Quantos Brasis moram dentro de mim?
Alegria. Samba no pé. Esperança. Brilho. Energia. Sangue. Raça. Mistura. Calor. Riqueza. Miséria. Fome. Injustiça. Brigas. Violência. Absurdos. Brasil.
Um único país, tantas características. Sou feliz por fazer parte desse todo.
Casebres. Cortiços. Arranha-céus. Mansões. Um Brasil de contradições. Pobre, desorganizado em quase todos os setores, mas rico de cultura, de beleza, de natureza, de mistura, de raça, de vontade. Rico na língua, nas variedades de cor, idade, sexo, trabalho, vivência. Rico de espírito e de calor.
Pobre. Quando vemos mortes, drogas, miséria. Quando, enquanto, de um lado, brincamos de roda; do outro, brincam com a vida do outro. Risco de vida ou de morte? Não sabemos, mas morreu.
O que, muitas vezes, pode não morrer é a garra e a esperança de um povo ainda colonizado e que vive preso ao passado. A pior prisão é a psicológica. Aquilo que colocam na nossa mente e achamos ser o certo, sem saber, na verdade, qual a verdadeira certeza.
Brasil do meu negro, do branco, do índio, do amarelo, do mestiço, da mistura. Atire a primeira pedra quem disser que é puro. Sou feita de uma mistura de tantas pessoas, e de mim mesma.
Brasil, meu bom e velho Brasil. Um país de tantas histórias e estórias, de tantas vivências e experiências, de tantas alegrias e decepções, de tantas verdades e mentiras, de tantas literaturas e ciências, de tantas vírgulas e reticências... Há quem sinta vergonha, eu não tenho a mínima. Moderno ou tradicional; sei que vive e pulsa, feito meu coração verde-amarelo.
Há um pouco de mim e muito desse mundão que chamam de Brasil.
27/04/07