate não falam. Algumas, por próximas que foram ainda sussurram em nossas memórias. Mas no geral se ouvirem e aos gritos.... é assombração gaúcha! E viva o grêmio!!!
Desculpem me empolguei.
Sempre é bom lembrar que trabalho é fundamental, pois só coração não paga conta.
Afilhados observem, pois, os que lhes fala o coração dos que vos aconselham. Afilhado Tiago, ao urinar levante a tampa do vaso. Lembre-se você é homem e, portanto deve mijar de pé, mas por favor olha a pontaria! Afilhada Lindi, lugar de roupa suja é no cesto e não no registro do chuveiro. Quer mostrar suas peças intimas dependure-as em um varal defronte a sua casa. Tiago, toalha de mesa não é lenço. Lindi, churrasqueira não é lixeira. Aliás, já estamos preocupados, pois não vimos na relação de presentes da casa jost lixeiras para presentes. Tiago, não faça do carro uma arma a vítima pode ser você. Lindi, a vida não se resume a manicure. Tiago, louça suja na pia é para ser lavada. Lindi, um homem tem direito a descansar quando chega em casa. Tiago, o papel higiênico sai sempre por cima no suporte jamais por baixo (mulher odeia isso). Lindi, mulher casada controla a conta do marido. Piazada, 20 de setembro é feriado estejam onde estiverem. Por último, falou em compras, lojas benoite!
Queridas crianças! Quando a gente cresce e casa um dos objetivos é gerar novas crianças. Por isso tenham sempre em mente e sempre ao alcance da mão um copo de água e um AS. Isso será fundamental para aqueles momentos em que o coração bater mais forte.
Lembrem-se! Precisamos manter a espécie, “a família, a propriedade privada e o estado”. Anticoncepcional é coisa dos anos 60 e isso foi lá pelo século passado.
Queremos também aproveitar este momento para agradecer o convite que muito nos honrou de serem vossos padrinhos.
Agradecemos imensamente a gravata que nos foi enviada e as indicações dos tipos de vestes e trajes com os quais deveríamos nos apresentar nesse solene momento.
A gravata em particular enviada a um padrinho é muito sugestivo. Ela além de aparar a baba do sujeito que a usa, aperta-lhe o pescoço. Fazendo com que ele não se esqueça o número da agencia nem o numero da conta corrente dos noivos.
Mas como padrinhos, queridos afilhados, damo-nos o direito de nesse momento de aconselhamento de lhes ensinar algumas verdades da vida.
E a primeira delas é: Casamento não é um negócio, ao menos não um negócio que se faz todo dia. O casamento é algo mais duradouro é uma decisão mais pensada. Não se casa por recompensa. Casamento não é mercadoria de troca. Não é um acontecimento para motivar festa. Senão o contrario, a festa é a saudação coletiva do recebimento do novo integrante na nova família. Que lhe recebe como cunhado, pelos irmãos, como sobrinho pelos tios, como genro e nora pelos pais, como netos pelos avôs. A festa é, portanto este momento de congraçamento e união entre famílias.
O casamento é também o início do entendimento para a constituição de uma nova família. É a célula original que mergulhada no caldo que é a sociedade germinará e promoverá o nascimento de novos frutos. Novos sujeitos, novos gremistas!
O casamento é coisa especial. É fruto do entendimento, da vivência e se dará não de forma imediata, mas ao longo dos anos.
De forma a contribuir com esta vivencia duradoura, decidimos presentear-los de forma muito especial. Estamos presenteando a vocês, Tiago e Lindiara, mensalmente a cada dia 5, com um generoso depósito na conta corrente mencionado pelos noivos.
Sugerimos que os padrinhos que detenham conta no Banco do Brasil façam tranferencia programada automática.
Na instituição familiar isso é chamado de mesada.
Para que não se estenda demais essa gentil contribuição, sugerimos o prazo de 320 parcelas, o mesmo que um financiamento da Caixa Federal.
Assim estaremos com a voz de nossos corações participando deste longo e duradouro entendimento que se inicia hoje. Retornando todos aqui para festejar as bodas de ouro.
Bom o valor... Com o Real forte do jeito que está... Quase se equiparando ao dólar... Acreditamos que a transferência de todo o dia 5 de um real ficará de bom tamanho.
Dessa forma nosso presente de efêmero e passageiro será quase eterno. Caso os noivos achem pouco... Bom, podem fazer aplicações destes generosos fundos, para que rendam juros. Podem aplicar na bolsa. Podem investir em imóveis ou mesmo comprar algumas grosas de pinico. Sejam criativos afilhados pois a capacidade de vencer desafios e transformar dificultades em oportunidades nos faz um só nessa caminhada que chamamos de família.
Os padrinhos orgulhosos aguardam sua manifestação criativa.
Por fim em nome da família Lucchese e de seus agregados trouxemos de presente uma caixa especialmente preparada para este evento. Retocada, refinada, lustrada, consertada, preenchida até venerada por alguns. A caixa e tudo que nela tem é parte da herança que cabe a nova família que se constitui a Família Santana Lucchese.
Ali registramos aquilo que consideramos como mais importante de nosso convívio familiar, que deve ser modelo para vocês. São as lembranças que nos deixaram e as coisas que representam autenticamente a nossa terra. Ali estão nossas lembranças, nossos laços, “recuerdos” que nos fazem homens e mulheres desta longa história.
Só tem um detalhe! Essa caixa só poderá ser aberta após a festa. Precisamente amanhã ao meio dia, quando estaremos novamente reunidos para um saboroso almoço na casa dos pais da noiva. Nosso terceiro dia de “kerb” em Veranópolis.
Com nosso amor!!
É o que desejam, madrinhas, padrinhos e demais integrantes da família lucchese e de seus agregados.