Transcrição do Discurso no Lançamento do Livro "Ainda O Amanhecer"

Ilustre professor Mercemiro Oliveira Silva, quem me honrou ao fazer a revisão desta obra. Pessoa de um saber refinado, um dos baluartes da Língua Portuguesa em Divinópolis. Ilustre Jornalista e Escritor Augusto Ambrósio Fidélis, que prefaciou este livro. Homem de uma sensibilidade literária e uma pureza de espírito que transparece em suas obras. Escritores e poetas aqui presente, membros da Academia Divinopolitana de Letras, Senhoras e Senhores:

Nas Reflexões deste livro coloquei um pensamento do filósofo Jean Jacques Rousseau, no original, da forma como ele se expressou. Nele o filósofo suíço expõe que:

"A primeira linguagem do homem. A linguagem mais universal e a mais enérgica. Aquela que surgiu antes de persuadir os homens em assembléia. É o grito da natureza."

Para mim é a linguagem mais eficaz e duradoura. E considero a poesia pertencente a esta linguagem. Ela não tem interesse e muito menos o propósito em persuadir, convencer, seduzir ou cativar. Existe simplesmente.

Estava eu nesta biblioteca no final tarde de terça-feira desta semana, quando encontrei-me com o poeta João Carlos Ramos e travamos um diálogo sobre a poética e a poesia e nele, Ramos me disse que a poesia é a última linguagem da humanidade antes dela partir para outra dimensão.

Aqui o pensamento do filósofo suíço e do poeta divinopolitano completaram em mim a ideia deste gênero literário tão maravilhoso que é a poesia. É o grito da natureza, a primeira e a última linguagem do homem.

As palavras que emprego neste “Ainda o Amanhecer” gritam a vida, o ser humano, o tempo que o transporta. Desenho a busca deste ser, que embora, nasce e vive repleto de alegorias, vaidades e ambições, caminha em direção de si mesmo. A eterna busca que ultrapassa os meandros de nossa consciência.

Mas por que "Ainda O Amanhecer" ?

Para mim não existe coisa mais bela que as manhãs. Seja no aspecto geográfico ou no amanhecer de nossas vidas. Penso eu que lá no início dos tempos o homem nasceu numa manhã, depois dos pássaros, porque estes vieram cantar para ele.

Quando era criança, na Fazenda Lagoa Redonda, gostava de dormir no quarto da sala. Ele não era forrado. Quando começava a barra do dia dava para ver o clarão entre as frestas do telhado. Ouvia o barulho das botas de meu pai no assoalho. E quando começava os primeiros raios de sol, corria até o alpendre da cozinha para ouvir o brilho dos estrelinhas cantando nas laranjeiras. Corria até o alpendre da sala delirava com o canto da seriema, do sabiá, do bem-te-vi e o mugir do gado.

Dali ia para a cozinha onde encontrava minha mãe coando café e fazendo biscoitos fritos de polvilho. Sentava à mesa e perguntava: Mãe! por que os homens não fazem como os pássaros que cantam a beleza das manhãs? Ela olhava-me afetuosamente e abria aquele sorriso de mãe que se misturava com o nascer do sol, e respondia: É Meu filho! Tô achando que você não vai ser médico não!

Para fechar, escolhi para vocês dois poemas do livro que inspiraram o título. O primeiro "Um dia nessa vida" transcende meu coração. Fala que nossa vida é um dia, pois acredito que para Deus o passado e o futuro é o presente. O segundo poema, "Um dia na Fazenda Lagoa Redonda, fala da eternidade que aqueles dias foram para mim.

Marco Antônio Pinto

Verão de 2014.

Marco Antônio Pinto
Enviado por Marco Antônio Pinto em 23/02/2014
Reeditado em 15/04/2015
Código do texto: T4703298
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