PALAVRAS DE PEDRO SABINO E A MINHA RESPOSTA

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PALAVRAS DE PEDRO SABINO:

"Boa tarde Dr. Domingos Ivan. É interessante essa sua raiva. Claro que a Igreja é feita de pessoas e as pessoas erram. Vc está vendo somente o lado ruim da Igreja e o lado bom ela não tem? Hoje vc tem um concurso e é formador de opinão devido a formação que vc recebeu dessa Igreja claro que tem a sua competencia e seu interesse pelo estudo, que vc tanto condena, porque vc aceitou o dinheiro dela? Pense e analise antes de falar as coisas hj tá cuspindo no prato que comeu.

Você só critica, o que vc está faz de diferente para mundar o mundo? criticar e a apontar os erros dos outros é facíl. qual é a sua atitude concreta para a situação ser diferente? falar todo mundo fala e o fazer onde está?"

A MINHA RESPOSTA:

Obs.: Deixe esta marcação. Talvez algum padre da Diocese de Balsas tenha vontade de dizer alguma coisa em resposta. É um direito que eu respeito e sempre respeitarei.

Obs.: Há padres nessa diocese pelos quais eu tenho uma grande admiração. Não preciso citá-los. Eles sabem do meu respeito e da minha admiração por eles. Eu não condeno tudo, nem condeno as pessoas. Eu sou um pecador. Morrerei pecador. Eu sou imperfeito. Jesus disse que devemos condenar o pecado, mas abraçar o pecador.

Pedro Sabino, em primeiro lugar, eu afirmo que não sou Doutor. Neste caso, você já começou errando. Em segundo lugar, a Igreja Católica não me ofereceu nem a metade de tudo o que eu sei e sou. Eu aprendi e aprendo constantemente. Se eu aprendi e aprendo, por exemplo, algo importante de inglês, eu aprendi e aprendo através do meu estudo pessoal, da minha teimosia em buscar o saber, na compra de livros. Se eu aprendi algo importante, eu aprendi com o meu esforço e com a minha teimosia. Eu busquei o conhecimento que a igreja me impedia de ter; eu busquei o conhecimento através dos livros que eu comprava e compro. Eu busco o conhecimento todos os dias. Veja quantos seminaristas tiveram o que eu não tive. Mas isso não me interessa. É opção de apadrinhamento. Eu sou muito feliz!

Em terceiro lugar, eu não estou cuspindo no prato que comi. Estou exercendo o meu direito de analisar a vida e o mundo; de exercer a liberdade de pensamento e expressão, assim como a igreja tem o direito de resposta.

Quem está vendo apenas uma parte da realidade é essa igreja da qual você faz parte. Você conhece a história de Moisés. Ou não conhece? Será que Moisés ficou onde ele foi criado? Será que Moisés aceitou os erros do FARAÓ? É claro que não! Veja bem, caro Pedro: eu sou professor. Não sou apadrinhado pela igreja. Não sou vagabundo. Eu trabalho e me sustento.

Digo mais: eu não tenho apenas um concurso. Eu fui aprovado em 3 (três) concursos. Escolhi dois e desisti de um.

Digo mais: durante todo o meu tempo de seminário, eu não fiquei comendo sem fazer nada. Eu realizava um trabalho pastoral. Eu era evangelizador. Ainda hoje, eu anuncio, do meu jeito, o Deus da vida e do amor. Falo sobre Deus através da minha escrita, dos meus poemas, através da minha vida. Não sei se estou fazendo muito. Não me considero fazendo tudo o que devo fazer. Mas procuro fazer o bem. Eu trabalho ensinado as pessoas a se prepararem para a vida e para o exercício da cidadania. Eu tenho uma página em um site onde eu faço publicações, mostrando a norma-padrão da Língua Portuguesa. As pessoas enviam perguntas para o meu e-mail, pedindo explicação de alguns assuntos. Sou consultado pelas pessoas sobre a Língua Portuguesa.

Eu aprendi e aprendo através dos livros que eu compro. Se eu tivesse me conformado com aquilo que a igreja me ofereceu, talvez eu fosse, hoje, um desempregado. Não é muita coisa o que eu faço pelas pessoas, mas é algo que serve para as pessoas que estão querendo algo útil para serem aprovadas em concurso e, assim, conseguirem exercer a sua cidadania. Além disso, eu me sinto bem exercendo o meu papel social. Faço isso também no Facebook. Será que estou fazendo alguma coisa “concreta”, como você questiona?

Esses conhecimentos que eu tenho da Língua Portuguesa não me foram dados pela igreja. Aliás, os padres da sua Diocese se expressam e escrevem muito mal. O D. Franco disse, certa vez, no Seminário em São Luís, que certo padre parecia não ter feito o curso primário, devido ao péssimo português desse padre, que você sabe muito bem quem é. D. Franco disse sentir vergonha diante das críticas que ouvia a esse padre. Isso mostra a péssima formação que a sua igreja proporciona aos padres, aos seminaristas.

Portanto, a sua crítica não se sustenta, mas você tem o direito de dizer tudo o que quiser. Só peço que você não seja como aqueles que, diante de alguém que faz críticas à igreja, reagem dizendo que esses críticos receberam dinheiro da igreja. Ora, essas pessoas que criticam a igreja, esses ex-seminaristas, muitos são pessoas que exercem um papel social. Sendo assim, essas pessoas estão fazendo alguma coisa.

Digo mais: já que você falou sobre dinheiro, imagine quanto eu receberia em dinheiro, ainda que eu estivesse trabalhando no corte de cana, por exemplo. Ora, o tempo que eu fiquei no seminário, eu fazia alguma coisa: limpava a casa, limpava banheiro, lavava louça, preparava café, fazia comida, mesmo não sendo um bom cozinheiro, fazia trabalho pastoral e as pessoas das comunidades gostavam de mim, gostavam do meu trabalho. Imagine quanto eu receberia, hoje, se todo esse trabalho fosse pago. Eu já trabalhei até na rua, sendo gari. Nunca fui um vagabundo.

Eu não estou exigindo pagamento. Estou apenas mostrando que eu nunca fui vagabundo e nunca comi à custa da igreja. Eu trabalhava e trabalho. Eu trabalhei muito para essa sua igreja.

Além disso, os padres da sua Diocese de Balsas são sustentados pelos fiéis. Não sou eu que recebo dois salários mínimos para ser padre. Eu pergunto a você: quantos padres da Diocese de Balsas têm uma profissão? Quantos padres da Diocese de Balsas têm um trabalho fora das quatro paredes da igreja? Conte! Portanto, caro Pedro, não use o mesmo argumento usado por freiras e padres para reagirem diante das críticas que ex-seminaristas fazem a essa igreja: certas freiras, certos fiéis e certos padres só sabem dizer que ex-seminaristas comeram à custa da igreja. Nenhum seminarista, caro Pedro, vive no seminário sem fazer nada. Ou vive?

Busque argumentos sólidos. Você recebeu uma formação para pensar diferente da maioria. Use um pensamento racional, lógico e coerente. Fique à vontade para dizer o que quiser. Mas, por favor, não apague o seu comentário. Comente mais. Argumente mais. Eu estou esperando com muito respeito.

Concluo este comentário dizendo isto: eu sou muito grato a essa igreja. No entanto, a minha gratidão não me faz fechar os olhos para os erros que são cometidos por essa mesma igreja.

Caro Pedro, siga o exemplo de São Francisco de Assis, de Dom Oscar Romero, do Papa Francisco. Como você vê, a minha fé permanece. Eu acredito e sinto que a minha fé em Deus aumenta a cada dia. Um abraço, caro Pedro Sabino!

Ah, eu não alimento raiva em mim. A raiva é um sentimento inferior. Eu procuro seguir os ensinamentos de Cristo, Buda, Gandhi e São Francisco de Assis.

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 24/10/2014
Reeditado em 24/10/2014
Código do texto: T5010981
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