A estranheza do amor

A estranheza do amor.

O amor é estranho. Do nada um dia você descobre estar amando. Da mesma forma você descobre ser razão de um amor. Ai do inesperado o amor acontece. Um dia você acreditou que jamais seria amor ou amaria. Ai o amor aparece. Ai você vira vitima e algoz. Exatamente isso. O amor além de estranho é absurdamente mau. Parece absurdo dizer isso mas é a verdade. O amor é capaz de nos levar ao inferno sem nenhuma escala. Ele é capaz de fazer você perdoar o que deveria ser imperdoável, e é capaz de fazer você se sentir inexistente quando a dor é tão absurda e você é incapaz de sentir e agregar qualquer valor negativo ao seu algoz. O amor é altamente indelével. Isso mesmo: uma vez vitima dele você jamais poderá escapar: é indestrutível e você jamais irá se livrar. Não adianta odiar, gritar, agredir. Nada fará o amor sair de você, te deixar, para sempre você será incapaz de expungi-lo de sua vida. Você pode ate tentar mascarar. Pode vesti-lo com uma capa diferente, pode pintá-lo de uma cor mais aprazível, pode dar-lhe outro nome e outra face, mas ele sempre será o amor de sempre, o primeiro, aquele que fez sua espinha gelar ao ver pela primeira vez. Já era. Eu aviso. Nunca mais você poderá dizer que existe sozinha e mesmo sozinha estará acompanhada pela figura do amor indelével. O amor tira seu sono e sua paz, mas ao mesmo tempo são a estrada que leva o ar aos seus pulmões, as veias que levam o sangue ao seu coração e a água que refresca sua alma. E é por isso que por muitas vezes é melhor fenecer por amar. O amor, não nos parece, mas ele é um só. Seja ele amor romântico, filial, de amigo ou de irmão. Todos eles, digo, ele, o amor é um e tão somente um mesmo e único sentimento. O amor é como uma raiz de capas, como um bulbo que jamais fenece. A cada capa uma nova vida e existência, que aflora mesmo que esteja morto sob sua inexistência superficial. Não se perde um amor. Ele apenas vira uma camada, um extrato sedimentar na sua vida passada. Vai sempre estar lá e à medida que vai sendo soterrado por outras camadas de sentimentos e inexoravelmente se metamorfoseia, tornando-se mais forte, cada vez mais rocha para que quando for buscado pela erosão do desespero da saudade aflore tão mau, frio e indelével como um bloco gélido e sólido de granito. Se você for capaz ame. Apenas Ame.