Discurso de Posse na ALRESC Academia de Letras da Região de Sete Cidades

DISCURSO DE POSSE NA AlRESC

Acadêmica Yeda de Moraes Souza Machado

Academia de Letras da Região de Sete Cidades / ALRSEC

Patrono : Rubens Freitas ,cadeira 50

Local: Auditório do HCT /Hospital e Clínicas de Teresina

Data: 07/06/2016, às 19,30 hs

Senhores Acadêmicos

Senhoras e Senhores

Meu coração está em festa nesse momento que me apresento em reunião solene da Academia De Letras da Região de Sete Cidades /ALRESC para tomar assento , como primeiro ocupante, da cadeira Nº 50 que tem como Patrono Rubem Freitas.

Primeiramente, elevo aos céus agradecimentos pela iluminação de dirigir os meus passos conseguindo essa oportunidade que se transforma agora numa realização. Minha crença diz que tudo tem o seu momento certo para acontecer sob luz e inspiração de Deus.

Nossa vida é cheia de sonhos,projetos, realizações. Mas, nem sempre conseguimos tudo na vida terrena, pois Ele, o Deus Todo Poderoso, nos chama para outra missão. Entretanto, sonhos não realizados podem ser abençoados e realizados posteriormente. Muitas coisas acontecem por sonhos de outros para conosco e , hoje,surgimos nesse contexto para uma realização, uma missão.

Fazendo justiça e ,por gratidão , quero, aqui e agora, contar para vocês que esse momento foi um sonho de Rubem Freitas.Ele havia profetizado ,planejado com seus botões e desabafou comigo que seu próximo encontro com seu amigo José Fortes seria sobre minha entrada nesse templo.

Assim, digo a todos que não estou aqui porque o acaso me trouxe, mas com uma missão de que, juntamente com vocês ,possamos, passo a passos, entrar nessa luta por mais Cultura em nosso Piauí por um mundo onde a Educação,as Letras e as Artes cheguem a todos com igualdades de direito.

Guardarei com carinho no coração a receptividade de todos ao meu nome marcado por eleição de voto secreto para ingresso nesse sodalício. Agradeço a atenção e empenho do Presidente José Alves Fortes Filho em todo processo de inscrição e reunião de eleição procedendo dentro das normas. A tia Genu agradeço ter cedido o Casarão Eurípedes de Aguiar como local para reunião dessa eleição .Obrigada a todos.Estou muito feliz! Espero honrar como dever cívico essa instituição e a amizade de todos vocês.

Meus Confrades e minha Confreiras!

Não poderia esquecer de expressar a gratidão que sinto para com minha família por tudo que recebi para aqui chegar. Confesso que não nasci em berço de ouro, mas nasci num berço onde a CULTURA fez ninho ,cercada de livros por todos os lados. O ambiente familiar, sem duvidas, muito concorreu para o aprimoramento de meu saber.

De maneira especial sou muito grata a minha mãe Jeanete que ocupou a Cadeira 10 da Academia Parnaibana de Letras – APAL a quem rendo minha homenagem por entender que as sementes por ela plantadas ,germinaram e vão dando bons frutos.Ela sempre foi uma amante de uma boa leitura e de gostar de escrever,hábitos esses que se tornaram familiar.Com ela aprendi as primeiras letras e dela imitei seu gosto pelas leituras aprendendo a pensar, filosofando.

Meu pai Joaz, foi o primeiro a instalar uma livraria em Parnaíba, ainda em 1930. Chamava-se Livraria Rabelo.Ele fazia as programações de passeios e viagens da família e antes ,abria sempre algum livro ou as enciclopédia: Mundo Pitoresco, Tesouro da Juventude e Delta La Rousse para nos mostrar “com jeitinho de professor” algo correlato e que traria conhecimentos novos.

Minha casa era muito simples, sem enfeites supérfluos devido ao estilo franciscano que fomos criados. No lugar de enfeites, cortinas, havia muitas estantes superlotadas de livros, dando aspecto sempre de uma livraria. Também na sala, quadros do Coração de Jesus e Maria e um rádio que meus pais ouviam noticiários do país pela Hora do Brasil e notícias locais, pela Rádio Educadora.

Nas estantes de minha casa, nos livros de minha mãe, consideradas suas preciosidades, foi que me deparei com os primeiros grandes escritores e, grandes filósofos e teólogos, despertando-me imensas curiosidades que me fez ir além, muito além.

Iniciar, portanto, na arte de escrever não me foi difícil e transformei-me em pessoa que admira a comunicação como meio de expandir o que se sabe e o que se observa como ,também, fonte de receber novos conhecimentos.

Cada pedacinho de tudo que aconteceu comigo tanto na vida famiiar,como profissional e social são peças , soltas ou interligadas, que agora na velhice como aposentada faço uso e, vou brincando com as letras ,com as palavras, usando a escrita, ou a voz , sempre querendo construir outras peças e continuando na trilha do Bem em busca por mais Justiça entre os homens.

E, agora, me junto a vocês com bastante humildade querendo sonhar mais, aprender mais, fazer mais...enfim,compartilhar e contribuir de alguma forma com o engrandecimento do meu estado e da minha querida Parnaíba até quando Deus me permitir.

No estágio de vida que me encontro não vejo mais a vida como escadaria e, sim, como um patamar, com terra firme sob os pés e um olhar no céu...tanto faz ser,numa praia admirando ondas calmas ou agitadas no mar...ou ,numa campina, contemplando árvores verdejantes e pássaros saltitantes...

Quero ficar livremente, onde possa andar,respirar,cantar,olhar a lua para minha alma de poeta poder versejar ou contemplar.

Quero ,também, ter a liberdade de sentindo minha alma inquieta usar minhas armas para analisar,criticar e gritar contra a injustiça, a ausência de Educação,Cultura, Saude e Segurança.

Quero com o meu ideal de Assistente Social lutar pelos direitos dos injustiçados e levar a paz onde poder...

Meus confrades e confreiras!

Meus senhores e senhoras!

Nessa solenidade cabe-me ainda ressaltar a figura do eminente Patrono Rubem Freitas cuja cadeira 50 passo a ser a primeira ocupante. Fato que me deixa muito sensibilizada e agradecida.

Não me é difícil falar de Rubem da Páscoa Freitas com quem convivi desde a minha infância pois, nossas famílias eram e ,são muito ligadas pela amizade. Ele era maranhense, de Tutóia , filho de Bernardino de Freitas e Maria Otávia de Freitas, nascido a 27 de março de 1932. Conheci pessoalmente Dona Otávia, pessoa muito serena e dedicada à família mostrando-se sempre bastante ocupada com a lides domésticas, Ela era muito amiga de minha mãe.

Rubem veio cedo para Parnaíba, aos 14 anos, para concluir seus estudos de primário básico no Ginásio Nossa Senhora de Lourdes, indo após para a União Caixeral onde recebeu diploma do Curso Técnico de Contabilidade.

Participante de uma família da classe média, adolescente ainda, procurou o trabalho como meio de sustentação e de colaboração aos irmãos menores que precisavam estudar. Desde cedo e devido a seu bom comportamento fez muito boas amizades com jovens e senhores da nossa sociedade.Mostrava muita facilidade para fazer novas amizades.

Em 1948 Sr. Bento Mavignier foi seu primeiro chefe e confiou-lhe um emprego em sua firma. Passou a ser aceito por essa família entrosando-se muito bem com Dona Ester e seus filhos.

Trabalhou ainda em Moraes S/A ,Corinto Trindade,Pedro Machado,Tote Narciso, Junta Comercial e SENAC.

Mas, como jovem de visão procurava sempre mudar para algo que lhe desse mais garantias. Passou, também, pela Prefeitura , como Assessor de Comunicação e depois fez concurso para o INSS como Agente Administrativo,onde permaneceu.

Sua grande inclinação e dedicação profissional foi na área de Comunicação como jornalista, usando a imprensa e o rádio.Foi um comunicador por excelência!

Trabalhou na Rádio Educadora com o programa :” Porque hoje é sábado “ .Programa esse que repetia na Rádio Câmara ,da Câmara Municipal de Parnaíba.

Escrevia para jornais locais como a Folha do Litoral tendo exercido também a função de Redator e Superintendente da Gráfica Folha do Litoral.Através de suas crônicas sociais na “Coluna Carnet Social” tornou-se o primeiro e mais badalado Cronista Social de nossa cidade de Parnaíba.Vivia sempre em contatos com cronistas e jornalistas da Capital e dos municípios circunvizinhos.

Além de excelente comunicador era ,também,grande animador social . Todas as datas comemorativas era motivo para grandes festas. Sabia dar vida e um toque especial aos ambientes dos Clubes Sociais e de Familia.Ele comandava sempre as tertúlias, domingueiras e festas do Casino 24 de Janeiro, AABB,IGARA Clube. Organizava festas de aniversários, 15 anos,Bodas de Prata e Ouro, Colações de Grau, Batizados e 1ª Comunhão.

Sabia explorar a vaidade e a beleza feminina usando e buscando introduzir a moda através de desfiles e concursos.Foi o grande incentivador das eleições de Miss e de Rainha.

Sabia valorizar as pessoas e criar meios de elevar sua auto estima criando sempre instrumentos para homenagear e elogiar, pessoa ou grupos,com distribuição de títulos, organização de festas com os 10 mais, ou escolha de Personalidades Destaque do Ano. Foi o idealizador da Semana da Imprensa, ele que passou mais de meio século de jornalismo.

Fez história, também, na literatura parnaibana e escreveu:

“Parnaiba De Ontem e de Hoje”;

“ A volta de Chagas Rodrigues”.;

“Conheça Buriti dos Lopes”;

”Rádio Educadora de Parnaíba, 47 anos de Pioneirismo”; “Parnaíba tem memória “;

“Pedro Alelaf, uma lição de vida”.

Entrou para a Academia Parnaibana de Letras- APAL sendo ocupante da cadeira Nº 35 que tem por Patrono Dom Paullo Hipólito de Souza Libório e ocupou o cargo de secretário por muitos anos.

Foi o confrade Rubem que me motivou a minha entrada também, na APAL. Rendo aqui minha eterna gratidão.

Rubem gostava de homenagear, mas foi também homenageado. Recebeu diplomas: Amigos da Marinha. Mérito Legislativo Municipal e Ordem do Mérito Renascença.

Antes de falecer recebeu homenagem do SESC colocando um Espaço de Leitura, próximo a Biblioteca em sua homenagem.

Faleceu em 14/11/2013, em Parnaíba-Piaui , terra que muito amou e viveu 66 anos, mais de meio séculos e sendo sepultado no Cemitério da Igualdade.

Depois de sua morte a família doou seus pertences e alguns livros de sua biblioteca particular à Fundação Raul Bacelar em respeito à amizade que existia entre o falecido e o responsável por essa instituição, o advogado Renato Bacelar. Juntamente com outros amigos de Rubens Freitas, Renato criou um Memorial que deve ser transferido para o Centro Cultural Reis Veloso em construção no prédio do Colégio União Caixeral, local onde Rubem Freitas estudou.

Meus Senhores e minhas Senhoras!

Essa é a história de Rubem que foi reconhecidamente especial em saber lidar com o mundo social. Fez bom uso dos seus talentos próprios, dons dado por Deus, seu tom de voz,sua maneira de ser e tratar os outros , sua habilidade no narrar os acontecimentos lhe permitindo ganhar dignamente o necessário para viver e manter amigos.

Assim, enaltecendo, hoje e sempre, a figura de meu Patrono Rubem Freitas damos nós os acadêmicos da ALSERC real testemunho da imortalidade, pois acreditamos que suas obras ficaram aqui entre nós e continuarão a ser perpetuadas por gerações sem fim.

Diz Dom Helder Câmara: ”O importante não é fazer o impossível para parar o tempo, mas aproveitar o tempo para transformá-lo em eternidade!”

E finalizo repetindo como Rubem terminou seu discurso na entrada da APAL: “ quando chegar a hora de fazer aquela viagem definitiva, sem retorno, que todos nós temos de fazer, eu faço como o grande amigo e membro dessa casa, o grande poeta Oliveira Neto que disse em seu livro DESPEDIDA:

“ Vivi de amor e beleza

De alegria e singeleza

Para Deus e para o povo.

E a vida me foi tão bela

E eu gostei tanto dela

Que queria voltar de novo!”

Rubem foi, finalmente, um vencedor!

Muito obrigada Senhora e Senhores!

Teresina,07 de junho de 2014

yedamsm
Enviado por yedamsm em 21/06/2014
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