Antítese

Agora sou um marciano, daqui a pouco eu sou da terra, num dia eu sou a paz no outro eu sou a guerra. Num momento sou só alegria, no outro sou a tristeza, eu posso ser o que é feio e também posso ser a beleza. Hoje sou a polícia, amanhã serei o ladrão, num dia serei impiedoso, no outro serei só compaixão. Se quiser sou a mentira, mas posso ser a verdade, se quiser sou um plebeu, mas posso ser a majestade. Eu posso ser a prisão e posso ser a liberdade, posso ser um deserto e posso ser a cidade. Eu posso ser o passado, também posso ser o presente, eu posso estar triste, mas logo posso estar contente. Eu sou o azar e sou a sorte, sou a vida e sou a morte. Sou o céu e sou o inferno, sou o que logo se acaba e sou o que é eterno. Posso ser o frio e o calor, ser o ódio e ser o amor. Se quiser sou um sonho, sou pura ilusão, mas posso ser a dura realidade que dói no coração. Sou o mendigo e o milionário, sou a fortuna e o mínimo salário, sou o branco da paz e o preto do luto, sou o leigo e sou o culto, sou quem vive na mansão ou embaixo do viaduto. Sou a esquina da esquina da encruzilhada, sou tudo e não sou nada. Sou o padre e o pagão, sou judeu e sou cristão, sou a luz e a escuridão, sou o sim e sou o não, sou o caminho certo e a contra mão. É, eu sou assim, uma verdadeira antítese, este é o meu jeito, sou isto e sou aquilo, mas só não sou perfeito

Zéca Filho
Enviado por Zéca Filho em 07/04/2014
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