A CARNE É FRACA... e nosso Planeta também!
O consumo de carne é hoje o maior problema ambiental e social do planeta. Se quisermos resolver o problema da poluição, o problema da fome, o problema da distribuição e concentração de renda no planeta, é só acabar com o consumo de carne. A pecuária foi a principal responsável pelo desmatamento da mata Atlântica, foi a principal responsável pelo desmatamento da Caatinga, do Cerrado e também da Amazônia. Para produzir 1 kg de carne bovina são necessários 7 kg de grãos para a ração animal e 15000 litros de àgua. Para a produção de 1 kg de cereal são gastos somente 1300 litros de água. A terra e água necessárias para produzir 1 kg de carne são suficientes para o cultivo de 200 kg de tomates ou 160 kg de batatas. Em 20 anos o consumo de carne por pessoas na China subiu de 20 para 50 pessoas por ano. Existem países que não podem mais sesustentar ou produzir os alimentos de sua população simplesmente porque não tem água suficiente. A quantidade de água, solo e recursos utilizados para produzir 1 kg de carne (que alimentaria duas ou três pessoas por dia) seriam suficientes para alimentar pelo menos 50 pessoas com vegetais e grãos pelo mesmo espaço de tempo.
Os desmatamentos e queimadas na Amazônia em função do avanço da fronteira Agropecuária já respondem pela emissão de mais de 200 milhões de toneladas anuais de CO2 (fora o Metano, liberado no processo de digestão dos ruminantes, que é até 20 vezes mais nocivo que o próprio CO2). Isso significa 2/3 das emissões brasileiras de gases que intensificam o efeito estufa.
De 1992 até 2002 mais de 90 milhões de empregos foram fechados nessa área, pois quem mais gera postos de trabalho é a agricultura familiar e não o modelo do Agronegócio, moldado exclusivamente para a exportação. A chamada Crise Ambiental – consequência direta da modernidade-colonial – pode ser esmiuçada pelo, aparente inofensivo, hábito de produzir e comer carne. Anualmente, mais de 200 milhões de toneladas de fezes e urina dos animais criados para abate chegam aos oceanos do planeta. Esses efluentes são responsáveis por 50% da poluição da água na Europa. Na Dinamarca não é mais permitida a criação de porcos em escala industrial, em parte da Alemanha também não. Enquanto a produção de carne nos países centrais cai, o Brasil atinge records na exportação da carne. O mundo, chamado de desenvolvido, reconheceu que é melhor negócio importar a carne brasileira – e deixar os curtos ambientais (que não são incluídos no preço do produto) no território produtor.
Diante de todas estas questões, sem falar no sofrimento gerado a tantos animais, que já é de conhecimento de todos, mostra-se um ato de cegueira moral continuar compactuando com isso. Quando um fiscal do Serviço de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura vai a um abatedouro, vê o que está acontecendo naquele momento. Quando há fiscalização, o animal é atordoado para não demonstrar dor no abate. Mas longe do fiscal nem sempre isso acontece. No dia a dia, o desrespeito é a norma. E, quando são multados, os produtores embutem o valor da multa no preço final do produto e saem lucrando. A crueldade é impune.
Uma mudança de paradigma não se faz da noite para o dia, sabemos disso. É preciso que mais pessoas atinjam o censo crítico e gerem mudanças pontuais, que serão reverberadas. Mas isso só é possível quando abrimos nossa mente (razão e emoção). O Veganismo é mesmo uma filosofia onde as pessoas se encontram sensíveis ao sofrimento dos animais e aos problemas ecológicos, mas nem por isso veganos são “sentimentalóides, que querem te fazer chorar de pena pelos animais”. Veganos são pessoas realistas, abolicionistas, conscientes e críticas.
O Veganismo não só vem fomentar a crítica pessoal, como também vem tentar minimizar os impactos causados (nas banais atitudes humanas) aos animais não-humanos, os recursos hídricos, a vegetação, a atmosfera terrestre, e consequentemente, aos próprios seres humanos. O veganismo envolve princípios éticos. Enquanto os recursos do Cosmos forem apropriados como mercadorias, a maioria dos povos estará privada de seus direitos. Enquanto a produção de alimentos no mundo estiver sob a égide dos grandes complexos agroindustriais, em detrimento da agricultura familiar, nos restarão os movimentos organizados, que serão atrelados à esfera de normatividade social, porém, estarão confrontando, mesmo que sob a aparência de reprodução, este ordenamento social de modo a transgredi-lo, perpassando o plano individual.