Nossa adorada escravidão
Segundo os Direitos Humanos e a lei, somos livres.
Liberdade. Está ai uma bela palavra, apesar de praticamente ignorarmos seu significado.
Sejamos sinceros, não somos livres. Nunca o fomos.
Todos são escravos de algo, do dinheiro, do seu patriotismo, da raça, do orgulho, de uma família, de uma cultura. Escravos de um livro de capa preta e letras douradas, da televisão e da moda. Escravos da politica, da religião, dos ideais, do sistema.
Se há algo que precisamos admitir é que adoramos ser escravizados. Faz parte da natureza humana. Gostamos de ser usados, manipulados. Precisamos ser controlados. Caso contrário, não conseguimos sobreviver.
Ninguém quer controlar a própria vida, tomar decisões. É muita responsabilidade. É assustadora a ideia de escolher que caminho seguir, precisamos que alguém o faça por nós. Seja esse alguém uma pessoa, um país, uma religião ou até mesmo um patético programa de televisão.
É uma sorte para os ditadores sermos tão masoquistas.
Depois reclamamos que nossos caros governantes não atendem a necessidade do povo. Bom, eles nos dominam. E nós dançamos feito tolos patriotas cantando em nome da liberdade.
Esta tudo bem, o show continua come deveria ser. As marionetes obedecem aos comandos do mestre.
Porém toda programação tem suas falhas. Alguns, poucos, descobrem a verdade. São aqueles que não querem mais ser domados.
São os gênios, os esquisitos, os rejeitados, os diferentes.
Quando todos dizem sim, ele questiona: “Por que devo dizer sim?”.
São os únicos que podem realmente fazer alguma coisa, os que são loucos o suficiente para agarrar a verdade e não aceitar ser controlados, tão loucos a ponto de tentar expor tudo aos ignorantes.
E o que “nós” fazemos? “Nós”, a sociedade civilizada?
Os taxamos de blasfemadores, os excluímos e os sufocamos. Os reprimimos e censuramos.
Mesmo com a verdade tão próxima, preferimos fechar os olhos e seguir com nossas vidinhas de cabeça baixa.
Ninguém quer sair da sua posição confortável. É mais fácil ser escravo do que alcançar a liberdade.
Só seremos livres, realmente livres, quando abraçarmos essa verdade. Não essa “verdade” mentirosa da TV, essa escrita em livros, essa que nossos antepassados ensinaram essa que ouvimos todos os dias.
Mas a verdadeira verdade. Ela não é bonita. Ela é cruel e fria.
A liberdade é algo assustador. Também é a única coisa pela qual vale a pena lutar.